O papa Bento XVI é uma daquelas personalidades que surgem na Igreja Católica com o desejo de mais obedecer a voz de Deus à dos homens. Sua última decisão foi a ordem de fechar um mosteiro cistercience em Roma, diga-se de passagem, um dos mais famosos, o monastério da basílica da santa cruz.

O fato mancheteou em sua grande maioria nas editorias dedicadas às notícias bizarras do tipo “encontrada cobra gigante na garagem” ou “menino se torna famoso na internet por tirar meleca do nariz”. A intriga de boa parte dos veículos de comunicação com o pontifíce romano vem de longa data, ainda de seu tempo como  prefeito na congregação para a doutrina da fé, mas isto é assunto para um outro artigo. 

O motivo do fechamento do mosteiro não foi apenas a dança desenvolta de uma freira ex-dançarina erótica num ritual religioso,mas uma série de irregularidades litúrgicas, financeiras e morais.

Aos olhos humanos o monastério ia muito bem, obrigado.  O abade Simone Fioraso havia restaurado a residência, transformado-o em hotel requisitado até por celebridades. Na época do Sínodo da palavra de Deus, ocasião em que reuniu bispos de todo o mundo em Roma o abade promoveu uma maratona de leitura bíblica transmitida pela televisão estatal da Itália . Sua aborgadem – diríamos – pouco convencional da bíblia, atraía muitas personalidades da política e cultura pop.

O jornalista John L. Allen Jr. da National Catholic Reporter entende a decisão do bispo de Roma como parte de uma silenciosa revolução referente a uma reforma clerical e cultural que tem como ponto de partida, Roma.  Sua santidade não se deixa levar pela fama e estrelato do prelado se este não cumpre com seus deveres  e se, pior, espalha o que ele chama de “sujeira” na Igreja.

Este é o real significado do fechamento do mosteiro. Não o fato da freira bailarina como quer emplacar a mídia numa linguagem de desdém e piada. Vale lembrar que há mais de cinco séculos o local era habitado e gerenciado pelos cisterciences. De fato, houve irregularidades em diversos aspectos e com nenhuma delas é conivente o santo padre.

O bem sucedido mosteiro não resistiu a uma visitação apostólica, a grosso modo seria uma espécie de auditoria. A medida após o resultado da visita  foi a supressão do monastério . Fato semelhante aconteceu com os padres Gino Burresi, fundador das Servas do Coração Imaculado de Maria; Marcial Maciel Degollado, fundador dos Legionários de Cristo;Lelio Cantini, de florença; Fernando Karadima, do Chile, afastados de suas funções por Bento XVI.  Eram todos padres reconhecidos pela dinamicidade de suas fundações e atuação. Contudo, centravam-se neles acusaçõe de má conduta e abuso sexual.

Bento XVI age como pastor que corrige, que livra o rebanho dos maus pastores. Não se preocupa em ser entendido, quer antes, salvaguardar a instituição fundada pelo própio Cristo e confiada aos auspícios dos apóstolos sob o primado de Pedro.  

Deste  modo, o homem de aparência franzina, sorriso tímido e personalidade contida  promove uma das maiores revoluções que já foi vista na  Igrea Católica.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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