Fiquei perplexo com a suposta movimentação para a retirada dos moradores de rua de Fortaleza antes, durante e um pouquinho depois da Copa do Mundo. Pior que a retirada, meramente cosmética, e o nome politicamente correto dado ao ato – absurdo – higienização.

Antes se deveria higienizar as mentes de quem propôs e quer levar à frente o despautério. Mais uma vez busca-se a solução fácil. Tal como acontece quando se passa   uma camada fina de asfalto efervescente na via esburacada , que à primeira chuva não resiste. A diferença  –  que para muitos parece pequena – é que a tal higienização diz respeito à retirada de pessoas.

Talvez se a tentativa fosse o mesmo procedimento com animais já teria surgido inúmeras instituições de preservação  levantando a bandeira contra. Ser humano está em baixa, pelo menos para a implementação de algumas  políticas públicas.

Morador de rua merece respeito. Bem melhor seria empreender esforços para retirá-los em definitivo desta condição subumana.

Reproduzo trecho da articulação de Saraiva Junior, auditor fiscal e membro do conselho de leitores do jornal O POVO, “O maior medo dos moradores de rua é a chegada da Copa do Mundo de Futebol ao País. Eles sabem que não podem aparecer por aí como o lixo da paisagem. Por falta de políticas públicas que lhes beneficiem, temem ser jogados para debaixo do tapete. Pois, quando começam a dizer que o número de moradores de rua é ínfimo, é bom ficar de orelha em pé”.

Texto na íntegra, aqui.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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