Divulgação / Deyvison Fernandes

Divulgação / Deyvison Fernandes

Com mais de 10 anos de história, o Facada é um dos expoentes do Metal cearense. Tocando um som que vai direto ao ponto, a banda que já rodou todo o Brasil agora prepara turnês pela Europa e América do Sul e projeta um ano de 2015 cheio de novidades. Conheça um pouco dessa banda que fez e ainda fará muito pelo cenário local.

Fundada em 2003 com James (baixo e voz), Ari (guitarra) e D’angelo (bateria), a banda Facada só viria a lançar seu primeiro trabalho em 2004, uma demo, que de cara já foi muito bem recebida pela mídia especializada e fez com que fizesse muitos shows em várias cidades do Norte e Nordeste. Em 2006 o grupo lança seu primeiro disco, intitulado ‘Indigesto’, que foi seguido de uma turnê de 20 dias pelo Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, sendo inclusive a última banda a tocar no Gordo Freak Show (extinto programa da MTV apresentado por João Gordo).

Em 2010 o Facada lança seu segundo álbum, que foi chamado de ‘O Joio’ e marcou a entrada de Danyel (guitarra) na banda. O CD foi mixado na Suécia e levou o grupo a rodar mais uma vez o Brasil, tocando em vários festivais importantes como Feira da Música (Fortaleza/CE), Abril Pro Rock (Recife/PE) e o Festival DoSol (Natal/RN), onde foi gravado um DVD.

Em 2013, ano em que a banda completou dez anos, foi lançado o terceiro disco do Facada, que recebeu o nome de ‘Nadir’ (Black Hole Produções), que também foi lançado em vinil (Laja Records, Nerve Altar e EveryDayHate Records) e conta com as participações de Marcelo Appezzato (Hutt), Jão (Ratos de Porão) e John “The Maniac” Leatherface (Chronic Infect).

Ainda para comemorar um década de história, o Facada anunciou o relançamento de sua primeira demo em vinil (7”), do disco ‘Indigesto’ (Pecúlio Discos) e o do álbum ‘O Joio’ para a Europa (pelo selo polonês EveryDayHate Records).

Divulgação / Deyvison Fernandes

Divulgação / Deyvison Fernandes

A banda Facada, que hoje é formada por James (baixo/vocais), Danyel (guitarras), D’angelo (bateria) e Ari (guitarra/overseas), concedeu uma entrevista ao Ceará & Rock, onde falou sobre o que é a banda e dos mais de dez anos do grupo, sobre o cenário local e dos audaciosos projetos da banda para o ano de 2015. Confira:

Ceará & Rock: Como vocês definem o som de vocês?

Banda Facada: O Facada toca grindcore. Simples. Rápido, pesado, cru, sem experimentalismos, sem frescuras, sem viagens sonoras, sem hypes ou modas, sem alegria, sem cultuar ninguém, sem dar satisfação a ninguém, sem breakdowns, sem vocais limpos, sem falsa amizade nem falso discurso. Sinta-se à vontade para não gostar. Se não gostar faça o favor de não nos visitar ou ouvir nossos sons.

C&R: E a apresentação no Ponto.CE, o que acharam do festival?

BF: O Ponto.CE já tem seu nome respeitado e firmado entre os Festivais brasileiros e participar dele é muito legal. E ter ligações com os outros Festivais é bastante salutar. Tocar na sua nossa cidade e poder mostrar nosso som pra um público que normalmente não nos assistiria vai ser um misto de assustador e curioso. Já havíamos tocado no Ponto.CE, mas foi no Teatro do BNB pra uma galera que, na sua maioria, já nos conhecia. Dessa vez foi na Praça Verde, pra um público bem abrangente. Acho que algumas não acreditaram no que aconteceu, mas espero que tenham curtido. Legal que também tocamos com algumas bandas das quais somos amigos, como o Mukeka di Rato.

C&R: Sobre o cenário local, vocês têm notado evolução nos músicos, nos produtores e, principalmente, no publico local?

BF: Sim. A cidade é pequena e limitada ainda, com várias pessoas ainda mais limitadas, mesmo assim, Fortaleza deu uma guinada no que diz respeito à produção musical em todos os aspectos. Muitas bandas foram criadas, a galera tá tocando melhor, com acesso a equipamento, os estúdios fazendo um trabalho melhor, e os shows estão ficando cada dia melhores, maiores e com mais opções para todos os gostos. Fortaleza hoje já é rota de shows para bandas em turnê. Só acho que faltam mais lugares para shows de pequeno e médio porte e que possa se sustentar com shows semanais de bandas de vários estilos (locais ou não). Acredito que dessa forma, a cena se fortaleceria.

C&R: Quais as bandas regionais que vocês curtem escutar?

