A abertura de processo por crime de responsabilidade contra o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi requerida nesta quarta-feira (11) por parlamentares das bancadas evangélica e católica do Congresso Nacional ao presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP). Os deputados alegam que o ministro teria emitido juízo de valor em entrevistas aoSBT e à revista Veja, em 2008, sobre o aborto de fetos anencéfalos e, com isso, supostamente ter antecipado seu voto no julgamento feito pela corte nesta quarta.
Marco Aurélio é o relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº. 54, que definirá se grávidas de fetos anencéfalos podem abortar sem que a prática configure um crime. Seu voto no processo é favorável.
Os parlamentares pedem que o Senado instale uma comissão para julgar o ministro. Segundo eles, ao emitir opinião sobre o teor do julgamento, Marco Aurélio teria contrariado o artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que proíbe aos juízes “manifestar, por qualquer meiode comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem”.
– O relator do processo de hoje já se declarou antes da hora. Isso é quebra de decoro – disse odeputado federal Eros Biondini (PTB-MG), um dos coordenadores da bancada católica no Congresso.
Em nome da bancada evangélica, o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) disse temer que, caso a decisão seja favorável ao aborto de anencéfalos, seja aberto caminho para a legalização do aborto.
– O que está sendo colocado aqui em pauta é a abertura para que seja apoiado o assassinato em massa de crianças em nosso país. Queremos pedir que o Senado aprecie o documento porque queremos o impeachment do Ministro Marco Aurélio – disse o deputado.
Conforme o artigo 52 da Constituição Federal, é competência privativa do Senado Federal processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal. Cabe ao presidente da Casa a faculdade de acatar ou rejeitar a denúncia.
De acordo com o Regimento Interno do Senado, se for acatada a abertura do processo, uma comissão, constituída por um quarto da composição do Senado, obedecida a proporcionalidadedas representações partidárias ou dos blocos parlamentares, ficará responsável pelo processo.
Fonte: Agência Senado
Sou contra o aborto do feto anencéfalo, mas não acredito que pedir a exoneração do ministro Marco Aurélio seja algo viável, sob pena de se instaurar grande insegurança jurídica em nosso país, já que sempre que a decisão de um ministro desagradar parte dos parlamentares, será posto em risco seu cargo. Acredito que uma declaração dada em 2008 não pode ser considerada antecipação de um julgamento que só ocorre agora em 2012, passados 4 anos.
Além de tudo, o deputado que falou em “impeachment” deveria estudar um pouco mais antes de sair falando qualquer coisa por aí, pois essa expressão é dada ao processo de cassação de mandato do chefe do EXECUTIVO. Não se pode pleitear o impeachment de um ministro do STF!