Minorias têm ganhado manchetes nos últimos anos. Na cultura pop e no meio do entretenimento, em geral, o rebuliço chega a ser celebrado. Quando a Disney anunciou a compra da Lucasfilm, em 2012, a notícia não veio sozinha, e apontava rumos necessários para a narrativa fantástica da saga.
O “Despertar” que deu nome ao Episódio VII é também o da representatividade. A protagonista Rey (Daisy Ridley) é marginalizada. Catadora de lixo. E ela é, antes de tudo, mulher. Leia, icônica, e Padmé, vieram antes. Mas dadas as proporções, nem Carrie Fisher, nem Natalie Portman, foram fundamentais para estabelecer o protagonismo feminino da franquia. Por mais fortes e independentes que sejam, elas foram sempre coadjuvantes da história. O “Despertar da Força” (2015) foi uma quebra. Não a toa veio Jyn Erson (Felicity Jones) logo no ano seguinte com “Rogue One”.
Para além das mulheres, há o ótimo John Boyega como Finn, o primeiro protagonista negro de “Guerra nas Estrelas”. A escalação provocou reações inflamadas para uma parcela da sociedade que chegou a sugerir boicote. Por outro lado, o personagem refletiu diretamente em crianças que ainda não se viam representadas no cinema.
Apostar em representatividade já é algo que a Disney vinha fazendo em seus títulos, e o peso de ações como essa é sentido muito mais como um afago do que obrigação. E o menos importante aqui é se a motivação de um império como a Disney seja político ou comercial.
Estereótipos e, principalmente, produtos que se sustentam na exclusão não surtem mais o mesmo efeito de antes. É tempo de olhar para a tela e se reconhecer. E, para a franquia, de mostrar que sua fundamentação no viés político e social ultrapassa a barreira da fantasia.
*Este artigo faz parte do especial Star Wars: Os Últimos Jedi, do O POVO Online. Confira.