Foto: DIvulgação

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A trupe d’O Teatro Mágico volta a Fortaleza neste sábado, 16, para mais uma grande apresentação. Desta vez, na Barraca Santa Praia e com o inédito espetáculo “O Tudo Numa Coisa Só“, que trará canções do último disco do grupo, “Grão do Corpo”, além de outras já consagradas.

Em mais de dez anos de carreira, O Teatro Mágico já lançou quatro CDs de estúdio, três DVDs e um álbum ao vivo. Com isso, já vendeu mais de três milhões de discos e 450 mil DVDs, mesmo tendo disponibilizado todo o material para download gratuito, que é uma das bandeiras levantadas pelo grupo.

Atualmente, O Teatro Mágico é formado por Daniel Santiago (guitarra e direção musical), Serginho Carvalho (contra-baixo), Rafael dos Santos (bateria), Ricardo Braga (percussão), Guilherme Ribeiro (teclados), e com as artistas performáticas Andrea Barbour e Kátia Tortorella. Além do vocalista Fernando Anitelli, líder da trupe.

Foto: Divulgação

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O cantor conversou com o Ceará & Rock e, em um longo e descontraído bate-papo, falou sobre as várias mudanças na formação e na sonoridade do grupo. Anitelli também falou sobre a polêmica com o produtor Rick Bonadio, lamentou a situação política no Brasil e na América Latina e citou suas inspirações para compor. Confira a entrevista:

Ceará & Rock: São mais de 10 anos de estrada e uma batalha imensa pela boa música. Como você define O Teatro Mágico?

Fernando Anitelli: O Teatro Mágico continua sendo uma experiência, uma possibilidade de poder juntar variadas expressões artísticas, falando sobre questões do cotidiano, defendendo música livre e acessibilidade. São onze anos Luta, de experiências, encontros… Cada álbum, cada momento, cada possibilidade de show… Não sabemos como será o próximo. Sempre mudamos tudo…

C&R: Vários músicos passaram pel’O Teatro Mágico. Qual a razão pra tantas mudanças na Formação?

FA: É justamente isso! Desde o início, imaginei que pudesse ser como uma peça de teatro, vários personagens, sempre buscando maturidade, saúde, nova idéias… Isso que tem acontecido nesses 11 anos. Mais de 30 artistas já passaram pelo TM, gravando, na estrada. A gente se orgulha. Sempre fui fã de todo mundo que passou, deixou marca e faz parte da história d’O Teatro Mágico.

C&R: A saída do Galdino foi a mais sentida pelo público da banda. Em quais circunstancias ela aconteceu?

FA: Ocorreu de uma maneira natural. É um grande compositor. Foram 10 anos, dois discos. Aí ele decidiu: “Agora dou razão à minha obra, que faço acontecer ou não sei quando vai acontecer“. Precisa dá atenção a outro projeto, saber divulgar, saber com quem fazer parceria, quem tá ouvindo, onde levar…

Tive a honra de sempre ter grandes músicos compositores. Guilherme Ribeiros. Daniel Santiago, Serginho com apresentações, Tiago Espírito Santo, fez turnê, também tinha CD. Tá no Brasil divulgado. Temos que compreender que é o reflexo da própria vida.
Encontros têm que ser honrado e as despedidas também…

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C&R: Você sempre pregou pela música livre e sempre disponibilizou tudo do TM para download, isso inclusive fez com que você tivesse certo atrito com o produtor Rick Bonadio. Como você observa a indústria fonográfica atualmente e o que você acha que deveria ser diferente?

FA: Ela (indústria fonográfica) deixou de conversar, de se adaptar às novas tecnologias, redes sociais. Hoje o fã é protagonista, é ativista da banda. A música tem que ser executada, você só vai saber que ela existe se você escutar. Precisa do ar, igual passarinho. A gente acha que protege essa música quando deixa de tocar, não é assim, a gente protege quando deixa as pessoas escutarem. É normal que quem é do passado se intimide com a nova geração que gera capital pra um grupo, uma trupe, isso se transforma num case. É referência, mas assusta. É falta de informação, quando se rebela contra as possibilidades da rede.

C&R: Em 2010, você participou do Fórum Social Mundial, que contou com a participação de várias autoridades, como Hugo Chávez e Evo Morales. Como foi essa participação? E como você define essas figuras?

FA: A participação se deu em função da Via Campesina. Sempre tivemos aproximação com os movimentos sociais, fazendo apresentações, dando oficinas, palestras… Gravamos canção da terra, que é o hino do Movimento Campesina há mais de 10 anos. Foi a primeira vez que a Globo deu espaço pra uma música livre. Fizemos um acordo pra que a música fosse disponibilizada pra download gratuito. Foi a primeira vez que a som livre fez um acordo desse tipo. O pessoal convidou a gente. Com Gustavo Anitelli, meu irmão, meu parceiro de composição. O GOG, um rapper de Brasília, que cantou comigo. Foi muito bacana.

