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A banda finlandesa de Power Metal Sonata Arctica desembarca neste sábado, 21, em Fortaleza para um show que promete agitar os bangers da capital cearense. A apresentação, que será a primeira do grupo no Nordeste, acontece no Complexo Armazém, a partir das 21h e terá a abertura da banda cearense Hostile Inc.

O Sonata Arctica possui oito álbuns de estúdio, entre eles o ‘Pariah’s Child’, lançado em 2014 e que dá o nome a essa turnê. Outro lançamento de 2014 e que também deverá ter destaque no repertório do grupo é o ‘Ecliptica – Revisited’, que comemora os 15 anos do debut da banda. Outros clássicos, como “Victoria’s Secret”, “Broken” e “Don’t Say a Word” também devem fazer parte do set list.

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A banda é formada por Tommy Portimo (bateria), Henrik Klingenberg (teclado), Elias Viljanen (guitarra), Pasi Kauppinen (baixo) e o vocalista Tony Kakko, que conversou com o Blog Ceará & Rock. Com muito bom humor, o líder do Sonata Arctica falou da sua carreira, da expectativa pelo show e ainda destacou suas melhores lembranças de outras passagens pelo Brasil. Confira:

Ceará & Rock: Olá, meu nome é Ronnald Casemiro, e sou redator do Ceará & Rock. Primeiramente gostaria de dizer que é uma honra entrevistá-lo, pois sou um grande fã seu.

Tony, o Sonata Arctica completou, no último ano, 15 anos de estrada, com oito álbuns de estúdio e dois ao vivos. Como você definiria todos esses anos de trajetória? Houve algum momento em que pensou em desistir do grupo ou até mesmo da carreira musical?

Tony Kakko: Bom, tem sido como uma montanha russa, com certeza. Muitos altos e baixos. E em alguns destes momentos de baixa, estive a ponto de deixar a banda e deixar os caras seguirem sem mim. Eu consigo me ver seguindo a vida sem o Sonata, mas não sem música. Música significa muito pra mim, e sempre estarei envolvido em fazer música. O que não significa que eu estarei numa banda. É apenas uma pequena parte de um todo. Sou rato de casa, gosto de fazer minhas coisas, compor, ser uma figura “doméstica”. Geralmente o tempo que fico na estrada é um sofrimento, mas aprendi a lidar com isso. No mais, esses 20 anos tem sido maravilhosos. Um sonho que se tornou realidade em muitos aspectos.

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C&R: O lançamento do “Pariah’s Child” é um retorno aquilo que a banda fazia nos quatro primeiros discos? O que os levou às mudanças iniciadas no “Unia” e o que os fizeram voltar ao Power Metal?

TK:  “Reckoning Night” foi nossa primeira grande turnê. Foram 160-180 shows, eu acho. Em comparação aos 40 e poucos shows que tivemos com o “Winterheart’sGuild”. Foi muito intenso, quase acabou conosco. Nossas turnês não eram tão estruturadas naquela época. Conseqüentemente, Jani começou a ter problemas pessoais, que você pode ler no nosso livro, se você quiser, e eu estava completamente farto do estilo de música que a gente fazia naquela época, então minhas escolhas eram, ou deixar a banda e começar a fazer algo diferente, ou fazer o que fazíamos com um estilo diferente.

“Unia” é o resultado disso, foi um rito de transição para mim. Eu amei fazer aquele disco e ele ainda é muito especial pra mim, era o inicio de uma aventura musical, que não foi necessariamente uma mudança inteligente para a carreira, se a gente pensar que estávamos em uma fase de ascensão, mas era um castelo de areia que eu precisa botar abaixo e eu não me arrependo nenhum pouco.

Durante a turnê de “Stones Grow Her Name”, a gente percebeu que estava faltando um pouco de velocidade em nossos shows. Era tempo de a gente seguir para uma direção mais agressiva. Muito desse Sonata renovado tem relação com a entrada do Pasi [Kauppinen] na banda e todo o frescor que ele trouxe para o grupo. Nós percebemos que era muito divertido tocar as músicas antigas, e que a gente de fato conseguia tocar as músicas ainda. Haha. Tudo isso ajudou a construir o que se tornou o disco “Pariah’s Child”. Eu realmente não chamaria isso de Power Metal; existe sim elementos disso em algumas música, mas eu acho que, se alguém que curte estritamente o power metal e for comprar o disco, pode achar que o material não se encaixa muito bem no estilo. ‘PC’ combina todos os elementos que o Sonata construiu durante a trajetória.

