“Abismo atrai abismo”, uma máxima bíblica indubitável. A humanidade regride em alguns aspectos e o pior, com a capa de progresso. Falo do suicídio assistido, uma evolução ou involução da eutanásia.

O médio estadunidense Jack Kevorkian ficou conhecido no mundo com a alcunha de Dr. morte. Ele inventou a máquina do suicídio e levou a cabo a vida de 130 pessoas. Quis deixar como legado – imaginem , só! – o suicídio assistido como direito a todos. Fundou uma instituição na Suiçã que inscreve pessoas ao custo de 15 mil reais para dar fim às suas vidas na hora em que quiserem.

E tudo é feito com um véu em capa de bondade e  compaixão ao enfermo, um modo lindo e seguro de por fim à existência humana, afirmam. Como em  toda cultura pró-morte a ideologia  vem envolvida de eufemismos, o que , infelizmente consegue ludibriar muitas pessoas, fazendo-as pagar pela própria morte. Mais uma vez surge um lobo em pele de cordeiro.

Enquanto se deveria fomentar o desejo pela vida, o verdadeiro respeito e compaixão aos enfermos em fase terminal querem implementar uma cultura de morte, de desesperança, cujo fim é o culto a uma vida intolerante ao sofrimento, como se fosse possível, pois todos sabemos, de uma forma ou outra, que o sofrimento é inerente à condição humana.

Uma revista de grande circulação nacional publicou matéria sobre o assunto. A linha editorial assumida na reportagem é no mínimo, tendenciosa. Optaram em , simplesmente, divulgar o depoimento de alguns brasileiros que se alistaram nesta clínica da morte, na Suiça. Onde está o jornalismo que apresenta os dois lados de uma questão, ainda mais delicado como esse. por que não mostraram pessoas que se inscreveram e se arrependeram? Onde estão relatadas as consequências negativas que isto pode ter para a sociedade? Por que não citaram que o suicídio é um caso de saúde pública na Europa? Querem simplesmente divulgar mais uma maneira de suicídio em nosso país? A reportagem, na verdade, mais parece um daqueles encartes pagos que se passa como matéria da revista.

Fiquei comovido com o relato de uma ex-atleta que está disposta a ir para a Suiça morrer pelas mãos de um profissional da morte. Ela sofrera um acidente, ficou paraplégica e inconformada com a situação de total dependência, embora tenha condições financeiras e familiares para viver com todas as limitações.

Suicídio caso de saúde pública

Desde a década de 90 a Organização Mundial de Saúde (OMS) trata o suicídio como um problema de saúde pública. No Brasil, a questão foi assumida como tal em dezembro de 2005, quando o então ministro da Saúde, Saraiva Felipe, assinou uma portaria instituindo o grupo de trabalho responsável pela elaboração de políticas nacionais de prevenção ao suicídio.

Até então o país considerava a orientação da OMS, mas não havia nenhuma ação que formalizasse isso, diz o coordenador das Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio, o psiquiatra Carlos Felipe Almeida.

“Embora a iniciativa tenha partido do ministério, foi feito um pacto nesse sentido entre as três esferas de governo: federal, estadual e municipal”, explica. “Quando um país traz para si a questão do suicídio como um problema de saúde pública, ele está avançando, porque está levando a discussão para o âmbito de toda a sociedade”, observa.

Segundo ele, dois fatores principais levaram a questão para a esfera da saúde pública: o aumento mundial da mortalidade por suicídio e o fato de o suicídio provocar danos sociais.

De acordo com a OMS, atualmente um milhão de pessoas se matam por ano no mundo. O coordenador do ministério ressalta que, embora a média sirva como parâmetro, ela não considera fatores importantes como faixa etária, etnias e diferenças regionais. “A média é um dado construído, que não mostra essas nuances. A média é brasileira é baixa em relação a outros países, mas o suicício acontece em todos os estados e regiões, entre homens e mulheres, em todas as classes sociais, entre jovens e idosos, negros e indígenas”.

Suicídio e Facebook 

O Facebook acaba de lançar um serviço para seus usuários que permitirá uma conexão instantânea com conselheiros caso sejam detectadas ideias suicidas.

O serviço, através do sistema de chat, é a ferramenta mais recente que a rede oferece para melhorar a segurança dos usuários. “Um dos objetivos é fazer com que a pessoa em risco receba a ajuda adequada tão logo que possível”, disse Fred Wolens, diretor de política pública da empresa.

Sites de busca como Google e Yahoo já oferecem uma espécie de prevenção ao suicídio. Quando uma pessoa nos Estados Unidos escreve “suicídio’ nos mecanismos de busca, os dois serviços fornecem o número de telefone da National Suicide Prevention Lifeline como primeiro resultado.

 

O Facebook também indica esse número de telefone por meio do email, além de estimular os amigos para que alertem a polícia sobre o perigo.

 

O novo serviço vai além ao permitir uma sessão instantânea de bate-papo que, segundo especialistas, pode fazer toda a diferença para alguém que precisa de ajuda.

“A ciência mostra que as pessoas têm menos ideias suicidas quando há uma intervenção rápida”, diz Lidia Bernik, diretora do projeto na Lifeline. “Temos escutado relatos de pessoas que dizem querer falar com alguém, mas que não querem fazer um telefonema. O envio de mensagens instantâneas é perfeito nesses casos”, diz.

Quando um amigo detecta pensamentos suicidas na página de alguém, pode informar a equipe da rede social clicando num ícone ao lado do comentário. O Facebook envia, então, um e-mail à pessoa que postou o comentário suicida, estimulando-a a fazer uma ligação ou a começar uma conversa online confidencial.

Com informações do Estadão e  IpcDigital

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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