“A palavra liga os olhos, liga o aceno e liga o adeus”. A composição é de Raimundo Fagner  (com Zé  Ramalho), músico que nascia há exatos 63 anos, em Fortaleza, a despeito do que muitos pensam. Fagner foi registrado e criado no município de Orós, mas nascido na Capital. Qualquer homenagem neste 13 de outubro vai parecer ínfima, diante da  forte representação que o músico tem na história da música brasileira. Ele está presente no cotidiano de milhares de pessoas. Desde os tempos do antológico grupo “Pessoal do Ceará” e desaguando nas diversas vertentes que sua música tomou com o passar dos anos.    

Lembrar de Fagner é também recordar a riqueza e a beleza da MPB cearense, sendo um dos diversos personagens que fizeram e fazem a história musical do Estado. Fagner começou a ser conhecido quando participou de programas na TV Ceará, em 1969, ano em que também venceu o “I Festival de Música Popular do Ceará – Aqui no Canto”. Depois disto, ele foi morar em Brasília, para estudar Arquitetura na UnB, lugar para onde também foi seu parceiro de composições e amigo, Fausto Nilo, mas como professor.
 
Já na capital federal, Fagner venceu um festival promovido pelo Centro Estudantil da Universidade de Brasília (CEUB). E foi “Mucuripe” (parceria com Belchior) que levou o primeiro lugar. De cara, a belíssima composição conquistou a cantora Elis Regina, que foi a primeira a gravar, no ano de 1972 e, posteriormente, Roberto Carlos (em 1975). Depois da premiação, Fagner lançou, em 1973, seu primeiro Long Play (LP), o clássico “Manera Fru Fru, Manera”.

A história do músico vai de encontro com a de outros diversos artistas brasileiros. São muitas as curiosidades que envolvem a carreira dele. Uma delas é ligada a Fausto Nilo. Muito antes do compositor gravar seu primeiro CD, em 1998, Fagner produziu um disco chamado “Soro” (1971), e foi nele a primeira música gravada por Fausto (Coração Condenado), ao lado da incrível cantora Núbia Lafayette. Também como produtor, Fagner encabeçou um disco de Nara Leão, ao lado de Fausto, chamado “Romance Popular”, onde foram gravadas músicas de Robertinho do Recife, Roberto de Carvalho, Moraes Moreira, Stélio Valle, Nonato Luis e de vários outros músicos. O CD é um primor, lindo da primeira à última canção 

Além disto, Fagner também é conhecido por sua relação afetiva e artística com o grande Luiz Gonzaga. Ele foi o único músico que chegou a gravar dois discos em dueto com o Rei do Baião. São eles: “Fagner e Gonzagão I” e “Fagner e Gonzagão II – O ABC do Sertão”. 

Nos mais de 40 anos de carreira, são muitas as histórias, as músicas e as emoções proporcionadas. Durante este tempo, o cearense evidenciou seu talento em uma tremenda pluralidade musical, ou, melhor dizendo, um coquetel de estilos, sons e parcerias, que resultou em o que é Fagner hoje.

Abaixo, a música “Pressentimento”, composição de Beto Fae e Fausto Nilo interpretada por Fagner. O backing vocal é da cantora Rosana.
[youtube]http://youtu.be/4Nxn74pZBnE[/youtube]

 

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles