Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

A banda Scalene foi uma das atrações da última edição do festival Noites Ponto.CE, que aconteceu no último dia 5, no Let’s Go Rock Bar, e contou ainda com apresentação da banda Fresno. Na passagem pela capital cearense, o vocalista Gustavo Bertoni falou com exclusividade ao Ceará & Rock.

+ Festival com Fresno e Scalene tem lugar alterado; fãs criticam
+ Produtora se pronuncia sobre mudança de local de evento com Fresno e Scalene

No bate-papo, conversamos sobre a expectativa que a banda vive pela gravação do primeiro DVD, que ocorre no dia 19 de março. Falamos também das principais influências e inspirações da Scalene para compor, da participação deles no programa SuperStar, da Rede Globo, e do atual momento do rock nacional.

Confira a entrevista com Gustavo Bertoni, vocalista da banda Scalene:

Ceará & Rock: Queria começar falando um pouco sobre o estilo banda, que é bem característico. Como a Scalene chegou a essa sonoridade, quais as principais influências de vocês e como vocês definiriam o estilo da banda?

Gustavo Bertoni: Sempre nos preocupamos em fazer o som que nós mesmos queríamos ouvir. Acho que essa é a maior característica da nossa música: ela tem a nossa cara. Gostamos de vários tipos de música e tentamos ouvir de tudo um pouco. Tentamos absorver o que cada estilo tem de bom e acabamos agregando isso ao nosso som. Nossas influências são bem variadas, escutamos de Beatles à Mastodon. Buscamos coisas novas todos os dias para explorarmos novas sonoridades. Ultimamente temos curtido muito Nothing But Thieves, O’Brother, James Blake, LeQuà e Queens of the Stone Age.

C&R: As composições de vocês também diferem a Scalene de outras bandas. Vocês abordam temas do cotidiano, mas também vão além disso. Há, por exemplo, ‘Danse Macabre’, que é baseada no seriado ‘Dexter’, o nome do último disco, ‘Éter’, que é um termo vindo da Grécia antiga e representa um quinto elemento. Como funciona o processo de composição de vocês? 

GB: A maioria das músicas surge a partir da parte instrumental. Isso dá o norte para que possamos pensar em uma letra ou um tema que se relacione com a sonoridade, com o sentimento que aquelas harmonias e melodias nos passam. Não nos prendemos a nenhum tema e gostamos de explorar assuntos que não são tão convencionais na música nacional. Escrevemos sobre nossas experiências pessoais, assuntos que nos instigam ou revoltam, sobre coisas que lemos ou assistimos em filmes e séries. Também gostamos do desafio de fazer músicas sobre coisas complexas, que vai exigir tanto de nós como compositores como do ouvinte ao interpretar a letra. 

C&R: É impossível falar de Scalene e não lembrar do programa Superstars. O que mudou para a banda, após a participação no programa?

GB: Tivemos a oportunidade de levar o nosso som por todo o país. Já tínhamos uma boa base de fãs antes do programa, mas com a ótima repercussão da nossa participação no SuperStar foi possível ter uma comunicação com um público bem mais abrangente.

C&R: Qual a importância de um programa como esse para o rock nacional, que tem, cada vez mais, ficado de fora das rádios e televisão? 

GB: Acreditamos que a importância não está no programa e sim no incentivo às bandas e ao cenário musical (tanto no âmbito local, de cidade em cidade, quanto no cenário nacional). Logicamente, um programa como esse oferece uma vitrine excelente para as bandas e essa ferramenta pode e deve ser usada para alavancar o rock brasileiro. Mas também é importante que o público se interesse em conhecer as bandas que estão fora do radar da grande mídia. Em todas as regiões do país tem rock de muita qualidade sendo produzido, basta procurar e abrir os ouvidos para encontrar. 

C&R: Lá, vocês foram apadrinhados pelo Paulo Ricardo. Como ficou a relação da Scalene com ele? Existe a possibilidade de alguma parceria no futuro? Ou até com algum outro jurado do programa? 

GB: Ele é um artista incrível e uma pessoa maravilhosa. Tivemos pouco contato com ele após o programa, mas com certeza a amizade e admiração mútua permanecem. Não temos planos de nenhuma parceria por enquanto.

C&R: Aos poucos, vocês vão saindo do underground e se consolidando no mainstream do rock nacional. Como tem sido essa transição?

GB: Tem sido um processo bem instigante para nós. Temos a experiência de ter atuado 7 anos como uma banda independente e isso foi muito valioso para nós. Gerenciar uma carreira no underground/independente significa ter o controle de todos os aspectos do seu trabalho, tanto na parte artística quanto na parte administrativa. Hoje trabalhamos com a slap – um selo da gravadora Som Livre – e é ótimo poder usufruir da estrutura que eles dispõem, mas continuamos gerenciando nossa carreira como fazíamos antes, adaptando nossa forma de trabalho às nuances do mercado mainstream. Continuamos aprendendo muito nesse processo e desejamos crescer ainda mais.  

