A espera foi longa. Foram seis anos sem um lançamento de músicas inéditas. Nesse intervalo, apenas dois discos de caráter revisionista gravados ao vivo – um no Brasil e outro na tradicional casa jazzística Blue Note, em Nova York – serviram para lembrar aos fãs da voz doce e acalentadora de Gal Costa. Foi então que, no meio do ano passado, começaram a surgir as primeiras notícias de um retorno da musa baiana, guiado pelo amigo e conterrâneo Caetano Veloso. O disco, Recanto, virou realidade no fim de 2011 e deu origem a uma turnê que rodou o Brasil trazendo pela mão uma série de elogios.

No entanto, ficou para janeiro de 2013 o momento de Fortaleza conhecer o espetáculo que alinhou a voz cristalina de Gal Costa com os toques eletrônicos. Convidada para a abertura da X Bienal Internacional do Livro do Ceará, que acontece esta noite (8) no Centro de Eventos do Ceará, a musa vai apresentar um show acústico, intimista, acompanhada apenas por um violão. “Optamos pelo voz e violão porque o convite surgiu muito em cima da hora e os músicos já tinham outros compromissos. (Mas) vamos fazer um show memorável! Relembrar lindas canções que gravei ao longo da minha carreira e festejar a vida com alegria”, explica a cantora em entrevista por email. Já apresentado no Brasil e no exterior, o show batizado de Gal Total agrega grandes sucessos e pérolas escondidas ao longo de uma carreira que já conta cerca de 45 anos.

 

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Gal Total foi uma forma de apresentar uma caixa homônima lançada em 2010 pela gravadora Universal. Nela, estão contidos 14 discos da baiana lançados entre 1967 e 1983, época em que ela compunha o cast da gravadora Philips. Partindo do disco Domingo, estreia dividida com Caetano e fortemente influenciada por João Gilberto, passando pelos anos tropicalistas e terminando com Baby Gal, época da consagração popular, onde ela emplacava temas românticos e carnavalescos com mesma facilidade, a caixa traça o caminho que Gal Costa fez até se tornar uma diva da música brasileira. Certa de que essa história influenciou novos nomes da MPB, entre os quais ela cita Roberta Sá, ela assume o orgulho de ver sua obra relançada. “Representa a minha história, minha carreira, minha vida. Importante pra conhecer a minha trajetória. Muito bom re-ouvir tudo que gravei”.

Seguindo a mesma rota, o espetáculo Gal Total vem mostrando em tons mais íntimos esse mesmo caminho. Tem a fúria poética de Vapor barato (Jards Macalé/ Wally Salomão), a saltitante Festa do Interior (Moraes Moreira/ Abel Silva) e momentos extremamente populares como Chuva de prata (Ed Wilson/ Ronaldo Bastos). Como o parceiro Caetano Veloso não pode ficar de fora, ela relembra Força estranha e Você não entende nada. Claro que, no formato voz e violão, o repertório fica pode variar de cidade para cidade. Mesmo que ainda não tenha chegado a hora do prato principal que é o show Recanto, Gal Total é um ótimo petisco. “Por enquanto estou  apaixonada por Recanto. Mas, cantar o que gosto é sempre prazeroso”, encerra Gal Costa.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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