Enquanto a população de Canindé, aguarda com ansiedade e expectativa o avanço das águas no açude São Matheus, no segundo maior reservatório da cidade, quem avança de forma acelerada é o mato e, o descaso do Departamento Nacional de Obras contra as Secas – DNOCS.

Quem chega ao local logo percebe o sinal de abandono. Até o pluviômetro instalado logo na entrada do reservatório deu problemas e foi levado para o concerto e nunca mais voltou. Seu Messias Miranda que estar no serviço há 61 anos disse a Reportagem do ‘’C4 NOTÍCIAS DO POVO ON LINE’’, que até um caderno com as anotações das chuvas diárias foi levado sem nenhuma explicação.

‘’Levaram para o açude Sousa, aonde está instalada a sede da Companhia de Gerenciamento e Recursos Hídricos – COGERH, sob a alegativa de que agora tudo será centralizado no escritório do órgão’’, disse em meio desolado.

O açude pegou apenas 8 centímetros de água no ano de 2018 e perdeu um centímetro com a evaporação.

Concluído no dia 4 de outubro de 1957 e inaugurado pelo presidente da época, Juscelino Kubitschek, numa área de 255 hectares, a barragem, tem uma bacia hidrográfica de 265 quilômetros quadrados e 235 hectares de bacia hidráulica numa extensão de 700 metros. O São Matheus completa este ano, 61 anos de serviços ao povo de Canindé.

Sua capacidade na inauguração era de 11 milhões metros cúbicos. Hoje se encontra com apenas 10 milhões e 330 m3.

Nada até agora foi feito. Só muita conversa e demagogia.

O que deveria ser um orgulho para o povo de Canindé, o açude vive em total esquecimento por parte do órgão federal e tornou-se ponto de reclamação. Os 775 metros de parede estão tomados pelo mato e cheios de crateras que coloca em risco a vida dos moradores que transitam na área.

“O Açude São Matheus está abandonado. Por conta da falta de compromisso das autoridades. O mato tomou conta de toda sua extensão e, o que é pior, o gado invadiu a área de limite do DNOCS”, critica um morador que pediu para não ser identificado. Até um campo de futebol foi construído dentro da área.

A última vez que a parede da barragem passou por uma limpeza foi no dia 22 de maio de 2008, por meio de um mutirão feito pelo ex-secretário de Meio Ambiente, a época Airton Maciel, em parceria com a Associação dos Moradores do Bairro São Matheus.

Para o especialista na área, Francisco Eudes Costa Mendes, o que deveria acontecer era um trabalho de manutenção a cada três meses em rachaduras, deslizamentos de pedras e limpeza geral, inclusive no material reciclável, como exemplo de garrafas de plásticos.

A última atividade que aconteceu foi uma limpeza de vegetação em 2008, por meio da Prefeitura em conjunto com a associação do bairro onde está localizado o reservatório.

Um ofício de número 37, datado do dia 2 de fevereiro de 2010, assinado pelo então Diretor Geral do DNOCS, a época engenheiro Elias Fernandes Neto, que já demitido: dizia; ‘’que levando em conta a escassez de recursos disponibilizados anualmente no orçamento do órgão, a administração tem promovido à recuperação de barragens de forma priorizada, ou seja, daquelas que são classificadas na situação de elevado risco potencial.

O que implica dizer que o São Matheus nunca foi e jamais será prioridade pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.

É deplorável a situação do reservatório, mato, lama, animais pastando livremente, e o que é pior sem nenhuma informação de quando alguém vai cuidar desse pedaço de nossa história.

Fotos de texto de Antônio Carlos Alves

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