O grande herói do filme, que fica em cena por cerca de 20 minutos

Em meio a uma das inúmeras cenas de ação de “Transformers: O Último Cavaleiro”, a razão de aspecto do filme muda de repente. E mais de uma vez. A mudança não gera efeito dramático ou contribui com a narrativa em momento algum. Chega a ser impressionante que uma obra com orçamento na casa das centenas de milhões de dólares cometa erros tão grotescos. Mas esse é o tipo de trabalho que Michael Bay entrega para seu público em 2017, no último filme da saga sob seu comando.

Partindo de mais um conflito entre humanos e transformers, como sempre, a trama se inicia com Optimus Prime viajando para seu planeta natal, Cybertron. Lá, ele descobre que uma espécie de deusa irá tentar reconstruir Cybertron. Para tanto, precisará de um cajado localizado na Terra, para então obter poder suficiente para consumir a própria Terra e, assim, reconstruir o planeta dos Autobots. Se em resumo a história parece confusa, imagine durante o filme, quando isso se mistura aos cavaleiros da távola redonda e até mesmo com a Primeira Guerra Mundial.

Mark Wahlberg, que também se despede da franquia neste filme, retorna como Cade Yaeger, um inventor e aliado dos Autobots. Sendo dos poucos humanos que acredita na inocência dos aliens, cabe a ele tentar salvar os parceiros e, claro, o mundo. Sendo ele próprio um estereótipo ambulante, ao seu lado figuram outras representações batidas, como Vivian Wembley (Laura Haddock), a mulher atraente obrigatória em todos os filmes de Michael Bay e Izabella (Isabela Moner), a adolescente com grande conhecimento de engenharia.

Chega a ser difícil comentar sobre o filme sem cair em clichês, mas Bay não traz nada de inédito aqui. Inúmeros planos durante nascer e pôr do sol? Sim. Explosões tão grandiosas que chega a ser possível ver os fogos de artifício saindo do chão e não do alvo atingido? Também. Tudo isso junto a uma câmera que não para em momento algum, nem mesmo durante uma partida de polo, talvez o esporte mais entediante já criado. As cenas de ação são tão grandiosas e exageradas que, quando se chega ao clímax, nada mais consegue impactar o público, que passou as últimas duas horas vendo destruições incessantes.

Por essa ninguém esperava: Megatron é o vilão do filme!

Mesmo repetindo tramas que começaram lá no primeiro “Transformers” (2007), Michael Bay consegue dar algum avanço à história dos alienígenas metálicos, além de trazer alguns novos robôs interessantes. O parco desenvolvimento, no entanto, fica em segundo plano, pois a história se foca em piadas que não tem graça nenhuma. Até mesmo o regime cubano recebe uma inexplicável crítica, provando que o diretor de fato atira para todos os lados, sem jamais acertar em nada.

Fartamente divulgada pelos trailers, a suposta versão “maligna” de Optimus Prime não dura mais que 15 minutos em cena. Inclusive, a resolução do conflito rima em mediocridade com a “Marta!” de “Batman vs Superman” (2016). Também é um mistério o porquê do líder dos autobots insistir em repetir seu nome ao menos cinco vezes durante todo o filme.

A quantidade exagerada de subtramas também prejudica uma história que por si só já é confusa. John Turturro reprisa seu papel de Simmons, mas em um arco tão perdido que não chega a interferir em quase nada do aspecto central da narrativa. Diversos outros problemas semelhantes ocorrem, servindo apenas para esticar o tempo de duração do filme e entediar a audiência.

“Genérico 1” em ação

Terminando exatamente da mesma forma que os últimos quatro filmes, “Transformers: o Último Cavaleiro” é mais um decepcionante capítulo da saga. A falta de foco narrativo, unida aos personagens rasos e cenas de ação confusas mostram que já passou do tempo de Michael Bay abandonar a franquia. Caso não surja alguém capaz de colocar os alienígenas nos eixos, a saga Transformers continuará a ser exemplo do que há de pior no Cinema.


Cotação: nota 2/8

Ficha técnica: Transformers: o Último Cavaleiro (EUA, 2017). De Michael Bay. Com Mark Wahlberg, Laura Haddock e Anthony Hopkins. 149 min

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Hamlet Oliveira

Jornalista. Louco por filmes desde que ficava nas locadoras lendo sinopse de filmes de terror. Gasta mais dinheiro com livros do que deve. Atualmente tentando(sem sucesso) se recuperar desse vício.

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