Shogun venceu Minotouro no UFC 190 | Foto: Alexandre Loureiro/inovafoto

Shogun venceu Minotouro no UFC 190 | Foto: Alexandre Loureiro/inovafoto

Depois de vexames seguidos no UFC, Maurício “Shogun” Rua precisava se reinventar. A solução encontrada foi justamente recomeçar a parceria com Rafael Cordeiro – técnico que esteve com o lutador curitibano em seus tempos áureos. O ex-campeão do Pride fez todo o camp com o líder da Kings MMA (e responsável pela evolução dos campeões do Ultimate, Rafael Dos Anjos e Fabrício Werdum) para fazer a revanche histórica, 10 anos depois, contra Rogério Minotouro, no UFC 190.

O resultado do primeiro passo do curitibano após restabelecer a parceria com Cordeiro foi positiva. Shogun lutou três rounds contra Minotouro, sofreu um knockdown, mostrou poder de recuperação e estratégia e alcançou a vitória na pontuação, em decisão unânime dos juízes.

Maurício vinha de quatro derrotas nas últimas cinco lutas, antes de encarar Minotouro, e seu futuro no Ultimate era super contestado. Aqui no Blog, escrevi que a ‘última cartada’ do brasileiro seria Rafael Cordeiro. Felizmente, o curitibano de 33 anos, que, diga-se de passagem, ainda tem lenha para queimar, saiu do comodismo e foi busca do melhor treino na Kings MMA, nos Estados Unidos. Durante o período de camp do ex-campeão do Pride, ele ainda participou da preparação de Werdum para enfrentar Cain Velasquez, no México.

Na revanche contra Minotouro, Rua fez uma boa apresentação. Ainda é cedo para cravar que o “velho” Shogun está de volta para valer. Mas, o novo integrante da Kings MMA demonstrou pontos de evolução que, particularmente, me deixaram animado para assistir mais lutas do brasileiro nesta nova etapa da carreira.

Abaixo, listo fatores positivos da luta de Shogun contra Minotouro:

Poder de recuperação
Nas últimas apresentações, o brasileiro virou presa fácil para seus adversários. Em 2014, Shogun acumulou revezes por nocaute. Dan Henderson ‘entortou’ o nariz do meio-pesado de Curitiba após brecha deixada para o veterano, em março passado, no UFC em Natal. Já Ovince St. Preux precisou de apenas 34 segundos para nocautear Maurício Rua, em novembro, no Ultimate realizado em Uberlândia.

Quando começou a luta contra Minotouro, já deu um ‘dejavú’ quando o ‘Nogueira meio-pesado’ partiu para o ataque e conseguiu um knockdown. Shogun bambeou, mas se manteve de pé e recuperou rápido. O curitibano, em vez de ficar colado nas grades, fez a movimentação correta e circulou no octógono, saindo do raio de infight de Rogério.

Estratégia
Quem acompanha os atletas da Kings MMA, sabe que eles entram no cage com uma estratégia traçada e bem definida, vide Fabrício Werdum e Dos Anjos. Voltando a trabalhar com Cordeiro, Shogun seguiu as ordens do córner e foi estrategista para superar Minotouro.

Esta ideia ficou clara no segundo round. Depois de sair em desvantagem na primeira etapa, Shogun surpreendeu o rival ao investir na queda logo no início da etapa seguinte. O pupilo de Cordeiro desde a época da Chute Boxe soube manter o irmão de Rodrigo Minotauro no chão e somou pontos valiosos.

Shogun derruba Minotouro | Foto: Alexandre Loureiro/inovafoto

Shogun derruba Minotouro | Foto: Alexandre Loureiro/inovafoto

A movimentação de Shogun melhorou e, consequentemente, o brasileiro emplacou um volume de golpes de forma segura, sem se expor tanto, visto que do outro lado estava um ótimo boxeador. Na trocação, os chutes nas costelas voltaram a entrar – Minotouro que o diga.

Shogun acerta chute em Minotouro | Foto: Alexandre Loureiro/inovafoto

Shogun acerta chute em Minotouro | Foto: Alexandre Loureiro/inovafoto

Gás
O condicionamento físico era uma das falhas do jogo de Maurício mais comentadas. Pois depois do camp na Kings MMA, Shogun se mostrou mais inteiro. Durante três rounds, ele conseguiu manter o ritmo de luta.

No intervalo do segundo para o terceiro round, uma cena me chamou a atenção. Enquanto Cordeiro passava as orientações para o pupilo, o curitibano respondeu com confiança: “Estou no gás!”.

Motivado
Em conversas com os colegas de imprensa, a tese que mais ouvi sobre o declínio de Shogun foi “motivação”. O curitibano colecionou vitórias, ganhou o cinturão e virou ídolo no Japão, na época do Pride. No UFC, ele também conquistou o título, mas foi destronado por Jon Jones. Após perder a cinta, o rendimento começou a cair.

Shogun modificou os camps, passou a treinar na academia de Demian Maia, em São Paulo, e se acomodou. A demora em voltar aos treinos com Rafael Cordeiro ocorreu já que, esse retorno, significaria sacrifícios. Para treinar na Kings MMA, Maurício precisaria ficar longe da família, já que a sede da equipe fica nos Estados Unidos. Por pelo menos três meses, ele teria que abdicar dos confortos no Brasil para entrar em preparação intensa.

Até pouco tempo, o sacrifício não valia a pena. Ainda bem que Shogun resolveu restabelecer a parceria com Cordeiro. O nocauteador nato vem demonstrando motivação a cada entrevista. E já disse estar pronto para uma possível revanche contra Quinton Rampage, após ser desafiado pelo americano.

“O Rampage me desafiou no Instagram e eu aceitei o desafio. O UFC autorizando, eu luto com ele em qualquer dia, a qualquer horário”, comentou Rua.

Em 2005, o brasileiro nocauteou Rampage, em duelo no Pride. A batalha terminou no primeiro round.

About the Author

Bruno Balacó

Jornalista esportivo do Grupo de Comunicação O POVO. Redator do site de esportes do jornal O POVO (Portal Esportes O POVO) e repórter do caderno de esportes do O POVO. Comentarista esportivo da Rádio O POVO/CBN, da TV O POVO e titular blog Gol e do blog Clube da Luta do O POVO Online

View All Articles