Os chapéus surgiram no momento religioso em razão do horário da concentração, exatamente quando o sol e o calor estão mais fortes no Sertão Central do Estado do Ceará, onde fica o Município de Canindé

Após 11 dias, os festejos em homenagem a São Francisco das Chagas foram finalmente encerrados nesta sexta-feira. Repetindo um tradicional ato religioso, por volta do meio-dia, milhares de romeiros e devotos se concentraram na Praça da Basílica para receberem a “bênção dos chapéus”. Logo depois, a multidão acompanhou o arreamento da bandeira e seguiu em procissão pelas ruas da cidade. Era a última reverência coletiva ao protetor dos pobres na capital franciscana da América Latina.

Alguns romeiros ainda permanecem na cidade, mas a maioria é mesmo de comerciantes, ambulantes, trabalhadores e até servidores públicos que não puderam participar das outras solenidades religiosas, explica o assessor do Santuário de São Francisco das Chagas, Rogério Sales.

Os chapéus surgiram no momento religioso em razão do horário da concentração, exatamente quando o sol e o calor estão mais fortes. Para proteger os devotos dos raios solares escaldantes nesta época do ano, o empresário Romeu Rocha, com o auxílio de sua esposa Joane Laurênio e de seus filhos, passou a distribuí-los para a multidão. Esse ritual teve início em 2006. No começo, foram distribuídos apenas 500 chapéus. Nos últimos anos, são milhares.

Neste ano, o Reitor do maior Santuário franciscano das Américas que abriga a segunda maior romaria em homenagem ao santo do mundo Frei Marconi Lins de Araújo foi quem fez a bênção dos chapéus e o arreamento da bandeira de São Francisco, no mastro da Basílica, acompanhado do Pároco e Guardião da Casa de São Francisco, Frei Jonaldo Adelino e acompanhou o pavilhão pelas ruas até a Casa dos Milagres, onde foi guardada e deverá ficar até o início das festividades do próximo ano.

No caminho, muitos jogam dinheiro dentro da flâmula religiosa. Pedem um ano vindouro de bom inverno e bons negócios. Alguns ainda tocam o tecido o santo com o rosto em lágrimas, mais uma vez pedindo a proteção de São Francisco.

As comemorações alusivas do próximo serão realizadas dentro do período normal de 24 de setembro a 04 de outubro.

Na opinião do Reitor do Santuário de Santo Antônio do Brasil, Frei Marconi Lins, os romeiros chegam para pedir ao protetor da natureza o que não conseguem com as autoridades.

Três momentos de emoção

O Franciscano disse que a romaria de Canindé tem três momentos emocionantes. Primeiro, na madrugada da abertura, quando é celebrada a missa com a presença de todos os padres que participam dos festejos e o hasteamento da bandeira de São Francisco.

O segundo, no dia dedicado ao santo, quando a imagem de São Francisquinho saiu pelas ruas arrastando multidões e, por último, com a bênção dos chapéus e o arriamento da bandeira.

Em cada cântico, a saudade marcante para quem permaneceu por 11 dias em retiro espiritual. Prova de fé dos peregrinos, que percorreram igrejas e locais considerados sagrados na terra os milagres, em pleno sertão.

O terceiro na despedida, Frei Marconi não esqueceu as bênçãos que foram direcionadas aos ônibus, carros, caminhões e motos. “Que voltem em melhores condições para casa e na certeza do compromisso firmado com São Francisco”, enfatizou Reitor do santuário, que incluiu em sua oração os pés dos católicos devotos.

Fotos e texto de Antônio Carlos Alves