Numas dessas tardes quentes de Fotaleza presenciei uma ação louvável, digna de imitação. Sentado ao longe observava um flanelinha que estava a exercer o ofício. Numa segunda olhada percebi que ele não tinha um das pernas.
Entre um carro e outro vi passar correndo um outro guardador de carros. Trazia seu material de trabalho enrolado ao pescoço, um pouco molhada. Aproximou-se do colega deficiente.
Algo distraio-me até novamente minha atenção voltar-se para a dupla. O flanilha mais moço passa por mim uma vez mais… desta vez com o colega deficiente às costas. Um gesto eloquente que me questionou.
O amor não é reserva das pessoas limpas, educadas e estáveis como preconceituosamente se pode pensar. Ele não tem fronteiras e aqueles que temos por mais simples nos dão verdadeiras lições.
Que lição? Essa sua reflexão é obvia… e chega a ser preconceituosa.