Banda quase levou casa de show abaixo com show avassalador (Foto Aflaudísio Dantas)

Banda quase levou casa noturna abaixo com show avassalador (Foto Aflaudísio Dantas)

Há bandas que tem tanto carisma que já parecem nascidas com cheiro de povo. Foi a sensação que os suecos do Enforcer deixaram em sua passagem por Fortaleza, quando tocaram na 7 Live Music totalmente lotada, sábado passado, 5. É bem verdade que o aperto do local contribuiu, mas não é sempre que uma banda entra pra fazer o show no meio do público, que quase não percebeu que, ali, carregando um estojo de baquetas e um latão de Skol estavam o baterista Jonas Wikstrand e o guitarrista e vocalista Olof Wikstrand , respectivamente.

A banda foi bem direta. Passou o som e quase em seguida já mandou o seu Speed/Heavy metal nervoso. O quarteto europeu emendou músicas do mais recente trabalho “From Beyond” (2015), mesclando com sons de álbuns anteriores. A banda surgida na metade da década passada ainda não é figurinha carimbada no mainstream, mas já goza de prestígio e respeito entre os bangers e isso não foi conquistado por acaso.

Existem poucas bandas no mundo com tanto entrosamento aliado à técnica apurada de seus integrantes e um punhado de boas composições. A presença de palco é outra coisa fora do comum no Enforcer. A plateia enlouquecida foi hipnotizada pela eletricidade do grupo. Destaque para o público feminino. Garotas se espremiam na beira do palco e cantavam praticamente todas as canções do set list.

Os rapazes tocaram por pouco mais de uma hora num show frenético. Tiveram o mérito de não perder a atenção do público em momento algum, muito por conta do magnetismo que Olof Wikstrand possui. O homem é digno dos maiores frontmans do mundo do rock. Dentre os fãs amontoados junto ao palco de pouco mais de um metro de altura, uma garota acariciava seus coturnos enquanto ele fazia as bases para o outro guitarrista Joseph Tholl mandar mais um solo. Perto do final da apresentação, Olof ainda ganhou um beijo de uma outra garota.

O baixista Tobias Lindqvist não teve a mesma sorte. Dotado de perícia e disposição para dar ritmo ao som visceral do Enforcer, ele não ganhou beijos e nem carícias. Os fãs demonstraram a felicidade em estar ali batendo com as mãos nas pernas do baixista, acompanhando a batida das músicas. Ele se irritou, mas levou na esportiva.

Após o fim do show, a banda saiu do palco do mesmo modo que entrou: no meio do público. Dessa vez foram aplaudidos por muitos dos presentes, enquanto outros seguiam os metaleiros como se fossem o seu séquito. Olof Wikstrand deu mais uma prova de que a empatia com os fãs não é apenas marketing. Na entrada da 7 Live Music, o músico posou pacientemente para todos os fãs quiseram tirar uma selfie. A começar por um rapaz acompanhado de sua namorada que com todo o traquejo cearense que possuía, pediu para Olof: “please, one picture com my gilfriend”.

O Enforcer deixou uma ótima impressão em Fortaleza. Para além do som cada vez mais sofisticado, violento e vinculado às raízes do heavy metal dos anos 1980, mostraram que sabem como cativar o público e angariar fãs. Uma das maneiras mais eficazes de medir a força de uma banda é pela quantidade de gente batendo cabeça e a intensidade com que as pessoas fazem esse movimento. Sorte da 7 Live Music que seus alicerces são sólidos, porque o show do Enforcer superou a escala Richter.

PROBLEMAS COM A CASA DE SHOW

A Produções 4U pode se orgulhar do show que organizou. No entanto, talvez devessem ter escolhido um lugar diferente para o evento. Quando a casa não estava lotada, o ambiente era agradável. Mas com a lotação ficou evidente que o sistema de ar-condicionado não dava conta da demanda.

A acústica da 7 Live Music também não é das melhores, mas não chegou a comprometer o show de forma grave.

Também houve problemas com a compra de bebidas. O sistema de comprar uma ficha para receber o produto no bar foi prejudicado pelo baixo número atendentes. Eram apenas dois para dar conta de todas as vendas. Filas se formavam e não fazia sentido permanecer ali enquanto o show acontecia nas costas de quem só queria tomar uma cerveja.

Por falar em cerveja, alguns clientes ficaram irritados com uma promoção em que se comprava um combo de 5 garrafas. A reclamação é de que havia divergência entre o anúncio fixado nas paredes e aquilo que os atendentes diziam. A gerência chegou a ser acionada para resolver o caso.

About the Author

Aflaudisio Dantas

Repórter com passagem pelo jornal O Povo. Como membro da equipe de esportes do jornal, atuou na cobertura da Copa do Mundo, em 2014. Também fez coberturas sobre os principais clubes do futebol cearense e escreveu sobre outros esportes. É fascinado por rock e por contar e ouvir boas histórias

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