Uma cidade com mais de 170 anos de história tem muito a contar. E as principais delas podem ser encontradas no Museu Histórico de São Francisco das Chagas de Canindé. O local é roteiro certo para turistas e moradores que se interessam por conhecer um pouco mais das origens da cidade.
O museu fica no Complexo do Convento da Província de Santo Antônio do Brasil ao lado da Praça dos Romeiros e do Zoológico de São Francisco.

O acervo todo tem aproximadamente seis mil peças, que remontam a história da cidade que o santo dos pobres escolheu para morar. Nesse período do ano de setembro a fevereiro, o número de pessoas visitando o espaço aumenta assustadoramente. Resultado da chegada de romeiros, fiéis, devotos e de turistas que visitam a região. Agora, com a romaria na alta estação, o público muda e são os visitantes do Brasil inteiro, os que mais aparecem.
– Acreditamos que até o fim do ano pelo menos 100 mil pessoas passem por aqui – comenta Werbênia Mendonça.
No dia da visita da reportagem, um grupo de argentinos aproveitou para conhecer um pouco da história da cidade. O engenheiro Roberto Henrion e a dona de casa Lilian Marsero, de Buenos Aires, visitaram a região pela primeira vez e gostaram muito do que viram.

A gente costuma visitar sempre os museus nas cidades que passamos. E deu para perceber que a história dessa cidade é muito bonita – disse ela. Passaram ainda pela Basílica, Estátua, Zoológico e encerraram a Turner no Museu.
Ela questionou o fato de as explicações dos objetos estarem apenas em português, apesar disso disse que conseguiu entender bem.

‘’Um dos locais que guarda a memória do povo Nordestino, através da fé. Estar localizado no Município de Canindé que fica a 126 quilômetros de Fortaleza no Sertão Central, onde acontece a maior romaria franciscanas das Américas no período de 24 de setembro a 04 de outubro’’, ressalta a coordenadora do Werbênia Mendonça.

Conhecer o Museu Regional de São Francisco é viajar no tempo, descobrir na história, e, o verdadeiro significado da expressão de fé e devoção ao santo mais popular do planeta. Uma das salas do museu, traz os ex-votos dos romeiros, como símbolo de um pedido ou graça alcançada, na contrição com o sagrado.

O Museu Regional São Francisco, guarda entre suas paredes uma história que marca a experiência da romaria e da cultura da cidade, além de expor ao longo dos anos, peças que retratam o cotidiano religioso de uma cidade que abriga um dos maiores santuários de fé e expressão popular no mundo.

O espaço guarda ainda a história da segunda Guerra Mundial, onde uma espada utilizada pelo ex-vigário in memorian, utilizou na batalha para defender a Alemanha.

Essa história começou há exatos 46 anos, quando os romeiros começaram a trazer peças de expressivo valor histórico, cultural e religioso. Hoje o acervo conta com cerca de seis mil peças, algumas bem importantes para a história da romaria e da religiosidade do povo Nordestino, como o primeiro cofre da Basílica; uma motocicleta alemã, modelo 1938, que serviu a Frei Policarpo; vários sinos, inclusive os da primeira Igreja de Canindé; pias batismais e muitos outros objetos curiosos que despertam a imaginação dos visitantes, fazendo de fato uma viagem pelo tempo.

Durante o ano, o Museu Regional São Francisco funciona das 7h às 17h.

ENTENDA A HISTÓRIA

Em 1972 o ex-vigário Frei Lucas Dolle instalou um modesto museu para expor o que além da fé, os devotos deixavam na cidade. Funcionou na casa que servia de maternidade na Praça Cruz Saldanha onde hoje funciona o Cetro de Catequese.

No dia 03 de agosto de 1973 o novo Museu foi inaugurado possuindo em exposição aproximadamente 3.000 peças. Em julho de 1985 passou por reformas ganhando ampliação e garantindo destaque a história de São Francisco na arte Nordestina.

O Museu Regional São Francisco, ou Museu de Canindé, atualmente possui mais de seis mil peças, entre sacras e modernas. O local conta com um importante acervo que está aberto à visitação diariamente.

Por ano quase 100 mil pessoas visitam o museu de segunda a sábado das 07h às 11h e de 13h às 17h. E aos domingos de 08h às 12h.

‘’O Museu é um espaço que conserva, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e apreciação da sociedade, é o que diz o Conselho Internacional de Museus (International Council of Museums). Com base na definição clássica difundida na atualidade e ao mesmo tempo inovando para colaborar ainda mais com as formas de expressividade humana’’, ressalta o franciscano Frei Joãozinho Sanning, que carrega em seus históricos a vida religiosa do santuário.

Para ele, o Museus é um território vivo de cultura popular, alinhado pela preservação de memórias com desígnios de arquitetura da afetividade. São algumas das características que denotam os espaços chamados de Museus.

No universo da cultura, o museu assume funções as mais diversas e envolventes. Uma vontade de memória seduz as pessoas e as conduz à procura de registros antigos e novos, levando-as ao campo dos museus, no qual as portas se abrem sempre mais. A museologia é hoje compartilhada como uma prática a serviço da vida.

O museu é o lugar em que sensações, ideias e imagens de pronto irradiadas por objetos e referenciais ali reunidos iluminam valores essenciais para o ser humano. Espaço fascinante onde se descobre e se aprende, nele se amplia o conhecimento e se aprofunda a consciência da identidade, da solidariedade e da partilha.

Por meio dos museus, a vida social recupera a dimensão humana que se esvai na pressa da hora. As cidades encontram o espelho que lhes revele a face apagada no turbilhão do cotidiano. E cada pessoa acolhida por um museu acaba por saber mais de si mesma.

Fotos e texto de Antônio Carlos Alves