Existem três níveis de identidade com os quais tendemos a pautar nossa personalidade ou moldar nossos relacionamentos com os demais. São eles: nível corporal, psíquico e ontológico.
O primeiro é o mais superficial. Quando nos enquadramos nele nos definimos como pessoa a partir do nosso corpo. As relações são estabelecidas somente com pessoas pré julgadas por nós como belas, sadias, enfim. Nosso olhar não consegue ir além. O que é pobre, simples e humilde apresenta-se como algo desprovido de valor, o que não é verdade.
No segundo nível a identificação é com aquilo que fazemos, produzimos. Uma pessoa pode achar que ela é o seu trabalho ou a sua marca. Os artistas correm bastante este risco, mas não são os únicos. Um esmolé pode muito bem, por engano, achar que a sua essência é ser um pedinte.
O nível ontológico é o mais profundo, o mais difícil de se chegar. Como um bom tesouro escondido no fundo do mar, quem deseja encontrá-lo precisa enfrentar a força do empuxo.
O que nos define no nível ontológico não é a aparência ou ainda o que fazemos. Independente de sermos ricos ou pobres, belos ou feios, desta ou daquela profissão existe algo que confere a dignidade.
Por estarmos propensos às falahas costumeiramente estaremos saltando de um nível a outro. No entanto, não podemos esquecer que o ontológico é aquele que nos enquadra como pessoas dignas de respeito, simplesmente por este fato.