Nem bem deixou o Brasil em sua turnê Up to coming e sir Paul McCartney já vê chegar nas lojas um tributo exclusivamente dedicado às suas canções. Lançado pelo selo Discobertas, Paul McCartney Letra & Música escolhe 18 faixas entre um vastidão de clássicos e recria por intérpretes brasileiros como Rosa Maria Colyn, Leila Pinheiro e Rita Lee. Importante dizer: nem tudo que está ali é inédito ou original. A proporção é de sete inéditas para 11 relançamentos. Também, esse disco já havia sido lançado com outra capa, mas voltou bem mais bonito. Veja o faixa a faixa:
1. And I Love him – Com guitarras de Lanny Gordin e direção de Arnaldo Baptista, Rita Lee faz uma leitura meio funkeada para uma das melhores baladas de Paul e John. A gravação é de 1970, do disco Build Up, estreia solo da nossa rainha.
2. Oh! Darling – Rosa Maria mistura jazz e blues, e faz bonito numa das melhores canções do disco Abbey Road, de 1969. Bom solo de sax (sem créditos) e boa voz de uma cantora bem pouco conhecida dos brasileiros.
3. Eleanor Rigby – Cássia Eller leva uma das maiores poesias sonoras da história para o ritmo do reggae. Pescada do disco de estreia da cantora, vale mais pela ousadia.
4. She’s leaving home – Soberba somente ao piano, Cida Moreira brilha numa versão teatral desta pérola. Gravada ao vivo em 1981, ela introduz a canção anunciando “vamos partir para barra bem mais pesadas”.
5. I will – Érika Martins é uma batalhadora no campo da música e merece mérito por isso, ainda assim parece não ter encontrado seu lugar. Aqui não é diferente.
6. Junk – Com arranjos e violão de Ary Sperling, Julie canta e faz vocais de apoio numa bela versão desta canção composta quando o Fab Four estava na Índia tomando uma banho de descarrego com o Marrarish.
7. Let it be – Com um bom arranjo de piano de Zezo de Almeida (não deve ser o forrozeiro!), Dri Vallejo faz uma leitura respeitosa e sem muita ousadia do clássico maior de Paul. Interessante.
8. Suicide – Twiggy brilha e se destaca numa versão alegre e poderosa desta música que nunca foi oficialmente gravada por Paul. Sinatra achou que o Beatle estava brincando quando lhe ofereceu esta música.
9. I am your singer – Tudo bem que a música não ajuda muito, mas Hevelyn Costa faz uma leitura mais açucarada desta baladinha romântica gravada pelos Wings em 1971, no disco Wild Life.
10. Girlfriend – Lançada por Michael Jackson em 1979, no indefectível Off the wall, esta baladinha perdeu o acento soul pra ganhar ares folk na voz da paraense Liah. O resultado é bem bom.
11. My love – Uma dos hinos ao romantismo McCartiano ficou mais arrastado do que o necessário com Leila Pinheiro, acompanhada pelo acordeom de Bebê (!). A intensão era boa, mas o resultado é médio.
12. I’m carrying – Georgeana Bonow faz Paul McCartney pisar no terreno da Bossa Nova. A voz é doce, o instrumental é bonitinho, mas não impressiona.
13. Adeus (Goodbye) – A saudosa Silvinha, em disco de 1969, gravou esta versão de Fred Jorge para esta canção menos balada de John e Paul. Classe total. Jovem Guarda com bons toques de sofisticação.
14. Viver e reviver (Here, there and everywhere) – Uma das maravilhas criadas por Gal Costa nos dúbios anos 80. A letra em portugês é do cearense Fausto Nilo. A voz da baiana está límpida como água e a letra de Fausto, como sempre, impecável. “O sonho é livre e não morre jamais”.
15. O tolo da colina (The fool on the hill) – Boa lembraça trazer uma sumida Amelinha para esta coletânea. O registro é de 1984, do disco Água e luz, com letra em portugês do ex-maridão Zé Ramalho. Apesar da tenebrosa bateria eletrônica, o que brilha é a voz da cearense. Bem bom.
16. Como eu sei (Only love remains) – Verônica Sabino canta e verte para o português esta canção menor de um disco menor (Press to play, 1986) de Paul. Nada demais.
17. Essa ternura (A certain softness) – Daniela Mercury bem que tenta, mas sempre parece que falta alguma coisa. Nese caso, a voz é a mesma e a letra em português de César Lemos fala em “loucura em seu olhar me chamou” e “essa loucura de te amar me alucina”. Pode pular.
18. Ob-la-di, ob-la-da – Pato Fu desce pro play e brinca com esta que foi tirada do caleidoscópico Álbum branco. Como a ideia era fazer farra mesmo, o resultado é dos melhores.