Com poucos anos de carreira, Thaís Gulin (lê-se “Gúlin”) já entrou para um time seleto da música brasileira. O time das musas de Chico Buarque. Ela é a tal menina do “cabelo cor de abóbora” que o compositor cita em Essa pequena, canção gravada no recente disco Chico. Como se a homenagem não bastasse, ela ainda divide com ele a valsinha Se eu soubesse, já escalada para o repertório do show gratuito que a cantora faz em Fortaleza neste domingo (5).

Convidada do projeto Fortaleza em Férias, a cantora e compositora curitibana apresenta, pela primeira vez no Nordeste, seu segundo disco, ôÔÔôôÔôÔ (Som Livre), lançado em 2011. Para ela, a passagem pelo Ceará, tem um sabor especial por se tratar de um lugar que ela visitou bastante na infância. “Vi uma foto do anfiteatro pela internet. É um lugar especial. Fortaleza é um lugar especial para mim, passava as férias com meus pais por aí”, comenta por email.

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ôÔÔôôÔôÔ veio quatro anos depois do disco Thaís Gulin (Rob Digital). Influenciado por uma aura carioca, o novo repertório mistura estilos variados com a voz aguda e afinada da intérprete que dividiu letra e música em Ali sim, Alice com Tom Zé. Ainda como compositora, ela acumula parcerias ilustres com Arrigo Barnabé, Moreno Veloso e Ana Carolina. “Acho que compor é um canal por onde você capta o que está no ar. Manter esse canal aberto não é tranquilo. É um contato muito profundo com quem você é”, reflete.

Radicada há quase dez anos no Rio de Janeiro, Thaís começou a testar seu talento para os palcos aos quatro anos, na época do ballet. Cantando “pra valer”, foi aos 17. Dois anos depois já estava decidida a ser artista, no teatro ou na música, e até abandonou um estágio em Curitiba, onde acabava dormindo num sofá por conta das noites de ensaio. Seu caminho para a música começou antes, pelo rádio e pela mãe, com quem aprendeu a gostar de Nara Leão, João Gilberto, Mutantes e Piazzolla.

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Se na infância Chico Buarque não tava entre seus preferidos, depois do dueto, Thaís ganhou mais exposição midiática. Inclusive por conta de um suposto namoro com carioca de olhos azuis. Se é verdade ou não, ela preferiu ignorar qualquer pergunta sobre o assunto. Melhor tratar dos projetos futuros, que já andam se delineando. “Acho que assim que você termina um disco, o outro já se encaminha. Ainda sem forma, mas você sente uma direção possível.  Agora os planos são fazer os clipes que temos para fazer e a turnê”. Aos 31 anos, a moça de jeito tímido sabe que muitas músicas ainda vão acontecer.

DISCOGRAFIA – Esta será sua primeira vez em Fortaleza. Como vai ser esse show?
Thaís Gulin –
Vi uma foto do anfiteatro pela internet. É um lugar especial.  Fortaleza é um lugar especial para mim, passava as férias com meus pais por aí, na infância. É a primeira cidade do nordeste em que faremos o lançamento do disco, o mesmo show que fizemos em São Paulo, Rio e Curitiba mas com algumas canções a mais.
 
DISCOGRAFIA – Queria que você me adiantasse algo do repertório e quem lhe acompanha no palco.
Thaís Gulin –
Os companheiros de palco são: Fernando Caneca (violão e guitarra), Chico Chagas (teclados e acordeão), Lancaster Lopes (baixo), Thiaguinho Silva (batera), Johnson (trombone). O repertório terá ôÔÔôôÔôÔ, Cinema Americano, Ali Sim, Alice, Se Eu Soubesse, enfim, quase todas as canções desse meu segundo disco e algumas do primeiro como Garoto de Aluguel e História de Fogo.  
 
DISCOGRAFIA – Como a música entrou na sua vida?
Thaís Gulin –
Pela minha mãe. Ela ouvia muito João Gilberto, Nara, Mutantes, Chico, Mercedes Sosa, Piazzolla.  Tocava pra mim. Pequena, o que eu queria era viver dentro de um teatro com um piano, mas era proibido para uma criança de quatro anos, então, ficava inventando canções num órgão que tinha lá em casa. Foi importante isso, não ter aulas quando pequena, inventar um jeito meu.
 
DISCOGRAFIA – Que sons e artistas mais lhe influenciaram?
Thaís Gulin –
Cássia Eller, João Gilberto, Bjork. Ouvia muito rap, hip hop, reggae, samba, tango. E também qualquer coisa que tocasse no rádio.
 