Sobre o Hugo Cháves e o Evo, foram muito queridos. Pessoas que têm um olhar especial, um olhar que foi esquecido pela população. São expoentes. Temos que saber o que é positivo e negativo. É fundamental, dentro da política da America latina. Tá acontecendo, depois da morte do Hugo, angústia na população. É importante sintetizar, argumentar de uma maneira mais completa. Vemos figuras passar, em algum momento isso também é referencial.

C&R: Aproveitando o assunto de política. Hoje vivemos um momento bem conturbado no que se refere a isso. Como tudo isso te inspira no momento de compor? E como o Fernando Anitelli se posiciona?

FA: Me inspiram, pois a gente sente a necessidade de relatar na obra. A arte tá intrinsecamente ligada à política. Tem provocação, questionamento. Me inspiram no que queremos falar. O porquê, o pra que das coisas. Sempre busco uma opinião. Final de letra tem que ter uma argumentação, sempre busco botar o que penso, deixar, terminar com algo que deixe uma reflexão. N’O Teatro Mágico, tá expressa minha opinião sobre política, sobre direitos da mulher, homofobia, racismo. O que a gente repudia, aplaude…

Tem quem se inflamar, saber o motivo pra tá lutando, do que se trata. Vejo as pessoas muitas vezes equivocadas, saindo pra uma micareta nacionalista. Tem que saber unificar a pauta, reconhecer erros. Olhar pra população, ter uma visão mais humana, com mais amor. Amor que traz revolução. A maneira como a mídia se impõe. Roubalheira, corrupção. Isso não é de agora. Tem que se contextualizar, se posicionar. Não ficar neutro e ser levado pela correnteza.

C&R: A partir do álbum ‘Sociedade do Espetáculo’, o TM começou a passar por uma grande mudança, que ia desde o cenário e maquiagem, até os arranjos das canções. Isso se deve muito a entrada do grande músico Daniel Santiago. Você acha que o público recebeu bem essa mudança? Vocês estão satisfeitos com os rumos que estão tomando?

FA: Super satisfeito, feliz da vida. Ainda temos muito pra caminhar, mas gosto dos rumos que estamos tomando. Seja em relação a composição, parte sonora, texturas, timbres. Sem fidelidade. Músicos completos. Me orgulho muito de todos os álbuns, formações. Coisa natural. A cada álbum o fã reclama das mudanças. “Ah, vocês perderam a essência, tá diferente do anterior”. Que bom! Jamais quisemos repetir o que fizemos. A grande constância d’O Teatro Mágico é a nossa própria mutação.

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C&R: O que podemos esperar desse show em Fortaleza?

FA: Vamos trazer Músicas do ‘Grão do Corpo’. ‘Sociedade do Espetáculo’ é um álbum que, no começo, as pessoas pensaram: “Nossa, que sonoridade é essa?”, mas que possui grandes canções, que proporcionou uma parceria com Dave Matthews Band. A gente busca isso. O ‘grão’, por exemplo, que tem uma capa preta. Perguntaram: “cadê as cores?” Depois de 3 álbuns de estúdio, dois ao vivos, não quisemos colocar cor. O preto com o grão, que vai germinar o inicio do impulso.

O disco tem músicas que foram muito bem recebidas. “Mãos aos Desolados”, “Sol e a Peneira”, “Partilha”, “Quando a Fé Ruge”… A gente foi experimentando esses conceitos que têm haver com nossa atualidade. Agora, a gente completa um ano de lançamento do álbum. Divulgar um álbum em ano de copa, de eleição… Não é fácil. No meio do ano, entraremos em estúdio pra começar a preparar um novo disco e lançar o álbum já no começo do ano que vem. Vai ser um show lúdico, com poesia, provocação…

Serviço:
Show: “O TUDO NUMA COISA SÓ” com O TEATRO MÁGICO
Dia: 16 de maio (sábado – Única apresentação)
Horário: a partir das 22h
Local: Barraca Santa Praia (Av. Zezé Diogo, 3345 – ao lado da Barraca Croco Beach – Praia do Futuro)
Ingressos: Pista R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia) | Camarote: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia)
Pontos de Venda: Santa Praia, Quiosque da Bilheteria Virtual (Shoping Del Paseo – 3 piso) e no site.

Veja vídeos d’O Teatro Mágico:

O Teatro Mágico – O Sol e a Peneira

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=2vBmadJJJKw[/youtube]

O Teatro Mágico – Mãos aos Desolados

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=J1KYAtBznug&index=3&list=PLSOJU68TzHu0ajmubcAKdpdnWyCvrmUan[/youtube]

O Teatro Mágico – Nosso Pequeno Castelo

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=wWs2dqKRgdI&list=PLSOJU68TzHu0ajmubcAKdpdnWyCvrmUan&index=4[/youtube]

O Teatro Mágico – Amanhã…Será?

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=smyyQfsPhBs&list=PLSOJU68TzHu0ajmubcAKdpdnWyCvrmUan&index=7[/youtube]

O Teatro Mágico – Esse Mundo Não Vale o Mundo

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=i1y7Es1S_oM&list=PLSOJU68TzHu0ajmubcAKdpdnWyCvrmUan&index=9[/youtube]

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Ronnald Casemiro

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