Uma ótima notícia para os fãs da boa música! A gravadora Universal acaba de encaixotar oito discos da fase de ouro do mestre Tim Maia, lançados entre 1970 e 1984. O nome dado a este belo presente de Natal é Tim Universal Maia. Com forte ênfase no estilo soul americano (apesar da boa pegada brasileira), a coleção traz hits e não-hits que mereciam ter virado hits. No primeiro grupo, Cristina, Réu Confesso, Coroné Antônio Bento, Gostava tanto de Você e Primavera. No segundo, Risos, Lamento, Sofre, Neves e Parques e Jurema (que, apesar do nome, é em inglês. Também não se trata de uma homenagem à namorada do Didi Mocó). Fechando o pacote, um encarte escrito pelo jornalista Silvio Essinger e um raro DVD com o especial gravado para a Rede Globo em 1989, antes dele brigar com tudo e com todos da emissora do Jardim Botânico. Afinal, esse era seu modo de revolver problemas e criar outros. Vocacionado para a confusão e para compor com maestria, Tim Maia, após uma vida de desentendimentos, arranca rabos e muita história engraçada, acabou abrindo sua própria gravadora, a Vitória Régia (mesmo nome a banda que o acompanhava), durante os anos 90, e gravando discos sem tanta projeção e de qualidade duvidosa. Uma exceção neste perfil, foi Amigo do Rei, ao lado dOs Cariocas. Mas, esse é o fim da história do mestre da soul music que faleceu vítima dos próprios excessos em 15 de março de 1998. Antes, ele gozou de uma popularidade digna de uma grande estrela da MPB. Nos anos 80, ele ganhou muito dinheiro com Descobridor dos Sete Mares, Me dê Motivo, Bons Momentos e Do Leme ao Pontal, todas com boa rotação nas rádios da época e incluídas em Tim Universal Maia. Como diria seu amigo Nelson Motta – autor da ótima biografia O Som e a Fúria de Tim Maia (Objetiva) -, o cantor era exagerado em tudo, fosse o tamanho ou o talento. Isso fica claro logo na estreia, em 1970, que traz a clássica Azul da cor do Mar e a desconhecida balada soul Padre Cícero, acompanhada por um coral feminino à la Ray Charles. A título de curiosidade, antes disso Tim havia produzido Eduardo Araújo no curioso Na onda do boogaloo (1968), que traz uma primeira gravação de Você. O que vem em seguida mantém a qualidade da estreia. Nos quatro primeiros discos (todos na caixa), Tim parece pouco interessado em seguir os caminhos da MPB tradicional. Que bom. Seu som, nessa época viaja legal por Rio, São Paulo, Nordeste e vai parar na gringa. Sem medo. A bossa New Love (1973), por exemplo, foi composta enquanto ele morava (ilegalmente) nos Estados Unidos. I don’t know what to do with myself é um super funk abrasileirado. I don’t care é uma balada cortante, onde o eterno síndico solta seus bichos. Mas nem tudo é vermelho e azul. Do verde e amarelo, Dance enquanto é tempo é aula. Márcio, Leonardo e Telmo tem suingue pra dar e vender. O que me importa é de chorar. Ou seja, Tim Universal Maia resgata o melhor da história de um artista que viveu como quis e partiu deixando saudade.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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