da Agência Estado

Seja pela inserção no exterior ou pela brejeirice, Daniela Mercury já foi comparada a Carmen Miranda por críticos do Brasil e de fora. Em seu trio eletrônico, no carnaval deste ano que é o do centenário de Carmen, ela a homenageou com um figurino especial, e cantou dois de seus maiores sucessos: “O Que É Que A Baiana Tem?” (Dorival Caymmi) e “Tico Tico No Fubá” (Zequinha Abreu/Aloysio de Oliveira). O tributo se estende agora a seu novo CD, Canibália, cujas músicas a cantora já vem mostrando em shows.

“Deu vontade de fazer um disco inteiro com o repertório de Carmen. São canções que reafirmam o Brasil. Ela já era canibalista, misturava tudo, foi fazendo fusões”, diz Daniela, que também fez sua amálgama de samba, reggae, rap, rock e eletrônico em faixas como “Oyá Por Nós” (Daniela/Margareth Menezes, que participa da faixa), “Dona Desse Lugar” (Daniela/Marcelo Quintanilha/Paulo Daflin) e “Trio Em Transe” (Daniela/Marivaldo dos Santos/Gabriel Póvoas).

“Muitas vezes as pessoas me cobraram uma unidade no meu trabalho. Mas eu sou aberta a muitas influências, todos os meus discos são ecléticos. Os artistas brasileiros sempre misturaram elementos. Isso não é muito comum no mundo. Eu busco sons que façam a diferença. Se não, o trabalho vai ficando pasteurizado”, ela conta, e cita Caetano Veloso, Lenine, Lulu Santos, Rita Lee.

Além da Pequena Notável, com quem Daniela faz um dueto em “O Que É Que a Baiana Tem?” (foi usado um fonograma de 70 anos atrás), o CD celebra Caymmi, com a fusão de “O Samba da Minha Terra”, “Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barroso) e “Samba da Bênção” (Baden Powell/Vinicius de Moraes). No total, a porção compositora de Daniela aparece em sete das 14 faixas. Em três delas, “Castelo Imaginário”, “Trio em Transe” e “Sol do Sul” (a primeira também com Tais Nader; a segunda com Marivaldo dos Santos), tem no filho de 24 anos, Gabriel, um parceiro.

Gabriel toca violão, guitarra e bandolim, assina arranjos, programações, gravações e ainda a coordenação musical do CD. “Ele agora entrou na banda também. Fiquei felicíssima”, revela a cantora, que ainda trouxe para seu caldeirão o rapper e produtor americano Wyclef Jean, com quem compôs, em inglês, “This Life Is Beautiful”, e Chico Buarque (“O Que Será – À Flor da Terra”, aqui um samba reggae eletrônico). Seu Jorge, com quem Daniela cantou em seu trio no carnaval do ano passado, faz participação no “Rap do Negão”, de sua autoria, com Wallace Jeferson e Gabriel Moura, numa tríade com “Eu Sou Preta” (J. Velloso/Mariene de Castro) e “Sorriso Negro” (Adilson Barbado/Jair Carvalho/ Wallace Jeferson).

Agência Estado