Foto: Arte Produções/Divulgação

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Eu era apenas mais um dos 25 mil fãs que estavam no Castelão na noite desta quinta-feira, 24, para ver o Iron Maiden tocar pela primeira vez em terras cearenses. Fui como jornalista e tentei manter a serenidade e a isenção, mesmo sabendo que teria a missão de escrever sobre uma das maiores referências do mundo da música, não apenas do heavy metal e da qual sou fã. A banda trouxe à capital cearense a turnê de divulgação do álbum “The Book of Souls”.

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Quando o sexteto mais bem sucedido da história do rock começou a tocar “Doctor, Doctor”, toda a minha empáfia e presunção profissional foram por terra, levadas pelas guitarras poderosas de Janick Gers, Dave Murray e Adrian Smith. Nos primeiros acordes de “If Eternity Should Fail” as lágrimas correram pelo meu rosto. Chorei sem medo, sabia que não era o único a extravasar o sentimento de ver Steve Harris com seu baixo pulsante e Bruce Dickinson com seu vocal matador e endiabrado dando coesão ao som das guitarras.

O setlist ajudou bastante. A banda foi generosa. Sabendo que a grande maioria nunca os tinha visto ao vivo antes, caprichou na seleção de clássicos como “The Trooper”, “Powerslave”, “Iron Maiden” e “The Number of the Beast”. A cada música executada, as pessoas vibravam, cantavam junto com Bruce, solavam no ar acompanhando os movimentos do trio de guitarristas. Outros clássicos como “Two Minutes to Midnight” ficaram de fora, mas é o preço a pagar por um show que teve 1h50min de duração. Se fossem cinco horas o público ficaria agradecido.

Mas o ápice do espetáculo repleto de momentos memoráveis foi “Fear of The Dark”. Fernanda Moura, uma colega jornalista que conheci quando entrava no Castelão, chorou com uma das canções mais icônicas da história do heavy metal. Eu chorei também, enquanto cantava o refrão com o pouco de voz que ainda me restava. Um cidadão do lado ergueu as mãos pro alto e agradeceu  a alguma entidade cósmica por aquele momento, enquanto a sua namorada cantava agarrada ao seu corpo.

O bis veio para sacramentar uma noite que já era inesquecível. Uma sequência de três clássicos “The Number of the Beast”, “Blood Brothers” e “Wasted Years” que o calor sufocante, o aperto e a sede não impediram a multidão de cantar junto e jogar air guitar uma vez mais.

SUCESSO ABSOLUTO

O público de Fortaleza deu exemplo de civilidade e mostrou que sabe curtir um show do nível do Iron Maiden. Além de cantar as músicas com precisão, proporcionou momentos marcantes, reagindo aos movimentos da banda e à presença “demoníaca” de “Eddie” figura emblemática da Donzela de Ferro que teve o seu coração arrancado em pleno palco.

A organização foi competente. Do momento em que os portões abriram em diante, tudo transcorreu dentro do previsto, sem grandes filas e nem perrengue para o público entrar no local do show. A saída também foi relativamente tranquila, algo que é essencial quando se tem 25 mil pessoas se movendo ao mesmo tempo. A segurança foi eficiente, dispersando os pouquíssimos focos de confusão durante o evento e barrando pessoas que tentavam entrar com ingressos falsos.

O único ponto negativo foi na Premium Budzone. A cerveja, mesmo ao salgado valor de 7 reais, acabou durante o show do Iron Maiden, algo que chega a ser vexatório, quando um dos patrocinadores do evento é uma famosa cervejaria. Mas tudo isso se torna pequeno diante da magnitude do que foi o conjunto da obra. Iron Maiden e seus fãs transformaram o Castelão num templo de adoração aos deuses do heavy metal e mostraram que Fortaleza pode e deve receber mais eventos desse porte. Até o próximo culto, ops, até o próximo show!

Setlist do show histórico do Iron Maiden:

Doctor, Doctor

If Eternity Should Fail
Speed of Light
Children of the Damned
Tears of a Clown
The Red and the Black
The Trooper
Powerslave
Death or Glory
The Book of Souls
Hallowed Be Thy Name
Fear of the Dark
Iron Maiden
The Number of the Beast
Blood Brothers
Wasted Years

About the Author

Aflaudisio Dantas

Repórter com passagem pelo jornal O Povo. Como membro da equipe de esportes do jornal, atuou na cobertura da Copa do Mundo, em 2014. Também fez coberturas sobre os principais clubes do futebol cearense e escreveu sobre outros esportes. É fascinado por rock e por contar e ouvir boas histórias

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