Patricia Talem é paulistana, tem 32 anos, metade deles cantando em bailes e casamentos. Dona de uma voz saborosa, ela lançou recentemente seu segundo disco, o elegante Olhos. Em apenas nove faixas, Patricia desfila um bom gosto ímpar entre os artistas que se aventuram pelo tão pouco popular jazz. Encartado num envelopinho branco com azul, que traz a foto da bela morena na frente, está um repertório selecionado a dedo pela cantora ao lado do produtor Marco da Costa. Pra abrir os trabalho, uma versão em português (diferente da gravada por Ivete Sangalo) para o clássico jazzístico Moonglow. A letra de Carlos Rennó cai como uma luva na voz quente de Patrícia que passa para um obrigatório número de Bossa Nova. Mas, se quando um brasileiro envereda pelo jazz procura logo canções de Tom e João Gilberto, aqui ela entra com Folha de Papel, do esquecido Sérgio Ricardo. Respeitando a economia e a beleza da Bossa, Patricia faz bonito também em Olhos Negros, do grande Johnny Alf. Acompanhada por Christian McBride (baixo), Sandro Albert (guitarra e violão), Bob Mintzer e pelo produtor na bateria, ela finca os dois pés num jazz que sugere um dia de chuva e um drink. Os arranjos e piano são de Russell Ferrante (Yellowjackets) valorizam a bela voz da cantora e dão destaque em canções já bem batidas, como é caso de Nascente. Para esta ue é a composição mais gravada de Flávio Venturini, ela ainda convida a americana Jane Monheit para dividir com ela uma parte em inglês da música. Patrícia conheceu Jane enquanto excursionou pelos Estados Unidos. Encontraram várias coinncidências entre si e, daí, nasceu uma bela parceria. Já Ventrini, Patrícia Talem conheceu quando gravava seu primeiro disco, em 2009, que trazia uma inédita do compositor (Tarde Solar). Ela, uma fã assumida do Clube da Esquina, acabou convidando Flávio para este Olhos. Prontamente, ele comparece em Clube da Esquina 2. Outro ponto para Olhos está na entrada de Luiz Melodia para um repertório de jazz. O Negro Gato cede seu Presente Cotidiano e ganha um banho de requinte, sem perder sua assinatura original. Cantadas em inglês, Shadow of love e For your babies são duas vertentes diferentes de Patrícia Talem. A primeira um standard autêntico com direito a solo de sax (Mintzer) e pianinho esperto (Ferrante), apesar de ter sido composta por um secundarista americano (Matt Robbins) que se encantou com a voz da brasileira e sugeriu a canção via myspace. Já a segunda é um soul/pop do grupo Simply Red, que faz ponte com o primeiro disco de Patrícia, que trazia uma acento pop mais evidente, sem cair na mesmice. Gravado no belíssimo Bennett Studios (do mestre Tony Bennett), Olhos fecha com a inédita e apaixonada O que eu seria sem ti (que lembra muito There must be an angel, do Eurythmics). O disco tem menos de 40 minutos, mas deixa pra trás a sensação de se ter ouvido uma grande cantora. Tivesse ela nascido americana nos anos 30, hoje seria referência.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=DvhMWUL79Nc&playnext=1&list=PL41B3559AC312D7D5[/youtube]

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles