Para Rita Maria da Silva, 49 anos, conhecida no Cafundó como ‘’RITA DO PIROCA’’, roupa suja não se lava em casa. Com a estiagem prolongada, e consequentemente sem água nos pequenos poços do Sertão se vale do pouco líquido que ainda existe em um olho d´água no meio da serra para deixar a roupa limpa.
Ao invés do tanque, grandes pedras, conhecidas como lajeiros, são usadas para bater a roupa. No lugar de cordas, cercas de arame e de aveloz servem como varais. E em substituição ao sabão em pó, o tradicional sabão em barra. Sob o sol quente, a prática de lavar roupas, de cócoras, sem nenhuma infraestrutura, é comum em várias localidades sertanejas.
Ao redor de uma cacimba existente no local, a cada sábado da semana, dona Rita, costuma lavar a roupa da família. A água é amarela, e ela evita usá-la nas roupas brancas.
Apesar de sua casa ter uma pia de cimento, RITA DO PIROCA prefere utilizar as pedras próximas da nascente como batedor de suas peças.
O dia-a-dia da lavadeira não é dos mais fáceis. Além do sol quente, essa mulher se submete a exercícios físicos puxados que, na maioria dos casos, chega até a afetar a coluna. Praticamente, todas têm que desempenhar a atividade agachadas, em cima dos lajeiros, e subir e descer pedras carregando latas de água.
Maria do Socorro Queiroz Magalhães, lavadeira é a companhia de Rita. Em cima das pedras, no meio das roupas estendidas, as mulheres passam as primeiras horas do dia cantando e contando histórias. É isso que ameniza o trabalho puxado de muitas delas. “Isso aqui é um sofrimento. Preferia mesmo ter água encanada e um tanque”, diz Socorro, que tem problemas de coluna e na perna direita.
Fotos e texto de Antônio Carlos Alves
EM NOME DA EQUIPE DO C4 NOTICIAS ATÉ BREVE