Característica comum da nova produção musical brasileira, os trabalhos independentes viraram sinônimos de modernidade, arrojo e frescor. O pouca gente está interessada em saber é que o primeiro disco independente do Brasil completa 53 anos em 2011. De presente ganhou sua primeira edição em CD pelo selo Discobertas. Um Passeio Musical foi bancado pelo compositor Pacífico Mascarenhas para reunir 14 composições próprias. Em clima de baile dançante, as canções, até então inéditas, agregaram um quarteto de músicos de Belo Horizonte, terra de Pacífico. Alvarenga no baixo e Dario na bateria fizeram a cama para o pianista Paulo Modesto e o cantor (e estudante de odontologia) Gilberto Santana. Os créditos da capa foram dados a Paulinho e seu Conjunto. Como a aventura poderia dar com os burros n’água, os dois últimos preferiram assinar o trabalho com um pseudônimo. O burros não tiveram tal destino e o resultado ficou pra lá de chic. Ainda assim foram produzidas apenas 880 cópia de Um Passeio Musical, que foram distribuídas para algumas rádios. Duas curiosidades: um certo baiano chamado João Gilberto combinou de tocar no disco, mas acabou não aparecendo. Outra: depois deste disco, Pacífico Mascarenhas montou o grupo Sambacana que contava com um crooner de luxo, porém ainda desconhecido, chamado Milton Nascimento. Ou seja, sem querer pra si o título de visionário, Pacífico Mascarenhas adiantou o que viria a ser moda entre novos artistas e ainda entrou pra história como o cara que lançou a maior voz das Minas Gerais. É muita coisa pra um alguém só.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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