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No dia Mundial do Rock, o Ceará & Rock decidiu lembrar os responsáveis por fazer o estilo funcionar no Ceará, que são os músicos de bandas já conhecidas pelo público roqueiro do Estado. Numa homenagem a eles mesmos, grandes nomes cearenses do gênero responderam cinco perguntas sobre o estilo, suas preferências e sobre uma possível crise no Rock nacional.

Responderam às perguntas a vocalista Luciana Lívia, da banda Mafalda Morfina; o cantor Caike Falcão; o vocalista da banda Old Books Room, Reinaldo Ferreira; Paulo Lima, vocalista da banda Falácia; Lucas Colares Augusto, guitarrista da banda Jack The Joker; Maurílio Fernandes, vocalista do Switch Stance e Rocca Vegas; Rafael Martins, guitarrista e vocalista da banda Selvagens à Procura de Lei; e o cantor e guitarrista Felipe Cazaux. Confira:

A maior banda de Rock de todos os tempos?

Luciana Lívia: Beatles!

Caike Falcão: Eu ia dizer que Beatles foi a maior banda de rock. Mas… Eles tinham aquele lance de mídia e tal, então vou no Led Zeppelin, que era cruzao, bem rock’n’roll, e ainda tinha coragem pra misturar estilos aleatórios, como música marroquina e tal.

Reinaldo Ferreira: Acredito que a maior banda de rock de todos os tempos seja a banda britânica Pink Floyd. Além de ser uma banda que apresenta um trabalho gigantesco e maravilhoso, eles aliaram técnica e emoção nas suas músicas, não é fácil passar tanto tempo realmente na ativa, além de influenciar uma gama de artistas que vieram depois, seu som foi inovador, experimental, e muito poderoso, com mentes supercriativas dentro de uma única banda, fantástica.

Paulo Lima: Não citarei a maior banda de rock e sim três artistas que, em minha opinião, são bem versáteis e originais: Raul Seixas, Janis Joplin e Jello Biafra (ex Dead Kennedys)

Lucas Colares: Acho que Iron Maiden e Metallica dividem esse título pela grandeza de seus nomes e de suas produções. Mas isso não necessariamente representa o gosto da maioria, apesar de ser um pouco unânime.

Maurílio Fernandes: Pink Floyd

Rafael Martins: Pra mim, Beatles. Existem várias grandes bandas de Rock de todos os tempos, poderia citar os Rolling Stones, Led Zeppelin e Pink Floyd, que tem uma relevância artística e comercial tão forte quanto os Beatles, mas os fab four sempre vão ser uma ótima referência no Rock em todos os sentidos.

Felipe Cazaux: Acredito que pela quantidade de bandas influenciadas, a Maior banda é The Beatles. É uma banda que foi adorada inclusive por outros ídolos né…

O melhor disco que já ouviu?

Luciana Lívia: “O dia em que a Terra parou”, de Raul Santos Seixas.

Caike Falcão: O melhor disco que já ouvi, quase não consigo responder, mas eu vou ser bem clichê, pq realmente não dá pra ser diferente. É um disco completo, bem conciso, então vou de “Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd.

Reinaldo Ferreira: É difícil definir um disco somente, escutei discos maravilhosos, de várias vertentes do mundo do rock and roll, até fora dele também, vou citar um clássico, que foi muito importante pra minha formação e concepção no mundo da música, o “Nevermind”, do Nirvana, algo tão forte, que me marcou, e até hoje, continuo gostando pra caramba desse disco, como não gostar né?

Paulo Lima: Destaco dois dos inúmeros que já ouvi. São eles : “Pearl”, da Janis Joplin e “Novo Aeon”, de Raul Seixas.

Lucas Colares: “Scenes From a Memory”, do Dream Theater

Maurílio Fernandes: “Full Circle”, do Pennywise

Rafael Martins: Gosto bastante de vários discos, não só de rock. Se fosse para dizer o melhor disco de rock que já ouvi, seria o “The Dark Side Of The Moon”, do Pink Floyd. Esse disco pra mim é uma obra-prima do rock, tem muito feeling nas interpretações, letras fortes e na época em que foi lançado deve ter sido uma revolução aos ouvidos de muita gente. Quando ouvi pela primeira vez já sabia que aquela não seria a última, escutei muito mesmo, já faz parte da trilha sonora da minha vida. Disco bom é aquele que você gosta porque: Disco bom é aquele que entra na sua cabeça e no seu coração sem pedir licença, a cada audição vai tomando conta de você e fazendo parte do seu dia a dia, mudando o seu jeito de encarar o mundo, a vida.

Felipe Cazaux: Essa é muito difícil, vou citar alguns dos favoritos: Sgt. Peppers-  Beatles; Dark side of the moon-  Pink Floyd; Axis Bold as Love-  Jimi Hendrix; vol. IV – led Zeppelin; Black álbum-  Metallica.

Como enxerga o Rock no Ceará?