DISCOGRAFIA – Você é natural de Curitiba. Queria saber em que sentido sua cidade influencia seu trabalho.
Thaís Gulin –
Curitiba é uma cidade silenciosa. É mais distante ver o tempo passar, tem uma atmosfera que te permite ver as coisas assim. É uma cidade que me organiza, me acalma. 
 
DISCOGRAFIA – Quando e como foi a primeira vez que você pisou num palco? Que idade você tinha?
Thaís Gulin –
Foi aos quatro anos. Dançava ballet. Cantando, a primeira vez pra valer foi aos 17.
 
DISCOGRAFIA – Sua carreira aconteceu no Rio de Janeiro. Quando você foi morar lá? Como foi a chegada? Já conhecia alguém no Rio?
Thaís Gulin –
Minha mãe nasceu no Rio, em Vila Isabel. Mas quando cheguei já não tinha família aqui. Fui pro Tablado, minha professora era a Guida Viana e ela rapidamente me indicou pra minha primeira peça aqui. Lá em Curitiba, trabalhava como atriz, cantava e estudava Conservatório de MPB.  
 
DISCOGRAFIA – Em que momento você escolheu trabalhar com música e viver de música? Hoje você vive de música? Chegou a trabalhar ccm outras coisas?
Thaís Gulin –
Foi aos 19 anos, quando morei na França. Voltei certa do teatro e da música. Para mim era mais importante, que a música carregasse exatamente quem eu era. Então, enquanto fazia as peças dos outros autores, fazia alguns shows para deixar sair o que era meu. Vivo de música. Cheguei a fazer estágio numa empresa em Curitiba mas ficava até muito tarde no teatro, ia para a faculdade de manhã e, à tarde, na hora do estágio, ficava cansada e dormia num sofá escondido. 
 
DISCOGRAFIA – Você divide seu trabalho de cantora entre intérprete e e compositora. É fácil pra você compor? Como nascem suas composições?
Thaís Gulin –
Acho que compor é um canal por onde você capta o que está no ar. Manter esse canal aberto não é tranquilo. É um contato muito profundo com quem você é. Quando nasce, a composição geralmente “cai” na sua cabeça, aí você trabalha em cima dela. Às vezes pode cair inteira, pronta, às vezes tem que trabalhar muito. Ainda sinto um pouco dividido, sim.
 
DISCOGRAFIA – Você é uma mulher bem tímida. Alguma vez isso atrapalhou sua vida ou seu trabalho?
Thaís Gulin –
Mas não sou tímida…
 
DISCOGRAFIA – Como nasceu o título do seu segundo disco? O que ele lhe diz?
Thaís Gulin –
Estava tentando achar um título pra música. Tinha posto um nome que sabia que era temporário: “cabrochas”. Fui passando a letra pra ver se eu descobria as palavras que dariam o título, aí veio a parte da melodia que fazia ôÔÔôôÔôÔ e, achei. Aí veio a ideia da bandeira da capa, fincada no Arpoador, uma coisa de turista no Rio, homem na lua. Meio daqui, meio de fora.
 
DISCOGRAFIA – Com dois discos lançados, você já acumula encontros com dois grandes nomes da MPB: Tom Zé e Chico Buarque. Com aconteceu o encontro com eles?
Thaís Gulin –
Eu os conheci pelo meu primeiro disco. Eles ouviram e me escreveram. Não esperava e fiquei muito feliz, cada um do seu jeito, um quase o oposto do outro, são grandes influências pra mim. Quando as músicas chegaram, dialogavam com tudo o que o disco carregava. Flutuavam.
 
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DISCOGRAFIA – Recentemente seu nome virou notícia também por conta do namoro com o Chico, que vocês nem confirmam nem negam. É verdade?
Thaís Gulin –
(sem resposta)

DISCOGRAFIA – Essa exposição lhe incomoda?
Thaís Gulin –
(sem resposta)
 
DISCOGRAFIA – Curioso saber que você não gostava do Chico quando era menor. Em que momento começou a gostar? Qual foi o disco ou música que lhe despertou pro trabalho dele?
Thaís Gulin –
(sem resposta)
 
DISCOGRAFIA – Como estão os seus planos agora? Já tem um novo disco ou trabalho em vista?
Thaís Gulin –
Já. Acho que assim que você termina um disco, o outro se encaminha, ainda sem forma, mas você sente uma direção possível. Agora os planos são fazer os clipes que temos para fazer e a turnê.   

DISCOGRAFIA – O que o público pode esperar desse show?
Thaís Gulin –
Música e alegria por estar em Fortaleza.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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