papa200O ANCORADOURO continua com uma série de postagens sobre a Igreja e os casos de abusos sexuais, mostrando o outro dos fatos, geralmente não divulgados pela grande imprensa. O primeiro artigo foi “Saiba como começou a onda de denúncias de pedofilia na Igreja“.

Neste próximo, o blog apresenta a postura de tolerância zero de Bento XVI desde os tempos de cardeal à frente da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé nos casos de pedofilia e imoralidade cometido por membros da Igreja.

O texto é de  Dom Henrique  Soares da Costa, Bispo Titular de Acúfica e Auxiliar de Aracaju, originalmente publicado em seu site.

 

A linha do papa

É preciso ter presente que desde que era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé a linha do Cardeal Ratzinger nos casos de pedofilia ou imoralidade do clero em geral sempre foi a de tolerância zero: o padre deveria ser demitido do estado clerical! Mas, aqui há um detalhe que muitas vezes as pessoas não recordam: na Igreja existe o Direito Canônico, com suas regras e suas punições.

É preciso segui-lo: nenhum cardeal está acima do Direito. Todos estes casos de pedofilia, do ponto de vista da Igreja, têm que ser levados adiante de acordo com as normas do Direito e não na arbitrariedade, caso contrário, entraríamos na injustiça, no arbítrio e na anarquia: bastava uma denúncia sem prova nem fundamento e lá se vai à caça às bruxas! Isto, a Igreja não fará nunca!

bentoxviNo entanto, foi por influência de Ratzinger que João Paulo II simplificou o processo para punir os padres pedófilos e o Cardeal nunca perdeu tempo em puni-los! O caso de pedofilia no clero dos EUA explodiu em 2002 e foi então que ficou estabelecida a linha da Tolerância zero.

Um exemplo claro da postura de Ratzinger foi o caso do Pe. Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo. Durante o pontificado de João Paulo II havia um processo contra o padre e o Cardeal Ratzinger teve enorme dificuldade de levá-lo adiante, pois alguns cardeais influentes na Cúria não admitiam que o Pe. Maciel fosse culpado.

Pensavam que se tratavam de calúnias contra os Legionários, que ainda hoje têm poderosos inimigos dentro e fora da Igreja. Ratzinger, ao contrário, queria o caso investigado a fundo e até o fim, com todas as conseqüências! Assim que foi eleito Papa, Bento XVI mandou desarquivar o processo e puniu o Padre: proibiu-o de aparecer em público, de exercer o sacerdócio publicamente e o confinou numa das casas dos legionários, ordenando que até o fim da vida ele se dedicasse à penitência e ao arrependimento e não mais tivesse nenhuma influência sobre os legionários. E o padre já tinha mais de oitenta anos.

Ainda no ano passado determinou uma visita apostólica aos legionários para extirpar qualquer resquício das más ações do Padre Marcial… É importante ainda lembrar que Ratzinger foi o primeiro Papa a falar publicamente dos casos de pedofilia, a pedir desculpas em nome da Igreja e a querer encontrar pessoalmente as vítimas de abuso! Mais ainda: obrigou a todos os Bispos que não enfrentaram essa questão de modo apropriado a renunciar. Só na Irlanda foram cinco! Sua posição é clara: não há lugar para padres pedófilos na Igreja! Sua determinação aos Bispos é transparente: devem ser demitidos do estado clerical. Portanto, nosso Papa é um homem íntegro, claro e decidido no seu modo de proceder.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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