A campanha de uma empresa italiana estampou uma fotomontagem do papa Bento XVI beijando na boca um líder religioso egípcio e foi colocada às portas do Castelo de Santo Ângelo, em Roma, numa visível atitude de provocação ao papa e aos milhões de seguidores da fé católica.
A empresa retirou a peça e disse em nota que lamentava ter “ofendido os sentimentos dos fiéis”. Ora, a empresa agiu com premeditação. Nenhuma campanha publicitária é lançada sem prévio estudo e pesquisa, ainda mais a de um grande grupo como a Benetton.
A campanha foi arquitetada para gerar polêmica e agredir gratuitamente o papa Bento XVI que incomoda não poucas pessoas e instituições afeitas ao relativismo moral deste século. O pontífice é alvo recorrente de campanhas desrespeitosas e com ele a Igreja Católica.
Em 1990, a mesma empresa publicou uma fotomontagem com uma freira beijando um padre. Neste ano, na Jornada Mundial da Juventude, em Madrid, um grupo de gay promoveu um beijaço coletivo quando o religioso passeava no papamóvel entre os fieis próximo à praça de Sibeles.
Aos discípulos, certa vez disse Jesus aos orientá-los sobre como proceder no anúncio da Paz: “Mas quando entrarem numa cidade e não forem bem recebidos, saiam por suas ruas e digam:‘Até o pó da sua cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vocês”.
É tão verdadeira a misericórdia divina quanto a sua justiça. São Paulo ainda alerta, “de Deus não se zomba”. Se colhemos o que plantamos, a Benetton atrai para si com largueza a maldição por disseminar o ódio de forma ignominiosa e recorrente. Ainda veste-se de cordeiro e tem o desatino de dizer que a campanha fora criada para extirpar qualquer tipo de ódio. Pura falácia, mentira lavada.
A empresa apenas quis chamar a atenção para si a partir da agressão gratuita ao líder máximo da Igreja Católica e disparar na internet uma montagem – que sabiam – não poderá mais ser retirada. Que eles colham o fruto de sua ação inconsequente e estruturada para denegrir Bento XVI.
Se fizessem montagens com as mesmas personalidades de mãos dadas seria mais produtivo. Todos os acordos internacionais são selados com um aperto de mão, não com um beijo e isso significa respeitar a cultura de cada país. Como diria Gandhi, não me chamem para um discurso contra a guerra, me chamem para um discurso pela paz. Então não façam propagandas contra o ódio gerando polêmicas. Gerem reflexões.
Tem que respeitar religião cisa nenhuma. Tem que acabar com essa história de que, todas vezes que apontamos a misoginia, a homofobia, os estupros de crianças, a guerra anticiência, os séculos de lambança obscurantista, sempre aparece alguém para dizer “ah, tem que respeitar minha religião”. Ideias não foram feitas para serem “respeitadas”. Ideias foram feitas para serem debatidas, questionadas, copiadas, circuladas, disseminadas, combatidas e defendidas, parodiadas e criticadas. De preferência com argumentos. Seres humanos merecem respeito. Pregação contra o que seres humanos são, por sua própria essência e identidade (gênero, raça, orientação sexual) não pode ser confundida com sátira antirreligiosa. A maioria dos carolas adora confundir sátira antirreligiosa com ataque misógino ou homofóbico. Não entendem que sua superstição é, essa sim, uma opção.
Bosco, vá se reconciliar com sua história, vá.