Por Nelson Augusto, jornalista

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Depois de uma semana da meteórica passagem do baixista dos Beatles para um show impecável na Arena Castelão, fazemos algumas reflexões sobre o legado deixado pelo cantor, compositor e músico inglês, para além de sua exibição no palco.

Mesmo antes da confirmação oficial da data da apresentação de Paul McCartney na Arena Castelão, o evento musical que aconteceria pela primeira vez no Ceará era o alvo de campanhas e expectativas nas redes sociais e na imprensa em geral, na terra alencarina. A cantora Lorena Nunes fez o show McCartney In Jazz, celebrando as canções do disco Kisses On The Bottom, lançado por Paul em 2012 e o músico Cristiano Pinho disponibilizou no You Tube uma versão inusitada de Eleanor Rigby, tocada pela sua rabeca.

Quando o jornalista Alan Neto, publicou no domingo 17 de fevereiro de 2013, em sua coluna em O Povo, uma nota que continha uma declaração de Ferrúcio Feitosa, confirmando a vinda de Paul McCartney para o Ceará, e já estipulando uma possível data, os ânimos, principalmente dos beatlemaníacos começaram a se agitar.

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O furo nacional do comunicador comandante do Trem Bala ecoou em toda a imprensa brasileira e também preencheu enormes espaços em quase toda a mídia cearense, além de ser pauta de inúmeros blogs das mais variadas vertentes, de culturais a políticos, e também se tornou foco das especulações das redes sociais como o Facebook e o Twitter, e, é claro, das mensagens particulares entre os internautas. Até a confirmação das datas oficiais da atual temporada de apresentações do espetáculo musical Out There, de Paul McCartney, em Belo Horizonte, Goiânia e Fortaleza, o tema foi discutido e publicado amplamente em todos os veículos citados no paragrafo anterior.

Quando finalmente divulgaram as datas oficiais, em Belo Horizonte, 4 de maio, em Goiânia, 6 de maio e Fortaleza, 9 de maio de 2013, começaram as elucubrações, principalmente dos mais desinformados, sobre uma possível apresentação de um artista cearense na abertura do show de Paul McCartney no Castelão.

É sabido que, desde 1990, quando da estreia do astro inglês nos palcos brasileiros no Maracanã, isso nunca aconteceu. A abertura dos seus espetáculos sempre é realizada com a exibição de um documentário visual da trajetória dele, recheado com a performance de um DJ, que ilustra as imagens com seu repertório musical. Em Fortaleza tocou até Rita Lee cantando Beatles.

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Até a chegada do dia 9 de maio, a contagem regressiva era feita diariamente pelos admiradores mais ávidos, principalmente nas redes socais e nos blogs e sites especializados. Na semana que antecedeu o show, tal qual havia ocorrido quando da efeméride dos 50 anos do primeiro álbum dos Beatles, o disco Please, Please Me, o jornal O POVO publicou uma série de matérias que enfocavam a vinda de McCartney ao Ceará. Ainda no jornal impresso, registro também a série de anúncios de Weyne Vasconcelos, da WCOM Publicidade, veiculada em O POVO, antes, durante e depois da passagem de Paul no Ceará. No dia do show, na mídia impressa, é claro que os três jornais deram manchetes de capa ao fato. Destaque mais uma vez para O POVO, que numa belíssima ilustração colorida, estampou Paul McCartney numa bicicleta, fazendo alusão para a famosa capa do álbum Abbey Road dos Beatles, mencionando também o famoso fusca branco, com a placa Fortaleza 2013.

As coberturas do show também foram foco das editorias de cidades dos jornais impressos, as quais foram publicadas no dia 10 de maio. Também foram divulgadas inúmeras avaliações do espetáculo nos espaços da internet dos mesmos veículos, além de blogs, sites, especializados ou não, e as comunicações individuais dos fãs, nas redes sociais. Vale também citar as criativas charges, idealizadas pelo Clayton e o Carlus, ambas em O POVO, bem como as cartas dos leitores, como a do Deputado Artur Bruno, louvando o trabalho dos artistas gráficos.

Na sexta-feira dia 10, ao pegar um táxi para ir a Rádio O Povo CBN, participar do Sala de Conversa, ainda contaminado pela energia do show, o motorista, também empolgado com a vinda de Paul ao Ceará, revelou, “não fui, mas já vi na TV. O homem bombou. Ele é muito bom”. No sábado, com a camiseta do ídolo, ao entrar numa farmácia, a balconista me aborda, e pergunta, “você foi ao show? e emenda, “a farmacêutica daqui foi e nos contou que foi o melhor show da vida dela”.

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Quer dizer, além da exibição de Paul McCartney, a vinda dele provocou um sentimento de pertencimento até nas pessoas que, por uma razão ou outra, não puderam comparecer ao evento musical. Uma colega internauta  contou numa rede social que, em seu condomínio, numa festa no sábado passado, de tarde, “só rolava Paul McCartney, quando nas reuniões anteriores, só tocava pagode e sertanejo”.

Como a grande maioria do público que foi ao show na Arena Castelão, era realmente de cearenses, da capital e do interior, apesar de reconhecer que muita gente também veio de outros estados, creio que essas 55 mil pessoas saíram do estádio com uma verdadeira aula de música de um artista que realmente saber entreter seu grande público. Como também havia um grande percentual de jovens e crianças, estes, certamente estão imunes ao atual lixo da música brasileira, executada na mídia comercial com o baixo nível do pagode, breganejo, suingueira, forró de plástico e axé baiano.

Também por conta do aumento da divulgação da obra de McCartney, tanto de sua fase dos Beatles, quanto da sua carreira solo em Fortaleza, a Band on The Run, mais especializada em tocar canções da verve de Paul, conseguiu um contrato fixo num restaurante em Fortaleza, o que é ótimo para os fãs das músicas do eterno beatle, com mais esta opção. Os outros grupos ampliaram as suas agendas como a Sargento Pimenta e Rubber Soul, esta última alegrando o Point da Beatlemania, no Ceará, o BNB Clube da Avenida Santos Dumont, nas noites das sextas-feiras. No rádio, aumentou a audiência e a responsabilidade dos produtores do Frequência Beatles, o qual vai ao ar aos sábados, a partir das 18 horas na Universitária FM 107,9 Mhz.

Encerro, sugerindo aos educadores do Brasil que incluam em seus colégios e escolas, atividades musicais que resgatem as obras e trajetórias de grandes compositores nacionais do nível de Pixinguinha, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Lauro Maia, Assis Valente, Waldir Azevedo, Vinícius de Moraes, Jacob do Bandolim, Adoniran Barbosa, Donga, João da Baiana, Luiz Gonzaga, Tom Jobim e Jackson do Pandeiro, entre outros. Villa-Lobos fazia isso e foi responsável por ensinamentos culturais importantes para os jovens de sua época.

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Se possível, disponibilizem também uma realização que acontece desde 2010 no Colégio Santa Cecília. Trata-se do Projeto Beatles, destinado aos alunos do terceiro ano fundamental, no qual, através de pesquisas e aulas espetáculos, essas crianças se envolvem com as composições dos Fab Four, através de ações educativas com atividades de informática, inglês, história e canto.

E que agora, venha também Ringo Starr, que já agendou dois shows no Brasil no final de outubro de 2013, em São Paulo e Curitiba e que os fãs cearenses já estão atentos e pedem em sua vinda para Fortaleza, que afinal de contas já tem cacife para receber outro beatle, bem como outras atrações internacionais do mesmo nível, as quais, quando vinham para o Brasil, estacionavam no Nordeste, apenas em Recife.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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