C&R: Na canção ‘Terra’, do último disco, vocês contam com a participação de Mauro Henrique, vocalista do Oficina G3. Como surgiu a ideia do convite? 

GB: O Mauro morava em Brasília – cidade onde moramos até hoje. Na época,  estávamos compondo o “ÉTER” e através de amigos em comum acabamos nos conhecendo. Ficamos surpresos e muito felizes em descobrir que ele é fã da banda e marcamos alguns encontros para conversar sobre música, mercado, trocar experiências e falar bobagem. A amizade foi crescendo e quando fizemos a música “Terra” sentimos que faria muito sentido se ele participasse. O Oficina G3 é uma banda gospel conceituada e respeitadíssima no mercado nacional e internacional e, apesar dessa música não falar especificamente de religião, fala sobre espiritualidade e autoconhecimento, que é algo que o Mauro estuda muito. Quando fizemos o convite ele topou na hora e foi uma honra ter ele nesse disco. 

C&R: Vocês também já gravaram com Supercombo e Far From Alaska. Qual a relação com essas bandas? 

GB: Somos grandes amigos. Tivemos a oportunidade de tocar juntos em alguns festivais pelo país e fomos nos conhecendo. É uma sensação ótima quando você se torna amigo de pessoas que você admira e com as duas bandas não foi diferente. A partir dessa amizade começou a surgir a vontade de compor junto e trocar ideias musicais. Assim acabou surgindo duas músicas: “Trans-aparecer” com o Supercombo e “Relentless Game” com o Far From Alaska. 

C&R: No cenário do rock atual, quais outras bandas você enxerga com a possibilidade de poder assumir a responsabilidade de manter a qualidade e popularidade do gênero? 

GB: Na realidade todas as bandas tem essa responsabilidade. Gostamos de ver bandas lançando materiais bem feitos, trabalhando e divulgando o som, movimentando o cenário. A nova geração do rock brasileiro tem muita qualidade e as bandas tem surgido por todo país. Far From Alaska, Supercombo, INKY, Medulla, Selvagens à Procura de Lei, Hover e várias outras tem mostrado ao mercado que existe muita coisa boa por aqui.  

C&R: E sobre o rock cearense, você conhece bandas daqui? Qual destacaria? 

GB: Somos fãs e amigos do pessoal da Riviera, uma banda de Fortaleza que faz um som muito bom. A banda de metal Coldness também faz um som foda. Temos saudade da banda Capitão Eu e os Piratas Vingativos que deram um tempo, mas parece que vão voltar! Estamos na torcida!  

C&R: Vocês estão prestes a gravar o primeiro DVD. Qual a expectativa pra mais esse importante passo?

GB: O DVD será gravado no dia 19 de março em Brasília. Estamos muito animados para realizar esse projeto. Fãs de todo o país estão vindo para cá e vai ser uma grande festa. Com certeza será uma noite memorável.  

C&R: Quais os outros projetos da Scalene? 

GB: Este ano vamos trabalhar a turnê de lançamento do DVD e viajar o país inteiro. Teremos músicas inéditas nesse show, então a galera pode se preparar para novidades. Ano que vem planejamos entrar em estúdio para gravar o próximo disco. 

C&R: Em Fortaleza, vocês dividiram o palco com o Fresno. Já têm alguma relação com eles?

GB: Já tocamos juntos muitas vezes e nos conhecemos bem. Esse ano faremos vários shows juntos pelo país e tanto as duas bandas quanto o público sempre fica bem animados pra isso. 

C&R: E como é tocar na capital cearense?

GB: Estivemos em Fortaleza em 2013 e foi um show maravilhoso. Infelizmente não conseguimos voltar até então, mesmo com muitos pedidos da galera. Agora que finalmente vamos poder tocar de novo na cidade estamos super animados. Foi um show incrível e é ótimo rever a galera da cidade.

É sempre um prazer tocar no nordeste e temos um carinho muito grande pelo Ceará! Esperamos ter a oportunidade de tocar mais vezes no estado esse ano, visitando mais cidades. Um grande abraço, continuem acompanhando nosso trabalho pois vem muita coisa boa por aí! Nos vemos no show! 

About the Author

Ronnald Casemiro

fb.com/ronnaldccasemiro | Instagram: @ronnaldcasemiro | twitter.com/RonnaldCasemiro | ronnaldccasemiro@gmail.com

View All Articles