Faltando menos de um ano para completar suas cinco décadas de vida, Marcos Valadão Rodolfo já pode olhar pra trás e se orgulhar de sua carreira. Afinal, foram quase 30 anos como cantor de uma das bandas mais emblemáticas do rock nacional, o Ira!. Ao lado do guitar hero Edgard Scandurra, ele foi responsável pela criação de clássicos como Flores em você, Gritos na multidão e Dias de luta. Atendendo pelo apelido de Nasi, ele teve ainda uma passagem pelos Voluntários da Pátria e, depois, abraçou seu amor pelo blues com Nasi & e os Irmãos do Blues.

Com tanta experiência, Nasi já pode se dar ao luxo de fazer show sem a preocupação de ensaiar. E é isso que vai acontecer de logo mais no Amici’s. “Olha, eu to na fase Romário da carreira, aquela que não precisa mais treinar”, comenta, malandramente, por telefone. Ele chega esta tarde a Fortaleza e se apresenta à noite, por cerca de 50 minutos, acompanhado de um grupo de músicos cearenses que, até agora, ele só conheceu por telefone. “Já acertamos todos os tons e andamentos por telefone”, tranquiliza.

Seguindo seu estilo rocker, Nasi adianta que sua participação vai ser basicamente com os clássicos da carreira, como Eu quero sempre mais e Envelheço na cidade. “Mas, se bobear, eu tiro um Legião (Urbana) ou um Raul (Seixas). Pode aparecer alguma coisa na hora. Mas, espero poder trazer logo o meu show completo”, diz ele se referindo ao seu primeiro trabalho pós-Ira!. Lançado em 2010, o CD e DVD Ao Vivo na Cena é um balaio de sucessos (Milhas e Milhas), referências (Rockixe) e invenções (Bala com bala) que funciona bem na voz poderosa do cantor e que acabou sendo um dos cinco indicados ao Grammy de melhor disco de rock de 2010. “Já naveguei por tudo, do meinstream ao independente. Mesmo sem ter ganhado, foi um carimbo de aceitação. Trata-se de um prêmio da indústria, votado pela crítica especializada”.

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Já pensando em ideias para seu próximo disco, ainda sem datas fechadas, Nasi já vem compondo com os músicos Johnny Boy e Nivaldo Compopiano e adianta que está negociando coma gravadora Coqueiro Verde (a mesma de Vivo na Cena), para relançar seu ótimo primeiro disco solo, Onde os anjos não ousam pisar (2006). Lançado numa entressafra do Ira!, entre o megassucesso do Acústico MTV e o derradeiro Invisível DJ, o disco faz uma panorâmica sobre os sons que povoam a cabeça do vocalista, passando pelo Hip Hop, blues, eletrônico e Roberto Carlos. Mas, por enquanto, a meta é apresentar seu novo disco em mais cidades. “Quero dedicar esse ano às capitais. Como ainda estou sem shows no nordeste, estou sem pressa de virar esse disco. Mas, vamos na fé que eu vou insistindo”, encerra o assunto.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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