Dia desses fiquei sabendo um pouco da história de um rapaz que trabalha eventualmente numa empresa conhecida minha. Neste local prestam serviço os chamados, popularmente, “peões”, pessoas que desenvolvem um trabalho predominantemente braçal.

Quando estava por lá tinha observado a letra de *Cleonildo, ela se destacava das demais assinaturas. A grande maioria dos funcionários era analfabeta ou semi anafalbeta.

Certo dia ao falar com uma pessoa que o conhecia explicou-me sobre sua situação. Cleonildo mora em um bairro nobre de Fortaleza, “trabalha porque quer”, afirmou o homem fazendo referência às boas condições da família do rapaz.

Ele fora menino de rua e resgatado por esta família. “Mais ele se acostumou a isso” prosseguiu a pessoa com quem conversava. “Era para ele ser um homem na vida”, disparou.

Fiquei a pensar o quanto podemos nos deixar determinar pelo nosso passado. Mantemos certa lealdade a fatos, acontecimentos e condições próprias da época pueril. Crescemos e não nos livramos de maus hábitos, algumas mentalidades, enfim.

Cleonildo não é mais um morador de rua, mas seu comportamento parece está atrelado a essa condição e o pior, impede dele crescer humanamente. Ele já rejeitou tratamento dentário, melhores empregos e ascenção nos estudos foram o que consegui entender da conversa.

Assim como Cleonildo temos nossos fardos dos quais não queremos nos desvencilhar. Faz-se importante identificar esses pesos e dele nos desapropriarmos para que possamos caminhar fluidamente e assim cumprir melhor o projeto de Deus em nossas vidas.

* Nome imaginário.

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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