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C&R: Os álbuns “Unia”, “The Days of Grays” e “Stones Grow Her Name” possuem, além de um estilo diferente, um logotipo diferente do apresentado nos primeiros álbuns e que retorna em “Pariah’s Child”. A ideia era deixar evidente que se tratava de um outro Sonata Arctica ou há outra razão pra mais essa mudança?

TK: Mais ou menos sim. Eu sinto que o ‘PC’ é o disco que a gente deveria ter lançado depois de “Reckoning Night”, se estivéssemos atentos a isso. De qualquer forma, esse disco é definitivamente parte dessa primeira era do Sonata. Mais até do que dessa fase recente, isso explica a logo original.

C&R: Ainda falando de mudanças, a banda passou por algumas durante esses anos. Para os fãs, as mais sentidas delas foram as saídas de Jani Liimatainen e Marko Paasikoski. Em quais circunstancias essas saídas aconteceram e qual a relação você mantem com eles, atualmente?

Sobre o Jani, você pode ler no nosso livro e o Jani já está farto deste assunto e todos concordamos com isso: Leia o livro. Haha. Eu o encontrei algumas vezes, desde 2007, e a gente foi tranqüilo, como sempre.

O Marko, aos poucos, começou a perder a motivação e isso passou a afetar o comprometimento dele com a banda; a gente sentiu como se estivesse dirigindo um carro com o pneu furado. Acho que fui eu quem mais teve problemas com isso, mas no fim, foram os caras que decidiram, com o Marko, pela saída dele. A gente se separou de maneira amigável, sem brigas.

Marko e eu nunca nos encontramos após o último show, mas, novamente, não nos víamos muito nem na época da banda e ele mora numa cidade diferente, então sem drama. Ele tá indo muito bem em seu novo trabalho.

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C&R: Como você definiria o “Pariah’s Child”? Pensa que é um álbum que resume tudo que o Sonata Arctica já fez?

Sim. Exatamente! E realmente é, não é?!

C&R: E o “Ecliptica”, como nasceu a ideia de laçar esse álbum novamente? O que a nova versão possui de diferente da primeira?

Essa ideia veio da nossa gravadora no Japão, que tem estado conosco desde o início da banda; eles perguntaram se a gente faria esse favor pra eles e depois de pensarmos bastante, decidimos fazer isso, embora soubéssemos que seria como jogar merda no ventilador. É uma celebração de nosso primeiro disco, nada mais nada menos.

Quando entramos no estúdio, a Nuclear Blast queria pegar isso e lançar em todo mundo. A nova versão é tecnicamente muito melhor, mas não tem o charme da primeira versão, que tinha nossa juventude e entusiasmo que não podem ser reproduzidas. A gente quis fazer o mais próximo. A gente não pode captar esse sentimento de risco no remake, porque hoje a gente realmente sabe o que tá fazendo, como deveríamos após 15 anos. Então seria um sacrilégio dizer que a nova versão é melhor, pois não é. É apenas uma versão da versão que a banda fez 15 anos após o original.

C&R: Sua banda é sempre definida como uma banda de Power Metal. É assim que você a definiria?

TK: Eu preferiria chamar de metal melódico/ Heavy Metal/Rock ou qualquer combinação estranha assim. Acho injusto nos rotular apenas como Power metal. Não é justo nem para o Power metal, nem para nós. Mas é uma parte do que somos,do mesmo jeito como o rock, heavy metal, pop e música clássica também são, haha!

C&R: Ainda falando de Power Metal, você costuma escutar bandas desse estilo? É o genero que mais lhe agrada? Quais os estilos que Tony Kakko mais gosta de escutar? E as bandas?

Não, realmente não. Eu gostava de algumas bandas, principalmente Stratovarius. Eu não escuto por gêneros, eu não coloco minha musica em caixas, eu acho isso extremamente limitador. O que eu gosto tá acima de qualquer tentativa de rotulação, não existe simplesmente um gênero interessante e original feito por músico competentes e loucos, do jeito que eu gosto. Mesmo se existisse, eu perderia algo bom. Por exemplo, eu amo Devin Townsend. Jazz antigo, bluegrass e claro, metal em doses altíssimas.

C&R: Você conhece bandas brasileiras? Há alguma que gostaria de mencionar?

