Ícones das décadas de 1970 e 1980, os Trapalhões permanecem até hoje como representantes importantes do humor nacional. Com dezenas de filmes produzidos através dos anos, clássicos como “O Cinderelo Trapalhão”, “Os Trapalhões e o Mágico de Orós”, “A Filha dos Trapalhões”, além de diversos outros, povoaram as tardes de inúmeros brasileiros. Ao se tornarem uma verdadeira marca, com quadrinhos e derivados, o grupo formado por Renato Aragão, Dedé Santana, Zacarias e Mussum merece respeito pelo trabalho realizado em prol do cinema nacional.
Presente na lista dos “100 Melhores Filmes Brasileiros de Todos os Tempos” organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), “Os Saltimbancos Trapalhões” (1981) é considerado por alguns como o melhor filme da trupe. Produto de seu tempo, uma revisita ao clássico mostra uma obra em que, por mais que suas piadas soem um tanto ultrapassadas e datadas, é possível sentir a alma dos realizadores em sua concepção. Trazendo uma interação autêntica do grupo em diversas situações absurdas, o maior trunfo do filme está em unir o carisma de seus protagonistas a uma trilha sonora que não envelhece e não perde sua força.
Viajando para 2017, 36 anos após o lançamento original, os circenses retornam ao picadeiro. Já sem as presenças de Mussum e Zacarias, resta a Dedé e Didi a tarefa de ressuscitar a premissa original, em “Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood”. O subtítulo é referência direta ao original, pois o grupo sonhava em sair dos palcos brasileiros e rumar para os Estados Unidos. Como é de praxe nos filmes dos Trapalhões, a trama é simples: o Grande Circo Sumatra está em crise, e ao ser alugado para o prefeito corrupto da cidade, resta aos heróis buscarem uma forma de salvar o picadeiro.
Não é correto comparar a nova versão à anterior constantemente, mas o próprio filme não foge das referências. A cada cena é possível ver uma conexão direta, seja nos nomes dos personagens, nas músicas e até mesmo em algumas resoluções das tramas. As canções originais de Chico Buarque permanecem aqui, mas em novas versões, para eliminar as participações de Mussum e Zacarias. O sentimento de nostalgia é imediato e, para quem já conhece o filme original, não há como não ficar com vontade de cantá-las.
Positiva, a nostalgia não segura o filme. Sem grandes novidades, o que se vê em tela é um filme sem muita graça, com piadas cansadas. Didi pouco faz além de falar palavras de forma errada, algo que já não era engraçado em seu antigo programa solo de tv. O elenco de apoio, composto por nomes como Marcos Veras, Roberto Guilherme, Letícia Colin, Alinne Moraes e Lívian Aragão, também não possui muito com o que trabalhar, com algumas gags físicas e tramas desinteressantes.
O filme também traz uma mensagem de libertar os animais, ao não utilizá-los mais nas apresentações do circo. Ainda que se mostre uma escolha acertada e reforçada pelos personagens como positiva, em alguns momentos soa estranha: uma funcionária fala em tom de insatisfação sobre a saída dos animais, para apenas segundos depois dizer que aquela foi uma escolha acertada.
Ao se aproximar de sua reta final, fica claro o que talvez seja um dos maiores problemas do longa: não há ida a Hollywood. E isso não é um spoiler, mas sim um questionamento acerca do porquê da escolha de um subtítulo que simplesmente não ocorre. Pior: nem mesmo é parte central da trama, com a ideia de viajar o exterior sendo revisitada em apenas alguns momentos pontuais.
Prestando uma homenagem final aos falecidos trapalhões, o filme termina sem buscar grandes riscos e jogando com segurança. Contudo, isso acaba por resultar em uma obra sem imaginação ou momentos memoráveis, por mais nostálgica que seja. Com Renato Aragão já tendo garantido novos filmes no futuro, resta aguardar para que surja alguma renovação nos projetos dos saudosos Trapalhões.
Cotação: nota 3/8
Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood (Bra, 2017). Comédia. De João Daniel Tikhomiroff. Com Renato Aragão, Dedé Santana e Alinne Moraes.
Nossa, esse de não ir à Hollywood realmente é estranho. Kkk Os trapalhões eram bons tempos de sessão da tarde.
Eu só acho que quem escreveu essa crítica , só conseguiu ver os defeitos do filme , esqueceu de ver a emoção , as musicas , a banda …
Uma crítica negativa , no estado do artista , errou feio !
Meu Querido HAMLET OLIVEIRA, em minha opinião você acertou em cheio(algo que muito antes todos os críticos já contestavam mesmo, o fato do titulo direcionar a jornada para um lugar onde não foi, realmente foi meio falho isso em um titulo principal de filme), mas como a colega ai acima falou, pareceu mais que tinha negativismo em sua crítica que um meio termo, mas tudo bem essa é a sua opinião. Acho que você deve ser um bom critico, mas em outros tipos de filme, claro que você não é obrigado a falar bem de um filme porque todos gostaram, claro que não, acho que toda a falha aí foi a escolha do “O Povo” em quem eles selecionaram para fazer a critica do filme(me refiro não a sua pessoa, mas por ser alguém jovem para esta determinada critica), acredito que você não esteve no começo dos anos 80s nas poltronas do cinema e sentiu toda a emoção daquela época, as lagrimas que corriam de nossos olhos, nos filmes dos trapalhões que nos faziam Chorar, sorrir, sentir de coração algo por alguém que estava ali na telinha, sair de alma lavada. e com a certeza de que estaria alí novamente no cinema para rever o Quarteto Novamente em mais um novo filme. e essa soma de décadas, essa soma de filmes durante todo esse tempo, só quem alí viveu, só Quem alí esteve sabe o que hoje muitos de nós cima de 30 anos sentimos ao assistir este filme, e a ponte que foi feita entre pais e filhos irem para o cinema novamente juntos nos dias de hoje, só um critico com idade já amadurecida ao longo desses anos poderia dizer o sentimento e sim essas diferenças que foi assistir este novo filme onde há muitos anos não sentíamos os Trapalhões com o sabor de nossa infância e poder demonstrar toda aquela ingenuidade para as crianças e jovens do que era um cinema para eles de forma limpa e feliz. Eu já trabalhei em locadora também há alguns anos, mas até os clássicos que assistimos através de locadoras ou novas tecnologias para assistir filmes nunca vão se comparar a aquela emoção coletiva com o publico naqueles tempos de Brasil que ali na grande tela se banhavam de esperanças do que o Brasil do lado de fora passava. Boa Sorte para você meu querido.