Foto: Divulgação

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Nesta sexta-feira, 29, o Angra volta a Fortaleza para o lançamento do disco “Secret Garden”, o oitavo de estúdio da banda e primeiro após quatro anos, além de marcar as estreias de Bruno Valverde, na bateria, e do conceituado vocalista italiano Fabio Lione. O show acontece no Siará Hall, a partir das 21 horas e contará com abertura da banda cearense Coldness.

Além dos estreantes, o Angra conta também com o guitarrista Kiko Loureiro, que acaba de ser anunciado como novo guitarrista do consagrado grupo de thrash metal Megadeth, o baixista Felipe Andreoli, que falou com exclusividade ao Ceará & Rock em abril, e o guitarrista Rafael Bittencourt.

Rafael é um dos fundadores da banda, além de ser o principal compositor e de ter assumido papel de vocalista da banda, ao lado de Fábio. Ele conversou exclusivamente com o Ceará & Rock e, em um longo papo falou sobre o novo disco, confirmou o Lione como vocalista do grupo, respondeu o ex-companheiro Aquiles Priester e ainda afirmou achar que Kiko Loureiro não fique muito tempo no Megadeth. Confira:

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Ceará & Rock: Pra começar, gostaria que você falasse um pouco sobre o “Secret Garden”. O que pensou quando ouviu o disco pela primeira vez? O que pensa sobre ele? E como você tem notado a receptividade do público em relação ao disco?

Rafael Bittencourt: Bom, quando eu ouvi pela primeira vez, eu senti muito orgulho. Eu acho que a gente fez um disco muito bom, de qualidade das músicas, do som, o entrosamento. Eu acho que a gente apresenta muitas novidades, mas, ao mesmo tempo, se manteve ao que as pessoas esperam, sem frustrar a expectativa das pessoas e, depois de tantos anos sem lançar um CD de inéditas, é sempre muito difícil você voltar apresentando algo; é como o artista ta sempre se transformando, você faz um CD a cada dois anos, a impressão que o fã tem dessas transformações é mais natural do que quando se passam cinco, oito anos, que você se transformou tanto, que periga dos fãs não te reconhecerem. Mas eu acho que a gente conseguiu um bom equilíbrio.

Eu penso que é um CD que marca um momento muito importante na carreira do Angra, um momento em que todos estão muito animados, muito motivados.

A receptividade tem sido excelente. Estivemos no Japão, recebendo impressões do Brasil, de fora do Brasil. Eu acho que a grande maioria é de pessoas que têm aceitado e se surpreendido com o disco.

C&R: Sobre o Fabio Lione, como ele contribuiu com o disco? Além dos vocais, claro.

RB: Primeiro de tudo, a atmosfera, o Fábio é um cara muito tranqüilo, muito de paz… E isso já uma grande contribuição pra dinâmica do grupo. Também trouxe idéias pra melodias, sugestões pras músicas… E são sugestões diferentes das que normalmente a gente tem; a nossa maneira de pensar melodia é diferente da que o Fábio pensa, então acrescenta, acrescenta muito. De várias maneiras; ele trouxe também as impressões de como é a cena na Europa, o que o público europeu espera. Além do Rhapsody of Fire, ele já trabalhou com o Kamelot e outras bandas e isso dá pra ele uma noção, um conhecimento sobre a expectativa dos fãs muito grande.

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C&R: Como surgiu a ideia de convidar Fabio e como aconteceu o convite?

RB: A gente foi convidado pra tocar num cruzeiro chamado ‘70000 Tons of Metal’, dois anos atrás, um cruzeiro que sai de Miami, passeia pelas Bahamas e volta, cheio de bandas do mundo inteiro. Nós dissemos ao produtor do cruzeiro que estávamos sem vocalista, mas ele logo retrucou dizendo que não tinha problema, que ele queria ouvir o Angra e as músicas do Angra, que bastava a gente encontrar um vocalista. Isso deixou a gente muito feliz e motivado, pois pela primeira vez nós não nos sentimos órfãos de um vocalista, a gente percebeu que as músicas tinham uma importância. Ele sugeriu o Fabio Lione e nós achamos uma ótima ideia, pois o Fabio sempre foi muito próximo da banda, por conta do público ser muito parecido, tivemos gravadoras e empresário parecidos, então a gente sempre teve um contato muito próximo.

Então, nós convidamos ele pra fazer os shows, que foram muito bons, fizemos outros shows no Brasil, América Latina… E, aos poucos, fomos percebendo a grande aceitação e que ele casava muito bem com o estilo da banda. Foi muito natural quando nós decidimos que ele seria o vocalista definitvo.

