Em dado momento de “John Wick: Um Novo Dia Para Matar”, um personagem fala para outro que “Wick é um homem determinado”. E essa é uma mensagem constantemente reafirmada durante as duas horas de duração deste novo filme. Se no primeiro longa os fãs de filmes de ação foram pegos de surpresa por um filme cujas montagem e direção não apelavam para cortes que emulavam um falso dinamismo, sua sequência traz todos os elementos de sucesso do antecessor, ao passo em que continua a explorar o universo criminoso do personagem.

Praticamente se iniciando logo após os eventos do filme de 2014, a sequência é eficiente logo ao encerrar o ciclo de vingança deixado em aberto ao final do longa. Contudo, poucas horas se passam até que o mundo do crime acabe puxando o assassino profissional de volta para o submundo, em uma missão que irá colocar John Wick (Keanu Reeves) como alvo dos maiores criminosos do mundo. Ou seja, no melhor estilo Michael Corleone: “quando penso que estou fora, eles me puxam de volta”.

Voltando a ser comandado por Chad Stahelski, o filme mostra logo em seus primeiros minutos que resolveu se apropriar por completo da fama construída após o sucesso do anterior. John Wick é reverenciado como uma figura assustadora, o fato de terem matado seu cachorro ganha um tom cômico, e a mera menção de seu nome já assusta os líderes das mais poderosas máfias. Nesse aspecto, é interessante ver o filme absorvendo seu lado canastrão, mas a pegada humorística pode afastar alguns fãs.

Um dos principais pontos do universo de John Wick era o complexo e profundo mundo dos assassinos. Cheios de serviços e até mesmo bandas, as possibilidades de auxílios exploradas pelo protagonista cativaram o público. Como toda boa sequência, “Um Novo Dia Para Matar” expande esse universo, trazendo novos personagens emblemáticos, como também situações absurdas dentro desse contexto criminoso, mas que fazem total sentido como parte da premissa criada pelos dois filmes.

No alto de seus 52 anos, Keanu Reeves mostra que suas habilidades acrobáticas continuam afiadas. Sempre aproveitando qualquer oportunidade de enrolar suas pernas ao redor de algum capanga e o levar ao chão, as coreografias de luta enchem os olhos. Destaque para o embate do protagonista com outro assassino profissional. Longa e criativa, a sequência mostra que para criar agilidade em uma cena, não é preciso 28167 cortes, e sim movimentos criativos de câmera aliados à uma trilha sonora eficiente. Uma lição que muitos cineastas modernos poderiam aprender.

Um pequeno reencontro dos astros de “Matrix” (1999) acontece neste filme.

Abrindo as portas para mais uma continuação, “John Wick: Um Novo Dia Para Matar” é uma sequência competente, ao trazer personagens interessantes e levar seu protagonista a novos extremos. Com um terceiro filme em vista, as possibilidades para Wick são empolgantes. É só ninguém mexer com seu cachorro.

Nota: 6/8

Ficha técnica
John Wick: Um novo dia para matar (EUA, ITA, 2017). De Chad Stahelski. Com Keannu Reeves, Commom e Lawrence Fishburne

About the Author

Hamlet Oliveira

Jornalista. Louco por filmes desde que ficava nas locadoras lendo sinopse de filmes de terror. Gasta mais dinheiro com livros do que deve. Atualmente tentando(sem sucesso) se recuperar desse vício.

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