Mesmo já contando mais de 40 anos desde o fim dos Beatles, até hoje eles não deixaram de ser notícia e de movimentarem um bom time de pessoas interessadas em ler, escrever, ver, ouvir  e saber sobre a vida, carreira, intimidade deles. Anualmente, uma penca de livros, discos, tributos, documentários e outros produtos são colocados nas prateleiras e atraem uma boa legião de fãs. Com o aniversário de 30 anos de morte de John Lennon em 2010, esse número cresceu um bocado com análises psicológicas, livros de fotos, filmes e mais um montão de homenagens. No meio desse balaio de produtos, muitos deles buscando a qualquer custo um diferencial (bem difícil de ser achado hoje em dia) um livro merece destaque. O Pequeno Livro dos Beatles (Ed. Conrad) conta em 164 páginas a trajetória do Fab Four, desde o nascimento de John, Paul, Ringo e George até o lançamento de Y Not, 15º álbum de Ringo Starr, em 2010. Se até aí não há novidade, o melhor é que tudo é contado através dos quadrinhos mágicos de Hervé Bourhis. Nascido em Chambray-lés-Tours, França, em 1974, ele escreveu sua primeira revista em quadrinhos aos sete anos. Aos 14 ganhou de presente da mãe um livro sobre o quarteto de Liverpool e se viu fisgado pelas suas histórias. Juntou a leitura com as melodias que já conhecia e pronto, entrou para a fila dos fãs. A forma pela qual ele se aproximou dos Beatles, por um livro e não por um disco, é tão curiosa quanto seu traço preenchido com cores pasteis. Se o trilho por onde corre o enredo das tirinhas já é bem conhecido, é justamente essa relação pessoal do quadrinista com a banda que dá um molho de graça e ironia ao livro. Por exemplo, seu sarcasmo ao tratar dos trabalhos solos de Ringo Starr, o baterista considerado o menos inspirado do quarteto, é ferino e hilário. Aliás, esse é um dos pontos mais enriquecedores da leitura. Junto com a parte biográfica, Hervé aproveitou para enumerar e resenhar (mesmo que de um modo bem particular) todos os discos lançados pela banda e pelos quatro músicos em carreira solo. Hervé Bourhis, que lançou O Pequeno Livro do Rock pela mesma editora, em 2010, se mostra um observador atento do cenário roqueiro e não poupa críticas a trabalhos flácidos lançados pelos imortais do rock. Pra quem não lembra, além da profusão de pérolas, os anos 80 também deixaram um legado tecladístico que comprometeu muitos trabalhos de, entre outros, Paul McCartney. Encerrando O Pequeno Livro dos Beatles com um questionamento sobre quem era mais rock’n’roll, Beatles ou Rolling Stones, a certeza que fica é que, se esta não é a biografia mais importante do quarteto, certamente é a mais divertida.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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