Luciana Lívia: Acho ele forte e sempre presente. É uma realidade da década de 70 pra cá. Bandas como O Peso, Os Faraós, Jumenta Parida, Alegoria da Caverna, 2Fuzz, Switch Stance, O Sonso, Enverso, Di Dóris, Sobre o Fim, Selvagens, Glauco King & The Wert Wolves, Obskure, Renegados, Artur Menezes, Mafalda Morfina, todas têm uma identidade que acrescentam ao rock estadual e nacional. Muitas bandas novas também têm surgido, e assim que tem que ser. Claro que sempre houve dificuldades, falta de espaço para tocar, falta de união ou incentivo, mas acredito que estejamos evoluindo mais, a cada década, ano e dia. O importante é que os artistas daqui acreditem em seus próprios trabalhos e gerem movimentação ao cenário. Uma produção constante. Pois na terra de Belchior (rockeiro em essência) há muito talento!

Caike Falcão: Acho que o rock cearense teve altos e baixos, mas sempre bem representado; desde Belchior até hoje, com Selvagens e Cidadão Instigado, por exemplo. Acho que nós temos grandes expoentes, mas muitas vezes preferimos valorizar o que vem de fora. Entretanto, vejo uma cena muito boa, no sentido de qualidade, mas ainda engatinhando no sentido de público/reconhecimento/visibilidade e, claro, lucro, porque todo roqueiro que sonha viver de música tem conta pra pagar hehehe.

Reinaldo Ferreira: Cara, eu enxergo o rock no ceará por um lado muito positivo, sinto uma efervescência gritante de bandas que buscam seu espaço, alias, muita banda pra pouco espaço, mas os espaços estão crescendo também, tudo é interligado, as bandas estão se unindo, se organizando, participando do dia a dia uma da outra, e isso é muito importante, alias, é fundamental, sinto isso na cena do ceará, e não é de hoje, acredito que ela ainda vai crescer muito mais, e me sinto feliz de participar de tudo isso.

Paulo Lima: O rock no Ceará está crescente, evolutivo e intenso a cada dia que se passa. Isso deve-se às associações, produtoras e órgãos públicos que visam fortalecer e fomentar a música autoral em nosso estado. Festivais com bandas covers não contribuem para essa identidade.

Lucas Colares: Em desenvolvimento, mas difere menos do que pensamos das outras capitais.

Maurílio Fernandes: O rock no Ceará está um pouco perdido e sem referencia. Além de uma alta qualidade de bandas e musicos e poucas oportunidades, o Ceará consegue se destacar. Vejo como uma grande panela de pressão. Muita coisa boa acontecendo mas presa e sem direção.

Rafael Martins: Tem muito roqueiro cearense, muito mesmo. Gente que coleciona álbuns, vinis, dvds. São os roqueiros caseiros: não vão muito aos shows, mas são fieis ao rock há muito tempo e entendem demais do assunto. Por outro lado, existe um público que vai aos shows de rock, que compra ingresso e vai pra curtir a noite, se divertir. Pra se ter ideia, em todos os shows que fizemos em Fortaleza tem uma galera de outras cidades que sempre marca presença: Guaiuba, Sobral, Quixadá, Maranguape, Pacatuba. Vários eventos e festivais que tinham os pés fincados no rock saíram do calendário anual da cidade, mas vale citar que nos últimos anos vários espaços foram abertos pra você tocar com a sua banda autoral (Dragão do Mar, Festival Maloca, Órbita Bar, Cuca, Rock Cordel, Festival Ponto Ce, etc.). Fortaleza também entrou na rota de várias bandas internacionais que estavam em turnê pelo Brasil, realizando o sonho de muito roqueiro. Eu enxergo o rock no Ceará como uma coisa libertadora pra muita gente.

Felipe Cazaux: Acredito que se confunde muito o Rock com outros estilos em Fortaleza, temos bons músicos, mas falta atitude Rock. Nas periferias, as bandas têm mais disso, mas menos recursos e isso faz com que não exista ainda um balanço na equação. Mas com perseverança a cena está melhorando.

O que é ser roqueiro?

Luciana Lívia: Para mim é uma questão de corpo, mente e espírito; É mais atitude na vida do que qualquer coisa; Ser inquieto ou causar inquietação; Questionar o mundo ao seu redor, estar sempre atento; Manter o espírito jovem; Gostar de canções intelectualizadas e poéticas e, por fim, jamais ser um conformista.

Caike Falcão: Acho que “roqueiro” é mais que um título, rótulo. Roqueiro é estilo de vida. O roqueiro sempre vai questionar, sempre vai bater de frente com tabus. O roqueiro não tá muito preocupado, além do que ele quer sentir. Tipo, falo por mim, cansei de ir pra lugares “finos”, mas me vestindo normal, barbado, tatuado. Não que isso seja um estereótipo de roqueiro – mesmo sendo -, mas porque eu gosto de ser assim e não tô nem aí pro que pensam. Se eu tô bem, tá massa. O roqueiro é a oposição hehehe.