TK: Sim, Angra e Sepultura. Para citar mais eu precisaria usar o google. Sepultura nunca foi a minha praia, mas teve uma época que eu ouvia muito o Angra. Não sei se o suficiente para ser ou não influenciado por eles. Você que me diz. Haha!

C&R: Além do Sonata Arctica, você também possui o projeto Northern Kings, juntamente com Jarkko Ahola (Teräsbetoni, ex-Dreamtale), Marco Hietala (Nightwish e Tarot) e Juha-Pekka Leppäluoto (Charon). Qual o estado atual desse projeto. Tem planos pra ele?
Northern Kingst tá na gaveta há algum tempo e acredito que deva ficar lá por mais tempo. O mesmo grupo também trabalha com o Raskasta Joulua, que é um projeto onde tocamos versões pesadas de clássicos e novas versões natalinas. Se tornou um projeto muito grande recentemente e que naturalmente consome bastante tempo. Os outros integrantes trabalham muito nesse projeto. Pra mim é muito simples, eu só canto, mas se a gente trouxer algo original, podemos fazer algo como o Northern Kingst no futuro. Vamos esperar…

C&R: A maioria das bandas do estilo aborda temas mais ficcionais em suas letras. O mesmo não acontece em suas composições, que sempre foram baseadas na realidade, tratando de questões do mundo real. Quais suas inspirações para compor e como funciona seu processo de criação?

A minha inspiração vem de coisas reais e eu acrescento alguns tons ficcionais. O mundo em que a gente vive é maravilhoso. As letras demandam muito de mim. A música vem relativamente fácil, mas compor é um processo bastante difícil até o último momento. Eu não sei se seria mais fácil se eu escrevesse sobre dragões e espadas, provavelmente, sim.

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C&R: Quais os projetos do Sonata Arctica para 2015?

TK: Além desta grande turnê latino-americana, faremos uma pequena turnê na Europa em maio, seguida do Japão. No final de agosto, imagino, entraremos em recesso. Dai trabalharei com outro projeto por um semestre. Espero que tenhamos o próximo disco da Sonata em 2016. Não tive nenhum descanso entre os lançamentos dos nossos dois últimos discos e suas respectivas turnês, então acho que está mais do que na hora de sair de férias.

C&R: Vocês já passaram pelo Brasil em outras ocasiões. Quais as suas melhores lembranças dessas passagens?

TK: Todos os shows incríveis e os fãs maravilhosos. E COMIDA. Meu Deus que comida!

C&R: O que você espera desses novos shows aqui? E o que os fãs daqui podem esperar do SonataArctica?

TK: Esperamos que os fãs venham nos ver e sejam maravilhosos como eles são. De nós, vocês podem um show incrível de metal com músicas dos nossos dois últimos CDs (Pariah’sChilde Ecliptica – revisited”. Mais um pouco de outros discos. Será ótimo!

C&R: É a sua primeira apresentação no Ceará. Você já ouviu falar algo de nossa terra?

TK: Até agora, nada! Haha! Desculpe! Ainda não pesquisei sobre os locais que passaremos. Vou esperar chegar um pouco mais perto do tour. No momento, Ceará é um arquivo em branco em minha cabeça. Mas eu mal posso esperar para nos conhecemos. 🙂

C&R: Mais uma vez, gostaria de lhe agradecer pela entrevista e queria pedir pra que enviasse um recado aos nossos leitores e aos seus fãs.

TK: Foi um prazer, Ronnald! Gostei desta entrevista. Meus amigos! Mal posso esperar para ver todos vocês. Será uma turnê incrível e calorosa para nós, lobos árticos. Venham se divertir conosco!

Tony-Kakko-Sonata-Arctica-entrevista3Serviço – Sonata Arctica
Quando: Sábado, 21
Horário: 21h
Local: Complexo Armazém (Avenida Almirante Barroso, 444 – Centro, Fortaleza)
Pontos de Vendas: Bilheteria Virtual (online ou quiosque no Del Paseo) e Geek Store
Ingressos: Pista: R$ 60 (Meia) / R$ 120 (Inteira) – Frontstage: R$ 90 (Meia) / R$ 180 (Inteira) – Camarote: R$ 180.
Também é possível adquirir ingresso Meia Social com a entrega de 1kg de alimento não perecível no dia do evento.

Tradução: Elisa Parente (parenteelisa@gmail.com) / Colaborou: Carlos Mazza (carlosmazza@opovo.com.br) e Samara Cavalcante (samcavalcantee@gmail.com )

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Ronnald Casemiro

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