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Dois anos depois do turbulento Angles, a banda nova-iorquina Strokes lança Comedown machine, quinto disco de uma carreira que está completando 15 anos. Lançado pela Sony Music, o disco traz 11 faixas, todas creditadas à banda, e gravadas no lendário Eletric lady Studios, criado por Jimi Hendrix. Se, há uma década e meia, o quinteto trazia novo frescor para a guitarra com um trabalho cheio de sons sujos de referências vintages setentistas, o novo disco mantém o olhar no passado, mais adianta uma década no relógio. Logo na abertura, com Tap out, é impossível não sentir um cheiro de New Order no ar, assim como em Welcome to Japan. Mostrando outros caminhos para a própria voz, Julian Casablancas abusa dos agudos e dos filtros de voz e acaba causando estranheza em quem ainda tem os hits Last night e The modern age como referência. Para esses, no entanto, faixas como All the time, com a bateria marcada de Fabrízio Moretti, e 50/50, com inspirado espírito punk, são as melhores pedidas. As variações estilísticas e mudanças de rumo em Comedown machine chegaram a gerar comentários de falta de rumo e uma mezzo polêmica com a cantora Gaby Amarantos. Segundo a paraense, a faixa One way trigger teria um pé no technobrega por conta da melodia guiada por um tecladinho enfadonho. A afirmativa parece bem leviana para quem lembra do som eletropop de bandas como A-Ha, dona do sucesso Take on me (que apelidaram de “te comi”). Na verdade, o disco não parece nada desgovernado, principalmente quando se olha para trás e vê que os Strokes já gostavam de flertar com outros elementos ao longo dos discos anteriores. Não à toa, eles conseguiram bom destaque na cena indie (se é que ainda são indie) internacional. Marcado pela forte presença dos teclados e das camadas de som, Comedown machine é, na verdade, um trabalho solar, dançante e surpreendente. Do balanço pop de Happy ending até a delicadeza estranha e espacial de Call it fake, call it karma, Comedown machine é uma seleção de possíveis singles que devem render muito nas pistas.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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