Reinaldo Ferreira: Ser roqueiro é acreditar no seu sonho, por mais difícil que seja, ser roqueiro é nadar contra a corrente, é lutar até o fim por aquilo que você acredita, sem desistir jamais, mesmo que o mundo te diga um não, ser roqueiro é ser ‘louco”, apesar da maior loucura é se achar “normal” nesse mundo.

Paulo Lima: Ser roqueiro é: manter as atitudes em dias, não dar a mínima para opiniões alheias sobre seu jeito e pensar, se vestir e a música que ouve. Ser bem politizado e ter uma consciência social.

Lucas Colares: Ser roqueiro depende de quem ouve. E depende do rock. Tem ‘nego’ que curte a filosofia do punk rock, de ser doidão… Tem gente que curte se vestir a caráter, eu prefiro apenas ouvir e tocar mesmo.

Maurílio Fernandes: Ser Roqueiro é mais do que gostar do estilo musical. É ter um estilo de vida diferente, é ser Intenso, autêntico e revolucionário.

Rafael Martins: É querer botar pra fora o que te faz mal, exercer a sua liberdade de expressão, é ter coragem de passar uma ideia com o seu instrumento ou com a sua voz… é fonte de juventude.

Felipe Cazaux: Ser roqueiro, ao meu ver, vai além do gosto musical, é um estilo de vida, aberto a novidades, questionador dos costumes ditos comuns e dos tabus impostos pela sociedade, é a vontade de chocar e mostrar que todos são diferentes e que isso é bom, as pessoas são independentes e podem viver em harmonia, respeitando as diferenças.

Existe uma crise no Rock?

Luciana Lívia: Sim. O rock nacional, por exemplo, não é o mesmo que foi da década de 90 pra trás. Mas o mercado é cíclico. Ótimas bandas e cantores estão surgindo no meio alternativo, onde a grande mídia não alcança. Acredito que “de repente tudo fica em seu lugar”. O rock voltará ao topo!

Caike Falcão: Não acho que tenha uma crise. O que acontece é que as pessoas se pautam pela mídia, e, de repente, o rock não era mais lucrativo para ela. E, então, o rock saiu dos olhos do grande público, mas isso não quer dizer que tenha parado de ter boas bandas. Lá em 2010, quando os coloridos tavam em alta, tinha muita coisa rock’n’roll rolando por trás daquilo tudo. Agora assim, era pra quem realmente curtia e ia atrás de conhecer. Até hoje ainda é assim, mas agora a internet tá bem mais forte do que há cinco anos, e então meio que nivela as coisas, pois bandas explodem primeiro na web. Como a Scalene, que hoje tá no Superstar, da Globo. Fui a um show dos caras há uns dois anos, aqui em Fortaleza, e pouca gente conhecia.

Reinaldo Ferreira: Acredito que não, rock se renova, ele nasce do fundo do posso, ele se reinventa, ele é transgressor, rock and roll é isso, por isso acredito seriamente que ele nunca vai morrer. Cada menino ou menina que vai a um show de rock adquire o espírito do rock and roll, e é isso ai.

Paulo Lima: A crise no rock está apenas na cabeça dos produtores que estão no mainstream. Pois se você fizer uma busca ampla na internet, sobre a atual situação do rock, verás que em todos os cantos do planeta o rock está revigorado e bem vivo. Acontece que há um tempo era possível contar as bandas referências e de boa qualidade que chegavam para consumirmos. Mas com o advento da internet você tem inúmeras opções de bandas, festivais e outras coisas relacionadas ao estilo musical rock.

Lucas Colares: O rock vai na contra-mão do que se faz no Brasil: a produção de música para a massa, que é empurrada goela abaixo pelas emissoras de radio/tv, salvo algumas exceções. Mesmo assim, o estilo nunca decresceu e a divulgação continua se expandindo em outros meios, principalmente na internet. O ceará tem sido berço de algumas bandas significativas pro cenário nacional e a internet tem ajudado a quebrar barreiras, inclusive a do preconceito inter-regional.

Maurílio Fernandes: Sim, existe! Na música em geral acredito que está em crise. Infelizmente o parâmetros e valores do que é bacana ou ruim está indo além da música. O comportamento e a moda está falando alto e passando por cima da própria música.

Rafael Martins: Acho que quem está em crise não é o gênero rock, mas sim o mercado da música. Estamos em uma época incerta, ninguém sabe direito o que vem por aí, cada vez mais estão criando estratégias criativas pra tentar alavancar vendas, publicidade e tudo isso. Para toda crise existe uma oportunidade, e é nessas horas em que uma banda, um disco, pode fazer muito barulho. O rock sempre será uma fonte de inspiração para todos os movimentos culturais do mundo, não existe outro gênero tão revolucionário quanto.

Felipe Cazaux: Não existe crise, isso é coisa de quem procura cabelo em sapo, sempre existirão pessoas querendo ouvir Rock ‘n’ roll, não é música pra qualquer um, tem que estudar pra entender de verdade.

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Ronnald Casemiro

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