Entre as incalculáveis perdas causadas pelo terremoto no Haiti listamos com dor a morte da Dra. Zilda Arns, médica pediatra, sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança. A médica estava no Haiti desde domingo(10). Faria palestra na Conferência Nacional de Religiosos do Caribe, teria encontro com o bispo de Porto Príncipe e ontem se encontraria com representantes da Pastoral. A primeira ação de Zilda na Pastoral foi no ano de 1983, em Florestópolis, Arquidiocese de Londrina, no Estado do Paraná. Em um ano, a mortalidade infantil naquele município caiu de 127 para 28 crianças em cada mil nascidas vivas. Hoje a Pastoral da Criança conta com 260 mil voluntários espalhados em todo o Brasil e atende cerca de 1,8 milhão de crianças. A iniciativa se espalhou rapidamente e não demorou a repercutir internacionalmente.

A bandeira de luto é hasteada, lamentamos a morte de Zilda, mulher forte e corajosa, mas também nos enchemos de esperança, a mesma que moveu seu coração a entregar sua vida em favor do próximo. O legado da médica pediatra ficará para gerações futuras. O bem gerado por sua doação de vida em missão é incontestável. Exalou o perfume do evangelho, acolheu Cristo em cada pequenino que atendeu pessoalmente e através da Pastoral.

Pela fé cristã testemunhada por Zilda acreditamos que sua morte é uma páscoa (passagem) para a vida eterna. Plantada nesta terra de santa cruz, deu bons e numerosos frutos, tornou-se um exemplo a ser seguido neste mundo marcado pelo egoísmo, relativismo e hedonismo. Desbravou um caminho que possibilitou reduzir a mortalidade infantil, literalmente deu a vida a quem estava às portas da morte. Em sua permanência entre nós fez discípulos, pessoas que continuarão a zelar pela vida e, assim, tornar viva sua memória

Texto publicado,hoje, 14, na editoria Opinião do jornal O Povo

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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