Por Marcos Robério (@marcos_roberio)

Matéria publicada no Jornal O Povo dia 02.04

Hoje é dia de encontro com a essência da música caipira. Dia de recordar as raízes interioranas, as coisas do campo, a imensidão do sertão e os amores do sertanejo. Dia de se identificar com histórias que aparecem nas paisagens bucólicas, como que brotando do mato e da simplicidade da vida. É dia de ver tudo isso reunido no olhar apurado e na poesia cantada de Renato Teixeira. O cantor e compositor se apresenta hoje no BNB Clube, em show que contará com a participação do cantor cearense Rozamato.

Em mais de 40 anos de carreira, Renato Teixeira é nome consagrado na música brasileira. Suas músicas marcaram época na voz dele próprio e também na de outros grandes nomes, para quem compôs e com quem fez várias parcerias, como Almir Sater, Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina, entre inúmeros outros. Elis, aliás, gravou e imortalizou a canção Romaria, composta por Renato, e que se tornaria uma espécie de hino da história e da fé interiorana. Outro sucesso marcante foi Frete, que embalava as aventuras de Antônio Fagundes e Stênio Garcia (Pedro e Bino) na série Carga Pesada. “Se depois de tantos anos de carreira, esse tipo de música ainda sobrevive, é porque tem algo de bom e que meu público gosta”, se orgulha Renato.

Crítico da música voltada essencialmente para o mercado, Renato frisa que seu trabalho segue um outro caminho, mais original e que nem por isso deixa de ter o reconhecimento do público mais fiel: “No Brasil há dois tipos de música, uma que vem de cima para baixo, manipulada pelo mercado, e outra que vem de baixo para cima, do povo e para o povo. Essa é a que eu faço”. Segundo ele, a música passa atualmente por uma “crise existencial”, de produção, direitos autorais e distribuição, isso provocado pelas novas mídias. Ainda assim, o músico se diz admirador de alguns nomes da nova safra, como a dupla mineira Victor e Léo e a cantora, também mineira, Paula Fernandes. 
No show desta noite, Renato estará ao lado dos filhos Chico Teixeira (voz e violão de doze cordas) e João Lavraz (baixo). Como um pai coruja, Renato explica que as apresentações fazem com que os filhos aprendam sempre mais, viajando pelo Brasil, embora não sigam exatamente os mesmos passos musicais do pai, que afirma que “o importante é ter originalidade”. Mostrando empolgação para o show, o artista diz que é sempre especial cantar em Fortaleza: “Vou a Fortaleza ao menos uma vez por ano e sempre tem sido uma maravilha”. Incansável, ele já prepara mais um CD, em parceria com Almir Sater.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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