BF: PlastiqueNoir, Diagnose, Obskure, Groove, PsychoIndie, Realejo Jazz Quartet, Cidadão Instigado, Revel Decay, SacrilegiousSalacious, Lustfer, FeculentGoretomb, Faixa de Gaza, Maleficarum, Insanity, SOH, Dropped Out, Vingança, Facetumor, Hecate, ScatologicMadnessPossession, ChronicInfect, RottenCorpse, Triturador…

C&R: Como resumiria esses mais de dez anos de existência da Facada?

BF: Foi tranqüilo. A gente sempre fez o que quis, nunca se curvou a nada nem ninguém pra que a banda fosse conhecida, tocamos e conversamos com pessoas que a gente nem sonhava em conhecer e de bandas que idolatramos e conhecemos muitas pessoas maravilhosas que hoje são nossos amigos. Tudo com o som que a gente toca, sem sucumbir ao mainstream ou caminhos fáceis. Acho que também aprendemos a lidar bem melhor com certos tipos de gente e em ocasiões específicas.

C&R: Nesse tempo de banda, existe alguma história curiosa/bizarra que nunca foi revelada para os fãs? Ou mesmo algum desabafo?

BF: Sempre acontece uma e outra. Já levei um murro de uma menina em um show, perdemos vôos, quase perdemos um ônibus, meu ombro saiu do lugar tocando, já ficamos em uns lugares bizarros e tomamos umas bebidas mais bizarras ainda, fora os malucos que a gente encontra em toda cidade. Acho que não tem desabafo nenhum não, estamos todos de consciência tranqüila. Só agradecer a todos que de alguma forma nos trataram mal, tentaram nos fazer de besta ou mesmo se mostraram pessoas gaiatas, falsas e mentirosas, aprendemos muito com cada um de vocês.

C&R: Os discos da banda costumam ser bem curtos. É proposital?

BF: A gente só faz as músicas e elas saem dessa forma, temos só umas 3/4 músicas que passam dos 2 minutos se não estiver enganado. No hardcore, é comum as músicas serem curtas, pela intensidade delas e mais ainda no grindcore. Por ser uma (anti) música em que a agressão, brutalidade, barulho, massacre e o ataque são maiores, músicas grandes ou um disco de mais de meia hora seria incoerente. Não temos intenção de fazer nenhuma Ópera Grind para contemplação. No tipo de música que tocamos, não há evolução ou dinâmicas complicadas, elas só vão ficando piores na medida em que vão terminando. O que pra gente é ótimo. O recado dado, o dever cumprido, o importante é retirar-se.

C&R: No álbum ‘Nadir’, vocês contam com várias participações bem especiais, como Marcelo Appezzato (Hutt), Jão (Ratos de Porão) e John “The Maniac” Leatherface (ChronicInfest). O que vocês têm a dizer dessas participações? Como surgiram os convites e como foi o processo de gravação?

BF: Todos tiveram uma história diferente, mas todos têm em comum a amizade. O Appezzato, a gente conhece já faz um tempo e sempre curtíamos os vocais dele no Hutt, mesma coisa com o John que tem uma voz cavernosa. O Jão, a gente é fã dele desde moleque, escutamos todos os discos e o cara é uma sumidade na guitarra. A gente pediu, meio naquela, sem saber que ele ia fazer e nem acreditamos quando ele gravou 2 solos (um pro CD e um pro vinil). Todas elas foram importantes pra que cada música tivesse o sentimento necessário e eles fizeram o melhor possível.

C&R: O que inspiram nas suas letras?

BF: A estupidez humana nas suas mais variadas vertentes e segmentos. Sempre tentamos escrever algo positivo, engrandecedor ou construtivo, mas realmente não é a nossa praia. Gostamos de falar do lodo, do negro, do feio, do caminho da mão esquerda, das atitudes patéticas das pessoas e suas falácias. Gostamos de mandar recados pro seu amigo, pro seu inimigo e talvez até nós mesmos. E tem algumas histórias de terror reais, como “Os porcos comem meu rosto”.

C&R: Quais os seus projetos? Já trabalham em um álbum?

BF: Já estamos em processo de gravação das novas músicas pra sair próximo ano em formato vinil. dois serão splits (com as bandas Hutt e Expurgo) e um será só de covers de algumas bandas como Titãs, Husker Du, Blasphemy, ImpaledNazarene e Dress. Estamos desenvolvendo um Clipe com uma galera do RJ, acho que esse ano sai ainda.

C&R: Pra finalizar, manda um recado para os leitores.

BF: Valeu a todos que leram a entrevista, procura facadanagoela na internet. Ave Lucifer.

Nesta segunda-feira, 1 de dezembro, a banda será uma das atrações de abertura do show do Magrudergrind, que é considerado o maior nome do Grindcore mundial. O show será no Brom’s Beach Club (rua dos Tabajaras, 386) e os preços dos ingressos variam entre R$ 20 (primeiro lote) e R$ 30 (na hora do show). Para mais informações, clique aqui.

About the Author

Ronnald Casemiro

fb.com/ronnaldccasemiro | Instagram: @ronnaldcasemiro | twitter.com/RonnaldCasemiro | ronnaldccasemiro@gmail.com

View All Articles