Quando durante algumas madrugadas conversei com jovens em points na cidade de Fortaleza uma informação chamava-me a atenção. A maioria dos adolescentes e adultos que se diziam satanistas ou simpatizantes de seitas agnósticas  , dark e ateus tinham, em tempos passados, ligação  de alguma forma com  denominações protestantes.

Teto da Catedral de Brasília

Foi-se construindo um quadro sobre o qual nunca desenvolvi uma pesquisa, mas sei que renderia ótimos estudos. Tanto que não fiquei surpreso quando no começo de outubro de 2012 uma pesquisa revelou a queda considerável de protestantes nos Estados Unidos e o crescimento, ao mesmo passo largo, de ateus e agnósticos. “Quando eles desistem da religião, ao invés de de mudarem de igreja, eles se juntam às fileiras crescentes que não se identificam com nenhuma religião. Quase 1 em cada 5 americanos, ou 19,6% , disseram que são ateus,agnósticos […]”, noticia o site Último Segundo.

No Brasil, o fenômeno não é muito diferente. Geralmente a pessoa nasce – nascia – e recebia os sacramentos da iniciação cristã na fé católica mas não aprofundavam a experiência com Deus. Então migravam para denominações protestantes, sobretudo, aquelas que prometiam o cancelamento do sofrimento e a prosperidade material, e de quebra, a “sorte” no amor. Como o resultado não saía conforme  o prometido e o esperado, o neo-pentecostal se via em nova aventura de se filiar a outra denominação protestante que por sua vez prometia o céu na terra com completa ausência de conflitos. Essa migração interna no protestantismo é muito comum, basta perguntar  a alguns filiados e logo constataremos.

Aliás, essa migração não se dar apenas entre as ovelhas. É muito comum entre os pastores desvencilharem-se de uma denominação para fundar a sua própria. Maiores exemplos no Brasil é Edir Macedo que fundou a Universal e tinha como braços fortes R.R. Soares e Valdemiro Santiago que posteriormente romperam e fundaram denominações com nomes sinôninos, Internacional da Graça de Deus e Mundial do Poder de Deus, respectivamente.

Leia também: Quem briga com quem nas denominações evangélicas

Entre os pastores existem também aqueles que migraram de um ramo a outro das seitas evangélicas e acabaram por se tornar   um ateu prático ou materialista. Encaixa-se como exemplo o fundador da Vinde – um sucesso na década de 90 – o reverendo

Santuário de Dom Bosco – Brasília

Caio Fábio, hoje, um cáustico crítico do Neo-protestantismo.

Outro desdobramento do agnosticismo que nasce no ambiente evangélico  é o, chamado por alguns teólogos e jornalistas de, “novo cristianismo”(?). Certamente você já ouviu falar dele, se não do conceito, pelo menos como funciona na prática. “Eu aceitei Jesus mas não sou de Igreja alguma”, “Religião é coisa entre mim e Deus”, “Igreja não salva, não sou filiado a nenhuma”.

Esta é uma postura das mais perigosas pois mitiga o ensinamento bíblico sobre a necessária vida em Comunidade. Reflete apenas o egoísmo de uma vivência centrada  na religiosidade individualista e mesquinha que renega a ordem, princípio também constitutivo do cristianismo.

A verdadeira experiência com Deus nos coloca irremediavelmente na dinâmica do amor e vivência em Comunidade. A Igreja é a esposa de Cristo como afirma o Apóstolo. Como desdenhá-la? Assim como Maria, não podemos dizer que a Igreja é tal qual um acidente bíblico, uma coisa qualquer. É de suma importância, não fosse, nem estaria no Livro Sagrado.

É preciso  redescobrir as Sagradas Escrituras, o que, infelizmente, não é observado por muitos evangélicos.

Claro, existem os evangélicos que busca a equilibrada vivência da fé em comunidade e reconhece a igreja como um dom, nem que a principio seja apenas a sua denominação. Já é um passo para uma posterior descoberta da Igreja que foi fundada por Cristo e confiada a tutela de Pedro e seus sucessores como vigário de Cristo nesta terra.

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

View All Articles