Para quem conhece o interior do Nordeste não há como não perceber a mística que move a vida das pessoas. Já não são mais pobres ‘’coitados’’ tangidos por um visionário como Antônio Conselheiro, em Canudos.

A realidade atual é que o milagre não somente é possível como essencial para vencer o sofrimento. Caminhar entre o aglomerado que se forma nos dias da festa, durante as novenas celebradas na Praça do Romeiro, maior anfiteatro a céu aberto do Norte e Nordeste é esbarrar não com pessoas, mas com histórias de fé, devoção e cura em virtude das graças de São Francisco das Chagas.

Existem graças de todos os tipos, que não devem ser julgadas em grau de importância, já que cada pessoa traz em si própria a realização pessoal, sempre por intermédio do padroeiro.

Para o Reitor do Santuário Frei Marconi Lins, é ‘’muito interessante esses momentos, porque o romeiro pede ao santo o que as autoridades não conseguem resolver. É a fé inabalável, que gera tudo isso. ‘’Canindé é a ‘’ASSIS BRASILEIRA’’, a alma franciscana do Brasil’’, sentencia Frei Marconi.

Cenas desse tamanho formam uma relíquia impagável, porque entre o culto regular da igreja católica e as práticas da religiosidade popular, místicas, crenças, gestos se unem, irrompem em cada alma, sedenta do eterno.

Para os romeiros não importa o sacrifício, o que vale mesmo é pagar sua promessa e ficar em dia com o santo. Pode demorar um, dez, e até 15 anos, mas um dia, ele (romeiro) (a), dar um jeito, vem a Canindé e paga.

São esses peregrinos vindos dos mais diversos pontos do mundo, que chegam ao maior Santuário Franciscano das Américas, em busca da cura por meio da fé.

As homenagens das festas em homenagem a São Francisco das Chagas, padroeiro de Canindé, vem superando as expectativas em relação à quantidade de fiéis.

Ontem, na segunda celebração de devoção ao Santo, como parte da programação oficial do evento realizado na Praça do Romeiro, um público estimado em mais de 5 mil pessoas de acordo com a Polícia Militar

Fiéis de todas as idades se encontravam lá para pedir ao santo, agradecer às graças alcançadas e, renovar suas preces e pedir ao santo saúde e força para voltar no próximo ano.

Em pontos estratégicos de devoção, como a Gruta de Nossa Senhora de Lurdes, Casa dos Milagres, Zoológico, Museu, Capela de São Damião, Casa do Painel, Estátua de São Francisco, Mosteiro das Clarissas,  e Basílica, crianças, adultos e idosos utilizam roupas na cor marrom, lembrando os trajes de São Francisco, além de ficarem descalços.

É o caso do agricultor Manoel Araújo da Silva de 69 anos, da cidade de São Domingos do Zé Freire no Estado do Piauí que veio pela primeira vez ao santuário, acompanhado do seu irmão, vereador da cidade José Arcanjo da Silva de 54 anos.

Veio acompanhado da esposa Terezinha Moreira da Silva de 68 anos. Segundo seu relato passou um ano doente, ficou praticamente aleijado da coluna e hoje anda normalmente.

‘’Passei quatro anos para pagar a promessa, mas graças a São Francisco estou aqui muito feliz’’, disse.

Outra que chegou da cidade de Pires Ferreira no Ceará foi Margarida dos Anjos de 42 anos. Veio acompanhada da irmã Maria da Glória de 46 anos pagar uma promessa por ter ficado boa de uma doença nas pernas. Entrou na Basílica de joelhos.

Foto e texto de Antônio Carlos Alves