Tal qual o prometido, segue aqui um faixa-a-faixa do disco Mr. Lennon, lançado há alguns meses pelo selo Discobertas. O disco foi lançado originalmente em 2001 com o nome Dê uma chanca à paz John Lennon – Uma homenagem. Trata-se de um dos poucos lançamentos do selo Geléia Geral, que serviu, basicamente, para lançar os discos do seu dono, Gilberto Gil. Eis que o disco voltou com nova capa e encarte para ser uma contraparte masculina do Mrs Lennon, um tributo à desvalorizada carreira de Yoko Ono como compositora. Mr. Lennon, o que será agora apresentado, é um dos melhores discos que já ouvi. Isso não é exagero. Em meio a tantos tributos aos Beatles ou aos seus integrfantes em separado, esse ganha por uma aura de cuidado e valorização de cada faixa em particular. São 15, com direito a duas versões para Give peace a chance, que caiu como uma luva na voz de mutante Arnaldo Baptista. Tudo soa honesto e coerente. Vale a pena ouvir.
1. Mind Games – Nando Reis e os Infernais abrem bem o tributo com um reggae lisérgico. A voz errática do ex-Titã confere credibilidade a esse hino pela paz.
2. Woman is the nigger of the world – Lennon fez esta letra enorme como uma forma de defender a imagem da mulher e, por conseguinte, a de sua amada Yoko. Cássia Eller aproveita a deixa e berra o que pode deixando tudo mais vitaminado. Pra deixar saudades.
3. Intant Karma – Lobão escolheu bem e deu show de interpretação nesta canção pinçada do single de 1970.
4. Imagine – Clássico maior da obra Lennoniana, trata-se de uma baladinha já bem batida e regravada. Aqui, Milton Nascimento e Gilberto Gil acrescentam pouco e fazem a faixa mais bobinha do tributo.
5. Give peace a chance – No grande momento do disco, o mestre Arnaldo Baptista canta e se diverte. Pra completar, o violão é de Andreas Kisser e a bateria de Charles Gavin. Precisa mais?
6. Tomorrow never knows – Numa de suas raras aparições ao microfone, o baterista paralamico João Barone faz uma bela leitura deste retrato sobre uma viagem lisérgica. Kátia B, esposa de João, faz o reforço nos vocais.
7. Mother – Um dos lamentos mais doídos de Mr. Lennon vira uma delicada balada acústica com Zeca Baleiro. O que era tristeza e angústia se transforma em lágrima de criança acuada. Muito bom.
8. Look at me – Zélia Duncan respeita o original e acrescenta apenas uma pitada a mais de tempero folk a mais esta declaração de amor para Yoko.
9. God – A voz pesada de Zé Ramalho soa ainda mais coerente nesta balada do fim do mundo. Enquanto Lennon cospe fogo pelas ventas, Zé mantém a compostura e respeita a mensagem do ídolo.
10. How do you sleep? – O recado foi claro de Lennon para seu ex-companheiro, Paul. “A única coisa que você fez foi Yesterday“, passa na cara. Paulinho Moska e seu quarteto Móbile aumentam a dose de violencia e suingue, e registram uma pérola.
11. I know – Cantada e 100% tocada por Herbert Vianna, esta balada de amor (adivinha pra quem!) tirada do disco Mind Games fica mais enxuta e intimista nesta versão focada em violões. Dá pra ouvir o arranhado dos dedos nas cordas.
12. Bless you – Toni Platão, em ótimo momento vocal, leva essa pouco conhecida balada pop para o mundo da Bossa Nova. Para se ouvir no escuro tomando um bom drink.
13. Nobody loves you – Celso Fonseca se engana e faz uma canção de ninar do que antes era uma canção de amor acabado. O amor, no caso, era de John e Yoko que, na época, haviam decidido dar um tempo. Sorte de quem transforma maus momentos em boa música.
14. Beautiful boy – Iniciando com uma referência a Como uma onda, Lulu Santos se mostra inspirado com a então chegada do seu primeiro neto e faz a mais linda releitura do disco. Destaque para a guitarra havaiana. Sugiro repetir.
15. Give peace a chance – Com o sobrenome de Versão especial, o mantra pela paz de Lennon volta ao fim do disco numa versão turbinada, mais uma vez com Arnaldo Baptista na voz. Só pra fechar.