Os degraus rumo ao sucesso são um tema bem atraente em produções do cinema. A chegada ao topo do estrelato no show business é algo que emociona e atrai o público, principalmente quando uma estrela em ascensão está ao alcance das câmeras, vulnerável, sem retoques ou disfarces. É o caso de “Nasce uma Estrela” protagonizado pela multiartista Lady Gaga.
Em sua primeira experiência na direção e atuação simultaneamente, Bradley Cooper parece entender a fundo essa avidez do público por uma história de sucesso com boas doses de romance e números musicais.
Allie (Lady Gaga) é uma aspirante a cantora que ganha a vida trabalhando durante o dia e se apresentando em uma boate conhecida por performances de drag queens à noite. Em uma de suas andanças pós-show, o renomado cantor Jackson Maine (Cooper) acaba indo parar no local e se depara com uma apresentação da moça. Nasce ali um sentimento que envolve duas almas com o poder da música.
É envolvente acompanhar desde a primeira troca de olhares até a evolução do relacionamento amoroso dos dois. Aos poucos, Allie vai se deixando levar pelo mundo maravilhoso do universo de Jackson como cantor famoso, repleto de holofotes e fama, mas que também carrega marcas sombrias dos seus abusos de álcool e drogas. Ele enxerga nela o talento puro pronto para despontar nos palcos, por mais que a jovem tenha problemas de autoconfiança e com a aparência.
A maneira como a dualidade dos dois personagens, um desabrochando para o reconhecimento no show business, enquanto o outro está em lenta decadência, funciona bem. Um não é o oposto do outro e também não se antagonizam. Esse ponto de interseção é um dos mais fortes em que o filme mostra sua beleza e explora sua mensagem de conexão com o público.
Em alguns momentos do filme, a história possui tantas semelhanças com a vida real da cantora, e agora atriz, Lady Gaga que causam um certo assombro. Allie é uma artista de vida reservada, comedida, mas quando está nos palcos acaba revelando todo o seu interior e entrega sua alma por meio da música. A forma como faz isso por meio de linguagens sutis em sua atuação merece o reconhecimento.
Já o personagem de Cooper carrega uma doçura ao mesmo tempo amargurada onde jaz todo o seu cerne dramático. Sua performance em palco também é uma grata surpresa.
O que destoa da evolução do longa talvez seja a velocidade em que os acontecimentos se dão para culminar, enfim, no fechamento apoteótico do filme. A passagem de tempo soa um pouco difusa e a progressão parece artificial, quase como um sonho, o filme poderia ter aproveitado melhor o seu tempo por conta de sequências muito estendidas. Alguns se queixarão do apelo dramático em excesso, mas, como diz uma frase conhecida, “faz parte do meu show”.
Cotação: 7/8