Passados os dias de Carnaval, a vida não pode se resumir a ressaca e preocupação com o que fez. No Ceará, há mais de uma década essa é a época de curtir grandes shows de música. Depois dos dias de Momo, quando a pequena e charmosa Guaramiranga recebeu seu tradicional Festival de Jazz & Blues, o evento desce a serra e segue com a programação por mais um fim de semana em Fortaleza. No sábado (25), uma apresentação extra também acontece no Teatro São João, em Sobral.

Em sua 13ª edição, o Festival chega nesta sexta-feira (24) ao Teatro Via Sul com a participação de um dos grandes do jazz. Ravi Coltrane (foto), filho do inesquecível saxofonista John Coltrane (1926 – 1967) com a pianista Alice Coltrane (1937 – 2007), vem se juntar com o jovem israelense Gadi Lehavi. Pianista  virtuoso, Lehavi tem apenas 16 anos de idade e quase o mesmo tempo de carreira. Despertando para a música logo cedo, não tardou para que ele chamasse a atenção de músicos e produtores.

Em uma apresentação em Nova York, Ravi Coltrane se impressionou com a técnica do garoto e logo iniciaram uma parceria, que chega pela primeira vez ao Brasil. Veterano dos palcos e estúdios, Ravi herdou do pai o talento para a música. Companheiro na música de gigantes como Carlos Santana, McCoy Tyner, Herbie Hancock, Stanley Clarke e Brandford Marsalis, ele divide sua carreira entre o sax, o clarinete e a produção de artistas como o ex-Pink Floyd David Gilmor. Sempre em busca de novos elementos, Ravi tem um pé na tradição do pai – considerado um dos reinventores do estilo na década de 1960 – e outro na invenção.

 

O mesmo acontece com o cubano Omar Puente, que toca sábado (25) no Teatro Via Sul. Nascido em Santigo, o violinista e pianista desenvolveu um som bem particular que mistura jazz, erudito e música latina. Como ele mesmo diz, é um músico “clássico, cujo coração bate com ritmo cubano, a alma é africana e a casa está em Yorkshire, no norte da Inglaterra”. Omar é formado no Instituto Superior de Arte em Havana e já integrou a Orquestra Sinfônica Nacional de Cuba. O resultado das suas experimentações sonoras é um som balançado, com foco num violino bem caliente.

E quem encerra essa segunda etapa do Festival de Jazz & Blues é cantor, compositor e músico Danilo Caymmi. O carioca de coração baiano, filho do Dorival, vem para duas apresentações diferentes onde apresenta o disco Alvear (Biscoito Fino). Na sexta-feira (24), ele faz um duo com o violonista Flávio Mendes numa apresentação intimista no Cuca Che Guevara. Já no domingo (26), ele encontra sua banda no Anfiteatro Flávio Ponte (Volta da Jurema). Costurando a baianidade do pai com a bossa do mestre Tom Jobim, a quem acompanhou durante anos na Banda Nova, ele lembra sucessos, toca canções novas e se despede do festival de jazz já deixando uma expectativa para o próximo ano.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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