C&R: E o público, como tem recebido ele?

RB: O público tem recebido muito bem. Eu acho que o público brasileiro é um pouco mais radical no sentido de patriotismo, no sentido de defender a posição de ter um vocalista brasileiro, mas no Japão, na Europa e em todo resto do mundo, onde a gente tem andado, a aceitação tem sido de 100%.

C&R: Hoje ele ‘tá’ vocalista do Angra ou podemos dizer que ele ‘É’, oficialmente, o vocalista da banda?

RB: Não tem muita diferença. Ele é o vocalista até o momento que ele entende que ele tem que ir embora, seguir o caminho dele. O que nós aprendemos com as outras formações é que você não consegue obrigar ninguém a estar com você, e ele também não estar obrigado a estar com a gente, ele tá porque quer e nós também queremos. Ele é o vocalista da banda e, enquanto tiver rolando legal, enquanto ele tiver satisfeito e nós também, vai continuar sendo e eu espero que isso seja por muito tempo.

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C&R: Além de Lione, você tem assumido um papel fundamental também como vocalista. Como decidiu que era hora de ter mais essa responsabilidade?

RB: Quando o Edu saiu, nós nos sentimos muito dependentes de um vocalista e, até quando produtor do ‘70000 Tons of Metal’ disse que queria ouvir as músicas, nós ficamos muito feliz. Nós decidimos, também, que era oportuno mostrar que nós não somos tão dependentes de um vocalista, que o cerne da banda, de compositores, está lá e que isso é uma coisa muito importante pra que a banda continue, que a gente pode contratar outros vocalistas, porque tendo boas músicas, você pode ter um vocalista bom, pra interpretar. E eu decidi também, simplesmente, porque eu quis, eu gosto de cantar, muito; muito mais pra satisfazer uma vontade pessoal minha. Acho que também é uma surpresa que a gente apresenta pro público, pra mostrar também que a banda se renova, ta sempre pesquisando, melhorando… O Kiko tá cada vez melhor no piano e eu cantando… Quer dizer, sempre se renovar e apresentar uma surpresa pro público, sem que você fique fazendo a mesma coisa a vida inteira.

C&R: Em 25 anos de história, o Angra passou por uma série de mudanças na formação. Vários nomes passaram pelo grupo, como André Matos, Ricardo Confessori, Luiz Mariutti, Aquiles Priester, Edu Falaschi… Eu gostaria de falar, principalmente, dos dois últimos. Em quais circunstancia ocorreram essas saídas e qual relação você mantém com eles?

RB: O Aquiles saiu da banda por causar muito problema. Ele conseguiu uma antipatia de todos dentro do grupo, porque tanto profissionalmente, quanto pessoalmente, ele conseguiu pisar na bola com todos dentro do grupo. Eu prefiro não entrar em detalhes, mas a tolerância com relação ao comportamento dele se esgotou.

O Edu… Acho que as pessoas sabem, ficou muito público, na época; ele teve problemas nas cordas vocais e isso atrapalhou o desempenho dele, dentro do grupo, juntamente com isso, ele se desentendeu com o Kiko, principalmente, e acabou desgastando a relação. Eu mantenho uma relação boa com o Edu, a gente faz uns trabalhos juntos, eventualmente, e existe uma admiração, mútua, muito grande; tanto eu admiro ele, muito, quanto ele a mim, acredito. E um carinho… Eu me sinto muito grato por tudo que o Edu trouxe pro grupo e eu acho que essa gratidão é recíproca também.

Com o Aquiles eu não mantenho mais contato e nem tenho vontade.

C&R: Em novembro, Aquiles passou por Fortaleza e deu algumas declaração sobre o tempo em que passou no Angra, criticando diretamente você e Kiko Loureiro, o que você poderia dizer sobre essas declarações? As declarações podem ser conferidas clicando aqui.

RB: Esse é um assunto cheio de detalhes, o que ele fala não condiz com a realidade ou como eu vejo a situação, mas também não gosto de expor esses detalhes e transformar as entrevistas ou os meios de comunicação em fofoca, então ele fala o que ele bem entende e eu não quero entrar em detalhes por não querer fazer o jogo dele.

