Por Paulo Renato Abreu (paulorenatoabreu@opovo.com.br)

1Berto Gessinger 2013Já se passaram quase 30 anos desde o lançamento do disco Longe Demais das Capitais (1986), álbum de estreia dos Engenheiros do Hawaii. Desde então, Humberto Gessinger se construiu como um cantor, compositor e instrumentista com carreira perene no rock brasileiro. Após a “pausa” do EngHaw, em 2008, o músico trilhou outros caminhos, como o projeto Pouca Vogal e Gessinger Trio. Apresentando-se agora como cantor solo, Humberto faz show, amanhã (24), na Praça Verde do Dragão do Mar.

A proposta da apresentação é relembrar músicas de todas as fases da carreira do artista. Humberto já soma 19 álbuns gravados e mais de três milhões de discos vendidos. No próximo mês, os fãs poderão conferir Insular, 20º disco da trajetória do artista. O CD trará somente canções inéditas, fato que não acontecia há 10 anos. Em entrevista ao O POVO, Humberto comentou sobre o novo disco e o show de amanhã

O POVO – Sobre o lançamento de Insular, o que esperar do som e dos temas das suas novas canções?
Humberto – As composições poderiam estar num disco dos EngHaw, principalmente da fase mais conceitual. O que o Insular traz de diferente é o fato de eu não ter usado uma banda fixa para gravar. Por isso lanço como disco solo. Busquei ambientes diferentes para cada canção. Há muitas participações no disco, de músicos que admiro e de parceiros de duas formações dos EngHaw. Mais do que uma coleção de canções, concebi o disco como uma viagem sonora, com início meio e fim. Fui muito rigoroso na seleção do material, na escolha dos convidados, na transição entre as músicas. Valeu a pena todo o trabalho e concentração, estou muito feliz com o resultado.

O POVO – No show em Fortaleza, o repertório também vai incluir músicas do novo CD?
Humberto – Até que o disco chegue (a previsão é julho) tocarei só duas músicas novas nos shows. No mais, há canções de todas as fases da minha carreira. Muitos sucessos, mas também lados B, coisas que toquei pouco ao vivo. Há três momentos distintos no show. Rafael Bisogno e Rodrigo Tavares, músicos da banda, sabem fazer muito bem a transição do som mais pesado ao acústico.

1Berto Gessinger 2013O POVO – Você pretende guiar sua carreira apostando mais no seu lado multi-instrumentista, assumindo os vocais, teclados, baixo e acordeon?
Humberto – Para cair na estrada montei um power trio, que é o formato que mais me satisfaz ao vivo. O baixo é meu instrumento principal. Mas tô sempre pronto pra seguir os rumos que cada canção sugerir.

O POVO – O que se alterou no seu som nas passagens entre Engenheiros do Hawaii, Gessinger Trio, Pouca Vogal e, agora, na carreira solo? Qual é a principal “ponte” entre seus projetos?
Humberto – A mudança mais radical foram os 4 anos com Pouca Vogal. EngHaw, GessingerTrio e a fase solo são, para mim, lances muito parecidos. A gente amadurece, descobre coisas novas em cada show, eles nunca são iguais. Isso se reflete na nossa música. Minha escrita musical é o que une todos os capítulos deste livro.

O POVO – O Engenheiros do Hawaii continuará em “pausa”?
Humberto – Nesses 3 próximos anos, sim.

O POVO – Você toca tendo o músico Rodrigo Esteban Tavares como guitarrista. Como ele contribui para suas novas apresentações?
Humberto – É um cara muito talentoso. Gravou guitarra em duas músicas do disco. Uma delas escrevemos juntos. Ele conhece bem a minha história. Nos ensaios, nem precisamos falar muito sobre timbres, arranjos, etc. Tudo se encaixou naturalmente.

O POVO – Para você, existe um preconceito maior sobre quem faz rock com letras românticas? Você acha que te considerariam um “emo” se tivesse surgido nos anos 2000?
Humberto – Não entendo nada de rótulos. Roqueiro, pagodeiro, metaleiro, sertanejo, emo, etc. Pra mim o que vale é a qualidade do som. Independente da tribo. O segredo para permanecer na estrada depois de tanto tempo é não ir atrás das ondas. Elas são passageiras. Minha música reflete tudo que me interessa na vida, não teria paciência nem vejo sentido em cantar sobre um único tema.

Serviço:
Quando: sexta (24)
Onde: Praça Verde do Centro Dragão do Mar
Quanto: R$ 45 (Pista) e R$ 65 (Frontstage), à venda na Bilheteria Virtual
Classificação: 14 anos

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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