Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em Salvador, Bahia, em 26 de setembro de 1945. Embalada pelas vozes das grandes cantoras do rádio, que ouvia ainda da barriga da mãe, d. Mariah, ela cresceu se lapidando para se tornar uma das grandes divas da música brasileira. Abençoada pelo mestre João Gilberto e acompanhada por uma turma de conterrâneos, onde se inclui Caetano Veloso e Tom Zé, ela liquidificou tudo que tinha ouvido, adotou o nome Gal Costa e chegou onde queria chegar. Já foi musa hippie, posou nua, gravou ao lado de boa parte dos nomes importantes da música, foi premiada, agraciada, criticada, elogiada e amada. Em marcha lenta há alguns anos, e mais ainda desde que adotou uma criança no ano passado, agora promete um novo disco que será produzido por Caetano Veloso. Com 65 anos completados ontem, o blog Discografia faz uma retrospectiva dos seus 33 discos. Acompanhe.

Domingo (1967) – em dupla com Caetano, trata-se da estreia em LP de ambos. Até então, Gal havia gravado apenas um compacto (1965) com Eu vim da Bahia e Sim, foi você ainda com o nome de Maria da Graça. Com clara influência da Bossa Nova, destaca-se Coração vagabundo, Minha senhora e Onde nasci passa um rio.

Gal Costa (1969) – Se afastando da Bossa Nova, Gal entra de vez na Tropicália em sua estreia solo. Tem a doce Namorinho de portão, a viajandona Lost in the paradise e as clássicas Baby e Não identificado. Roberto e Erasmo comparecem com Se você pensa e Agora vou recomeçar.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=YSXEdTmpEmU[/youtube]

Gal (1969) – Assumindo o posto de porta-bandeira do Tropicalismo, já com Caetano e Gil exilados, Gal abre o disco com o rock Cinema Olympia. A influência do movimento hippie já vem na capa de Dicinho. O disco traz a primeira versão de Meu nome é Gal, quase irreconhecível.

Legal (1970) – Acompanhada do guitarrista Lanny Gordin, Gal explode com Eu sou terrível, funde rock com baião em Língua do Pê e brinca com a louca Love, try and dye, ao lado de Erasmo Carlos e Tim Maia. Tem ainda Hotel das estrelas, de Jards Macalé, e a deliciosa Deixa sangrar, de Caetano Veloso.

Fa-Tal – Gal a Todo Vapor – ao vivo (1971) – Clássico! Clássico! Clássico! Nenhuma outra palavra definiria este disco. Divido entre uma parte acústica e outra elétrica, o disco não apagou os erros, os ruídos, as falhas. É tudo verdade. Merece ser ouvido do começo ao fim. Como destaque, Mal secreto e Vapor barato, ambas de Jards Macalé e Waly Salomão.

Índia (1973) – Com um corpitcho no auge da forma física, ela já entra chocando na capa que traz um close nada discreto. A hippie roqueira começa a se mostrar mais mansa e MPB. Da guarânia que dá nome ao disco à dor de cotovelo Volta, de Lupicínio Rodrigues, a afinação passa a ser mais importante que a agressão.

Temporada de Verão – Ao Vivo na Bahia (1974) – Projeto coletivo gravado com Caetano Veloso e Gilberto Gil no Teatro Vila Velha, em Salvador. Gal Costa comparece com Quem nasceu, de Péricles Cavalcante, e Acontece, de Cartola, ambas ao lado de Dominguinhos.

Cantar (1974) – Fortemente voltado para um repertório mais manso, Cantar tem como destaque o piano e as composições de João Donato. Abre com a ensolarada Barato total, passa pela sensual Lágrimas negras e encerra com a lúdica Chululu, da mãe Mariah.

Gal Canta Caymmi (1976) – Tributo ao conterrâneo Dorival Caymmi. A ficha técnica inclui nomes como Antonio Adolfo, João Donato, Luizão maia e Dominguinhos. Deixou pelo menos dois clássicos: Nem eu e Só louco.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=JLt8du_5jb4[/youtube]

Doces Bárbaros ao vivo (1976) – Que dizer de um encontro entre as quatro maiores estrelas da música baiana da época: Gal, Bethânia, Gil e Caetano? Disco duplo que mistura números coletivos com interpretações individuais. Entre as fundamentais, Eu te amo e Exotérico.

Caras e Bocas (1977) – Gal bota um pé de volta ao “hippiesmo” e grava um dos melhores discos de sua carreira. Coroado com a excelente Negro amor, versão de Caetano para It’s all over now, baby blue de Bob Dylan, Caras & Bocas traz ainda Minha estrela é do oriente, de Jorge Ben, e Tigresa, de Caetano Veloso.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Opd1OIIf2vc&feature=related[/youtube]

Água Viva (1978) – Abandonando de vez a “musa hippie”, Gal Costa abraça o repertório dos cânones da MPB e comete um sucesso. Olhos verdes (Vicente Paiva), Folhetim (Chico Buarque), De onde vem o baião (Gilberto Gil) são só algumas do disco que encerra com um dueto com Gonzaguinha em O gosto do amor.

(Continua no próximo post)

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles