Tanto nos cinemas quanto nos games, a saga Resident Evil já passou por grandes mudanças. Começando como um dos grandes precursores do gênero “survival horror” (onde personagens isolados buscam sobreviver a todo custo, com opções limitadas de equipamentos) nos videogames até virar um jogo de ação sem semelhança alguma com seu passado, a adaptação da franquia para as telonas foi uma transição fácil.

Lançado em 2002, “Resident Evil: O Hóspede Maldito” trouxe a ucraniana Milla Jovovich como a protagonista Alice, personagem não existente nos jogos. Cinco filmes se passaram, com a qualidade diminuindo a cada um, até culminar em “Resident Evil: O Capítulo Final”, que chega hoje aos cinemas brasileiros e mundiais.

Trazendo a premissa de encerrar todas as questões dos fãs acerca do passado de Alice e seu envolvimento com a misteriosa Umbrella Corporation, o longa se inicia com um rápido e mal feito resumo dos filmes anteriores. Sozinha após a destruição do último filme, Alice recebe informações da “Rainha Vermelha”, uma inteligência artificial integrante da Umbrella, que deseja ajudá-la a salvar a humanidade, agora reduzida a menos de cinco mil pessoas, após a infecção do T-vírus. Para tanto, Alice deve voltar a Raccon City, palco dos eventos originais, em menos de 48 horas, enquanto é perseguida pelo Dr. Isaacs (Iain Glen), um dos líderes da corporação.

Responsável pelo roteiro de todos os filmes e diretor de quatro deles, incluindo o mais recente, Paul W. S Anderson continua a se mostrar como um dos grandes males ao Cinema. Logo na primeira cena, é possível ver a forma com a qual ele irá conduzir todos os momentos de tensão do filme: Alice chega perto de algo, acontece um silêncio absoluto, seguido de um som absurdamente alto, os piores tipos de jump scares. Tal estratégia é repetida, ao menos, quinze vezes durante o longa, sem exagero algum.

Nos dois primeiros filmes, uma atmosfera de terror permeava os personagens, tal qual nos jogos. A partir do terceiro, a ação tomou de conta e a franquia acabou se tornando mais um antro genérico de explosões sem propósitos. Continuando com essa proposta, nem mesmo tais momentos conseguem ser bem conduzidos. Com uma câmera nervosa, o diretor acredita que realizar mil cortes nas cenas resulta em dinamismo, mas acaba por gerar confusão no espectador. E, ainda que tenhamos acompanhado zumbis e criaturas há seis filmes, por algum motivo, Anderson e o diretor de fotografia Glen MacPherson optam por deixar todos eles nas sombras, tornando a identificação ainda pior.

Quanto aos personagens, pouco há o que se dizer: seus nomes e personalidades são irrelevantes, sendo apenas vítimas para mortes brutais. Nesse ponto se encontra o único ponto positivo do longa. Por terem de voltar a Raccon City, as armadilhas do primeiro filme fazem um breve retorno, trazendo um sentimento de nostalgia.

Em seus momentos finais,  “Resident Evil: O Capítulo Final” entrega as respostas aguardadas sobre a amnésia de Alice e seu envolvimento real com a Umbrella Corporation. A resolução, contudo, soa fácil demais e muito óbvia para que tenha demorado seis filmes para se chegar a uma conclusão tão sem graça. Deixando, claro, uma ponta que poderia se tornar mais uma sequência, o sentimento final é de “finalmente, já vai tarde!”, ao invés de saudade. Que Raccon City descanse em paz e os fãs de zumbi encontrem melhores horizontes.

Cotação:
Nota: 2/8

Ficha técnica
Resident Evil: O Capítulo Final (EUA, 2017). Ação. De Paul W.S Anderson. Com Milla Jovovich e Iain Glen. 107 min. 14 anos.

About the Author

Hamlet Oliveira

Jornalista. Louco por filmes desde que ficava nas locadoras lendo sinopse de filmes de terror. Gasta mais dinheiro com livros do que deve. Atualmente tentando(sem sucesso) se recuperar desse vício.

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