O mundo vive sob a hegemonia do capitalismo, como filhos de nosso tempo também estamos a  mercê desse sistema que dita as regras no mercado. Acontece que a influência do capitalismo não está circunscrita apenas ao âmbito financeiro e econômico.

As relações humanas são afetadas pela ideologia capitalista, sobretudo no trabalho. Converte-se em  ponto principal vencer, ganhar, lucrar, se dar bem sem se importar com os meios empregados para se chegar a esse fim.

Corremos o risco iminente de transferir para Deus esse modo de relacionar-se. O Divino torna-se, segundo nosso querer, mais um meio para satisfazer  nossos desejos. Como se estivéssemos diante de um comerciante queremos barganhar favores, coisas, curas, enfim.

Mais Deus não é capitalista.

Ele não se relaciona conosco pelo que podemos lhe dar em troca. Ele sabe quem de fato nós somos, ao contrário, desconhecemos a gratuidade que flui de seu amor. E afinal, não existe nada que possamos dar a Deus que tenha valor em si só.

Os dias passam, as gerações se sucedem mais Deus é o mesmo. Nossa compreensão acerca Dele e da manifestação de seu amor é que muda. Amar a Deus pensando apenas no que Ele pode nos dar materialmente é um ato medíocre.

Na Televisão é comum  testemunhais de pessoas ligadas à teologia da prosperidade medirem o amor de Deus por elas pela quantidade e marca de carro que possui; porte da empresa; conta bancária.

É um verdadeiro absurdo essa mentalidade. E, então quando estas pessoas se deparam com o sofrimento, condição inerente ao ser humano, o que acontece¿ Algumas perdem a fé. Na verdade nunca a tiveram.

Deus está para além do que Ele pode nos dar, muito embora seja o seu desejo que todos tenhamos as condições necessárias para uma sobrevivência digna e, se isso não acontece deve-se ao fato de nosso egoísmo barrar o dom de Deus que é derramado para todos, sem acepção de pessoas.

Deus não é capitalista. Deus é Amor! E dizia santa Teresinha do Menino Jesus que o amor não sabe calcular. Isso para dizer sobre a gratuidade das relações de Deus. Não nos enganemos com as falsas e ilusórias promessas que pregam uma vida sem sofrimento, isso não existe, é utópico.

Desbancar a teologia da prosperidade pela  teologia da gratuidade, isso sim é empreender um caminho seguro no relacionamento com Deus. Deus não muda, Ele é sempre o mesmo. Deus é amor. Deus não é capitalista.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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