Imagem dos personagens entre chamas e os dizeres em letras garrafais “Netflix e a maior blasfêmia do século”  iniciam o vídeo do Sheik iraniano Qodi sobre o especial de Natal, gravado pelo grupo humorístico brasileiro Porta dos Fundos.

Abertura do vídeo do Sheik Iraniano contra o Vídeo do porta dos Fundos.

O jornalista Leonardo Coutinho avalia o posicionamento do líder Muçulmano como “algo preocupante e potencialmente perigoso”. “Qomi ressalta que a violência não deve ser aplicada contra o Porta dos Fundos. Fala em ações ‘racionais’. Mas sugere como exemplo a fatwa (decreto religioso) que o aiatolá Khomeini contra  Salman Rushdie. 

O caso aconteceu no final da década de 80 quando o escritor britânico  Rushdie recebeu a sentença de morte do aitolá devido ao livro “Versos Satânicos”. O escritor foi acusado de ridicularizar O Corão e Maomé. Por meio  deste decreto,  o imã pediu que “todos os muçulmanos zelosos” tentassem matar o autor do livro, extingui a  editora e “aqueles que conhecem o conteúdo” do romance, “de forma que ninguém possa insultar as santidades islâmicas”. Uma recompensa alta foi oferecida pela cabeça do escritor na ocasião.

Vídeo do Sheik Qomi no Youtube sobre o assunto tem mais de 43 minutos.

O Sheik  explica no vídeo que no Irã, ofensas contra os profetas são classificadas  como blasfêmia, um  crime que prescreve penalidades como a fatha. Quomi relembra que após o episódio de Rushdie, ninguém mais se atreveu a escrever contra o profeta Maomé. O líder considerou esse fato de extrema violência como exemplo.

Qomi orienta que os muçulmanos reajam ao filme do Porta dos Fundos. “Amamos o santíssimo Jesus de todo coração. Amamos a ele, amamos à Santíssima Virgem Maria. Por isso não admitimos que alguém venha a faltar com respeito a essas pessoas tão importantes. Não permitimos que alguém insulte, blasfemem ou difamem estas pessoas santas”.

Coutinho descreve para seus seguidores quem é o iraniano em questão. “Minhas fontes explicam que Qomi é o sucessor de Rabbani no comando da expansão das operações ‘culturais e religiosas’ do Irã na América Latina”.  Mohsen Rabbani é pai da esposa de Qomi, que é acusado de ser o arquiteto dos atentados contra a sede da AMIA [ Associação Mutual Israelita Argentina], em 1994, com um saldo de 85 mortos. 

O líder muçulmano fala no vídeo que é preciso uma reação inteligente, não violenta e não emocional. Também se deve evitar a indiferença, para não cair no perigo  “perder a sensibilidade da fé”. “Não vamos insultar, não vamos atacar, para que os protagonistas deste filme não se  sintam oprimidos e saiam como heróis. Não, não, isso, não”.

Qomi acredita que cristãos e muçulmanos devem se unir a partir do amor que têm a Jesus. O segundo passo segundo o líder é tomar medidas legais de acordo com as leis do país. O cancelamento da Netflix também foi orientado pelo líder como uma atitude concreta para os crentes. 

 

Voltando à preocupação de Coutinho. “Qomi passou a substituir o sogro Rabbani, por causas das limitações que ele passou a ter depois que seu nome entrou na lista de procurados da Interpol.  A foto abaixo foi tirada há mais de uma década. Rabbani e Qomi estão cercados de alunos latino-americanos. Todos marcados são brasileiros. O curso foi descoberto em 2011. Alunos recrutados em centros islâmicos e formados na cidade sagrada de Qom. Acompanho vários deles. Não podem ser chamados de moderados”. 

Ao centro (quadro negro) está Rabbani. Ao fundo, de turbante, está Qomi”.

Leonardo Coutinho finaliza explicando que “ninguém deve festejar o extremismo. O fato de Qomi ser genro de Rabbani não o torna um terrorista. Mas, ele convive com um. Com vários. Este é o perigo. Ele não pregou abertamente a violência contra o Porta dos Fundos, mas é um termômetro de um sentimento potencialmente letal”. 

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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