A banda não acabou. Não quero dar nenhuma declaração sobre isso, é uma opinião dele e não quero ficar fazendo ‘mimimi’, que isso aí eu não gosto. Eu não gosto… ele fala “Imbecis”, fica me xingando, dizendo que “proíbem”, isso, aquilo… Nós tivemos problemas com os merchandising de todos dentro da banda e foi decidido por todos que não seria feito… E quando alguém gerencia uma banda, dita algumas regras, da mesma maneira que ele dita as regras lá no Hangar. É normal! Justamente, por não concordar e por não estar afinado com a maneira que vai ser feito, ele saiu. Agora, ficar chorando que nem criança, que tá traumatizado… Isso é se fazer de vítima, e a última coisa que ele foi, nessa situação, é vítima. Isso é tudo que eu posso dizer.

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C&R: A parceria Kiko Loureiro-Rafael Bittencourt é, além de duradoura e eficiente, uma das mais bem sucedidas no gênero em todo o planeta. O Kiko Loureiro acaba de ser anunciado como guitarrista do Megadeth. Existe alguma possibilidade dessa parceria acabar? Vocês já chegaram a falar sobre isso?

RB: Nós temos uma agenda de shows, até o ano que vem; passamos pelo Japão, temos várias cidades do Brasil e América Latina, vamos pra Europa, participar do Wacken, que é o maior festival de heavy metal da Europa, vamos participar de um festival na Itália; a gente também vai ao Prog-Power, nos Estados Unidos, mais uma vez provando que a banda não acabou e a parceria, sim, é muito duradoura e eficiente. Ele nos garantiu que vai atender a esses compromissos todos, a todos esses festivais; inclusive a gente toca no Rock in Rio em setembro, aqui no Brasil. São vários festivais, vários compromisso importantes e o Kiko estará com a gente.

No ano que vem, vai ser um pouco mais complicado, já que o Megadeth vai ta em turnê e o Angra também, mas eu acho que a estadia dele no Megadeth provavelmente é temporária, porque os guitarristas duram pouco, por conta da personalidade do Dave Mustaine, então não acho que o Kiko vá ficar tanto tempo lá, porque ele também vai se sentir limitado, eventualmente, com as limitações musicais. Mas se ele resolver sair do Angra, ainda assim, acredito que teremos muitas outras oportunidades de gravar outros trabalhos juntos, seja no Angra ou fora do Angra.

Todos estamos muito orgulhosos pelo Kiko ter entrado no Megadeth, isso tem trazido uma mídia boa, uma atenção pro Angra. Ele também tá muito feliz, ta conquistando coisas, fazendo contatos, isso ta trazendo uma atenção pro Angra. Acredito que eu e o Kiko ainda vamos escrever muitas músicas e gravar, não só no Angra, mas outras coisas, duos de violões, coisas com outros cantores ou cantoras. Existem muitas ideias ainda pra gente poder explorar.

C&R: Quais as suas expectativas para 2015, tanto individualmente, quanto com o Angra?

RB: Como eu disse, são vários shows, vários festivais importantes com o Angra. A aceitação do CD tem sido muito boa; estivemos no Japão, agora, foi uma das melhores turnês que já fizemos, fomos muito elogiados e vamos continuar viajando pelo Brasil e pelo mundo, pra mostrar a execução do CD ao vivo. Acho que, depois que a banda toca as músicas de um CD ao vivo, é que realmente pode confirmar se aquelas músicas são legais ou não, porque as pessoas têm outra impressão.

Eu ainda tenho alguns shows do Bittencourt Project pra fazer; de um projeto do Proac; alguns shows em alguns bares, patrocinado pela Sociedade da Cerveja, que é da Ambev. Estou escrevendo uma coluna pra revista Total Guitar, estou dando um curso na escola EM&T, que se chama ‘Rafael dá a letra’, um curso de composição e musicalização, escrevo pro site ‘Receitas de Viver’, eventualmente, tô retomando o conteúdo do meu canal no Youtube e das mídias sociais, que é ‘RBittencourtOn’.

Estou muito feliz pelo momento que estou vivendo na minha carreira.

 

angra-fortalezaServiço

O que: Angra

Abertura: Coldness

Onde: Siará Hall

Quando: 29 de maio, a partir das 21 horas

Ingressos: R$ 67,00 (pista) – R$ 82,00 (Front Stage) –

Pontos de vendas: Clikks Eyewear, Loja Parada do Rock e Ingressando.

Realização: Empire e Backout Discos

Confira vídeos do Angra:

Angra – Final Light

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=yp1vXOiKVgk[/youtube]

Angra – Storm Of Emotions

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=bSnZ4bFpM_o[/youtube]

Angra – Stand Away ft. Tarja Turunen

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=JFJkCdOUEQg[/youtube]

 

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Ronnald Casemiro

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